Sunday, December 19, 2010

Mais uma GayChoice sobre o Natal


Bem-vindos ao último Gaychoice deste ano. Sim, é verdade. Por muito boas coisas que aconteçam este fim de ano vou manter-me caladinho. Mas tem um motivo que vou explicar. Antes de mais vou voltar a falar da quadra natalícia.
No último GayChoice não apresentei alguns aspectos curiosos que vão fazer figura este Natal. Uma das particularidades é o facto de o Natal este ano ser pouco doce. Pois é, com a crescente procura de açúcar vários supermercados ficaram sem o acrescento doce para as receitas e os cafés da cidade viram os seus clientes a retirar descaradamente pacotinhos de açúcar. Muito comerciantes já se queixaram às autoridades e as mesmas informaram estarem a par da situação e a averiguar os ladrões responsáveis (pois…).
Assim sendo, nas mesas da consoada aparecem bolos como o pão-de-ló de pacotinhos do café chiado ou do café esquina. Por causa do crescente de roubos muitos comerciantes retiraram os pacotinhos à descrição e colocam eles o pacote na chávena.
Se os doces estão em extinção neste Natal, para compensar a nossa necessidade calórica nesta altura, parece que estão novamente na moda os salgadinhos. Os pastéis de bacalhau e os rissóis. Todas aquelas coisas feitas em óleo ou azeite que recomendo como prevenção (do mal o menos) a que sejam bem escorridos e secos, por favor.
Sal no nosso país nunca vai faltar, porque muitas lágrimas deste mar salgado são lágrimas de Portugal e com a crise que vamos vivendo, que tanto cansa já de ouvir falar, vai dando para renovar o sal do mar. Pelo menos isso.
Que mais existe para colocar na mesa? Muita coisa. Desde o caldo verde com a relva apanhada nos jardins das Câmaras Municiais temperadas com um caldo Knorr, um arroz de pato que fugiu para o Brasil ou uma posta de bacalhau bem fininha e cheia de espinhas, que as boas postas por esta altura são mais que caras e há sempre um presunto que ofereceram o ano passado pago com cartão de crédito ou que saiu nas rifas das festas de verão.

O vinho do Porto também não pode faltar, esse vinho que é tão nosso como as províncias ultramarinas, assim como o azeite, de preferência Oliveira da Serra porque têm o maior olival do mundo que ainda se estende por Portugal.
Acima de tudo, mesmo com a crise que espalham e sentimos na carteira, penso, e esta sim é a minha mensagem para todas as pessoas que lêem o meu blog, que devem procurar estar com quem gostamos, de procurar falar. Se não puderem estar presentes, existem telefones, internets, acho que rodearmo-nos das pessoas que amamos é o mais importante. Não criar falsos sorrisos ou estar a ligar aos presentes que nos oferecem. Se não podemos oferecer, não oferecemos, não devemos esperar que nos ofereçam algo por igual. Se tivermos uma pessoa que talvez não nos seja próxima, talvez seja o momento de a vermos e mostrarmos que ela pode falar connosco que estamos prontos a ouvir. Não estamos lá com um sentido de obrigação, mas porque queremos mesmo estar. Se queremos estar sozinhos este ano, que estejamos e aproveitemos esse tempo para pensar no que nos pode tornar felizes, ou que mimos nos podemos dar. Aproveitemos este Natal para saborear a vida. Aproveitemos o Natal para lembrarmos os amigos verdadeiros, que queremos levar para a vida. Aproveitemos para estar com alguns deles. Aproveitemos para saborear aquela música. Desliguemos os televisores ou vejamos um filme que verdadeiramente nos inspire. Peguemos num livro de poesia que nos leve a sonhar ou num romance que nos faça sentir que ainda estamos vivos. Lembrem-se que acima de tudo ainda estamos aqui. Lembrem-se que somos pessoas e o dinheiro não traz felicidade, mesmo no Natal. Lembrem-se haver pessoas em situações piores que a nossa, alguns nem sequer se queixam, mas sabemos as voltas que dão para se manterem à tona. Porque havemos de nos queixar? Que no próximo ano exista mais esperança. Levantemos os olhos. Ouçamos a sinfonia dos astros e sonhemos. O mundo pode ficar pior, e depois? Que mal tem isso? Quem estiver mal que se mude. Eu não me quero mudar, pelo menos para já. A provar isso tenho a companhia destes moços na minha secretária. Ainda há coisas boas no mundo, não é verdade?

Como disse este é o último GayChoice deste ano. Lembro que prometi algo para o próximo ano e está ainda em preparação. Por isso vou encerrar temporariamente para balanço, passando pelo blog para tratar de comentários e para ir metendo alguma poesia ou coisa pequena. Volto ao GayChoice em 2011 e espero que melhor que nunca.
Lembro neste final de ano que houve muita coisa que fiz. Talvez tenha sido dos anos mais produtivos a nível de blog e por isso agradeço a todos os leitores que de uma forma ou de outra contribuíram este ano no presente blog. Me despeço. A todos… Fuck Xmas I Got the Power!
It’s a GayChoice de hoje

Sunday, December 12, 2010

Um GayChoice para a quadra do poema natalício

Ora bem, neste GayChoice de hoje vou falar sobre... Não é que queira. Aliás, detesto mesmo o tema que vou falar e não posso ser demasiado afecto à minha opinião, assim como tenho de fazer o meu retrato do que se vai passando e dar umas pinceladelas de toque gay na coisa. Por muito que não goste da quadra, vou mesmo falar do Natal!
Começo a época, ainda estávamos em Novembro. As luzinhas começaram a brilhar e a conta de electricidade a pagar pelos contribuintes começou a ser elevada ao expoente da loucura. Valha-nos que, esperemos, as despesas de estado já incluam uma parcela de gasto energético na energia desta quadra, não apenas de luz mas também de calorias a ser ingerida por um grande número de pessoas a fazer-se passar pelo Pai Natal.

Tal como as ruas das cidades deste país, começaram também as catedrais do consumo, de nome centros comerciais, a envolver-se nesta época comovente e a fazer brilhar as suas luzinhas tão irritantes e a soar as suas musikinhas de Natal que ao dia 24 já ninguém pode ouvir. Coitados dos que lá trabalham! Falando em consumo e em prendas, todos temos no sapatinho no dia 24 à noite uma enchente de presentes que a maioria dos quais são-nos oferecidos por pessoas que muito conhecem de nós e nos dão com o maior esmero o "presente" ideal. Em geral falham redondamente e segue-se após a época natalícia a época de trocas dos presentes nas lojas onde foram comprados. Por causa destas e de outras a loja virtual stupid.com lançou a lista dos presentes mais estúpidos para este ano. Aqui vai a lista:
Gorro e protector para barba e cabelo em lã;
Calendário de homens bonitos com animais bebés 2011;
Visco branco de viagem;
Mug de café retrete;
Cornos de rena cantantes;
Gravata-almofada;
Sabonete com perfume a morango em forma de caganitas;
Imans de frigorífico com ícones de IPHONE;
Bonecos para cães judeus.
Além destes presentes, esta é sempre uma altura que aparece de tudo o que se possa imaginar para confortar o nosso Natal e o tornar o mais cómodo e familiar. Que se veja o caso dos cheques oferta que uma empresa de advocacia está a oferecer com descontos para divórcios. Segundo um dos membros da empresa, não se trata de incentivar o divórcio mas sim possibilitar uma opção aos seus clientes. Eu coloco as minhas dúvidas, mas isto deve ser do meu ar antiquado. Eu vou mais fundo, se divorciar é um problema, para quê casar?
Além dos presentes e das correrias desenfreadas pelos centros comerciais, existe depois a construção e montagem das árvores de natal. Todos os anos se tenta arranjar a maior árvore de natal do mundo. Todos os anos bate records, pode ser até ao dia que uma venha a baixo e mate algumas quantas pessoas com os seus "pesados ramos enfeitados". Os pingentes são colocados com todo o primor na árvore e as luzinhas postas do modo mais apropriado. Algumas pessoas colocam guloseimas a enfeitar a árvore e outras preferem mais as jóias para acalentar as suas necessidades de luxo. Há árvores para todos os gostos, inclusivamente para todos os cheiros,valha-nos isso. Passado um mês nem metade são vistas em vasos mas antes a rebolarem pelos contentores do lixo. Eu vou usar uma das minhas plantas de casa e ser mais ecológico.
Além das árvores existe o presépio. Este ano existem presépios com roupas confucionistas e de aspecto oriental. Ou seja, até o Natal está a ser invadido pelo oriente! Para além dos presépios mais bizarros, podemos sempre ter em casa o nosso presépio tradicional. Este ano, ao que consta, a venda de presépios diminuiu, me pergunto porquê? Será por este ser um ano de crise ou por andarem a roubar os presépios das igrejas? Não têm vergonha, ao menos no Natal sejam um pouco mais ajuizados. E façam o favor de não usar as figurinhas para algumas das vossas práticas mais escabrosas que a coisa pode não correr bem e ao irem para as urgências alguém se ficar a rir na vossa cara mais vermelha que um pimento dourado à frente da fogueira de Natal.
Tudo isto é Natal!
Mas como diria o Lengendary Tiger Man: Fuck Christmas I got the blues!

It's a GayChoice de hoje.

Sunday, November 28, 2010

O Condenado à Morte (Jean Genet)


O vento que rola um coração no pátio dos recreios, um anjo que soluça preso numa árvore, o pilar de céu que o mármore retorce, abrem portas de emergência à minha noite.

Um nobre pássaro que agoniza e o travo da cinza, a memória de um olho adormecido na parede e este doloroso punho que ameaça o firmamento, descem-me o teu rosto à palma da mão.

Mais duro e leve que uma máscara, o teu rosto tem na minha mão mais peso que a jóia em dedos de um receptador quando a mete ao bolso; está afogado em pranto. É sombrio e feroz, coberto por um elmo de folhagem verde.

Tens o rosto severo: és um pastor grego. Sempre a fremir dentro das mãos que fechei. Com uma boca de morta onde os olhos são rosas e no nariz há o bico, talvez de um arcanjo.

O gelo cintilante de pudor maldoso que polvilhava o teu cabelo com um aço de astros claros, e te coroava a testa com espinheiros do canavial, que mal sagrado sabe desfazê-lo se o teu rosto canta?

Diz-me que desgosto doido te faz explodir nos olhos esse desespero tão forte que uma dor bravia e desvairada aparece, apesar do gelo que choras, a enfeitar-te a boca redonda com um sorriso sem luto?

Esta noite não cantes aos “Latagões da Lua”. Mais vale, ó garoto de ouro, seres princesa pensativa de uma torre, a sonhar com o nosso pobre amor; ou aquele grumete loiro que vigia no cesto da gávea,

Que à noite entre marinheiros em cabelos caídos de joelhos, desce para cantar na ponte a “Ave Maris Stella”; todos a agarrar no membro que salta, já entre mãos de larápio.

E para te penetrarem, ó grumete da aventura, é que se entesoam por baixo das calças os potentes marinheiros. Meu amor, meu amor, não vais tu roubar-me as chaves que saibam abrir o céu onde estremecem mastros

De onde semeais, real, magias tão brancas; essas neves que vêm cair-me na página, nesta prisão minha que emudeceu: o terror, os mortos em flores de violeta, a morte com o cantar dos seus galos! Os seus fantasmas de amantes!

Com pés de veludo que passa a rondar um guarda. Nos meus olhos profundos dorme a memória de ti. Talvez nos seja possível fugir pelo telhado. Dizem que a Guiana é terra de muitos calores.

Oh que suavidade o cárcere impossível e distante! Oh que céu nessa formosa, oh que mar e que palmeiras, as manhãs transparentes, as tardes loucas, as noites calmas, oh as cabeças rapadas e as Peles-de-Cetim.

Vamos sonhar juntos, Amor, um rude amante qualquer, tão vasto como o Universo mas todo manchado de sombras. Que saiba conter-nos a nudez dentro de albergues sombrios entre coxas de ouro, no seu ventre a fumegar,

Esplendoroso chulo modelado num arcanjo em erecção, sob cravos e jasmins que as tuas mãos de luz transportam, a tremer, ao seu flanco transtornado com um beijo dos teus.

Na minha boca, a tristeza! Amargura que se desfaz, desfaz o meu coração! Adeus vão-se embora os meus amores perfumados! Adeus colhões que tanto amo! Adeus com esta voz embargada, ó minha tora insolente!

Não cantes mais, garoto, deixa em paz essa canção de apache! Sê menina de garganta pura e radiosa, ou se nada temes o menino musical que em mim morreu muito antes de o machado me tocar.

Menino de honor tão lindo coroado de lilases! Chega-te à minha cama, deixa que este membro a levantar-se vá bater à tua face dourada. Ouve, que ele fala contigo, do teu amante assassino, de gesta a brilhar em mil estilhaços.

Diz a cantar que tinha o tem corpo e o teu rosto, o teu coração que as esporas de um cavaleiro maciço nunca saberão abrir. Ter a perfeição dos teus joelhos! O teu pescoço ameno, a tua mão suave, ó miúdo ter a tua idade!

Roubar, roubar-te o céu salpicado de sangue e fazer uma obra-prima com todas as mortes colhidas ao sabor de campos e sebes, mortes fascinadas a preparar-lhe a morte, o céu adolescente...

As manhãs solenes, o rum, o cigarro… As sombras do tabaco, do cárcere e dos marinheiros vêm visitar-me a cela por onde me arrasta e estreita um espectro assassino com a braguilha cheia.

A canção que atravessa um mundo tenebroso é o grito de um rufia chegado com toda a música, é o canto de um enforcado que enrijeceu como um pau. É o apelo mágico de um ladrão que se apaixonou.

O adormecido com dezasseis anos atrai boinas que nenhum marinheiro lança ao adormecido que enlouqueceu. A criança dorme direita, colada à parede. O outro enrolado nas pernas que encolheu.

Matei pelos olhos azuis de um belo indiferente que nunca soube compreender o meu amor contido, desconhecida amante numa gândola preta, bela como um navio e morta a idolatrar-me.

E tu quando estiveres pronto, com arma feita ao crime e máscara de crueldade e elmo de cabelos loiros, ao ritmo doido e rápido de violinos estrangula a mulher rica apaixonada pelo palmo de cara que tens.

Na terra vai surgir um férreo cavaleiro impávido e cruel, visível apesar da hora no gesto impreciso de uma velha a desfazer-se em lágrimas. Sobretudo não tremas ao enfrentar-lhe o olhar claro.

É aparição que chega do terrível céu dos crimes do amor. Criança de abismos, do seu corpo hão-de nascer esplendores que espantam, do sem membro adorável nascerá um esperma perfumado.

Rocha de granito negro sobre tapete de lã, de mão na anca, a ouvir-lhe os passos. Marcha em direcção ao sol do seu corpo sem pecado; e tu dorme tranquilo ao pé da sua fonte.

Toda a festa do sangue nomeia um rapaz formoso que ampara a criança na primeira provação. Acalma o teu susto e essa angústia nova. Suga o meu membro duro como quem suga um gelado.

Sê meigo ao mordiscar a verga que te chega à face, beija-me a tora que inchou, enfia na garganta o troço deste malho que engoliste de repente. Sufoca-te de amor e vomita com o teu ar de nojo!

Adora o meu torso tatuado de joelhos, como um totem sagrado, adora até chorares o meu sexo que rebenta e melhor te fere do que uma arma, adora esta moca que vai penetrar-te.

Vê-a, como te assalta; e se enfia pela tua alma. Inclina a cabeça ao de leve e vê-a levantar-se. Ao dares com ela tão nobre e propícia ao beijo, fazes uma grande vénia e dizes: “Senhora!”

Ouvi-me, Senhora! Morre-se aqui, Senhora! A mansão está assombrada! A prisão voa e estremece! Estamos a ir, quem acode!... Neste nosso quarto, Senhora das Graças, levai-nos ao céu!

Chamais o sol, e que ele venha ter comigo e consolar-me. Estrangulai todos os galos! Adormecei o carrasco! O dia faz um mau sorriso atrás da janela. A prisão para morrermos é uma triste escola.

O meu pescoço sem armadura nem ódio, pescoço que a minha mão mais leve e grave do que uma viúva aflora sob o colarinho sem poder tirar-te o gelo ao coração, deixa os teus dentes pousarem o sorriso de lobo.

Oh vem, formoso sol, oh vem, minha noite de Espanha, entra nos meus olhos que amanhã vou morrer. Entra, abre a minha porta, dá cá a mão para me levares ao nosso deus-dará.

Podem acordar os céus, florir as estrelas, mesmo que as flores suspirem e prados de erva negra recolham esse orvalho onde a manhã bebe, pode o campanário dobrar porque só eu vou morrer.

Oh vem, meu céu de rosa, meu açafate loiro! Vem visitar na tua noite o teu condenado à morte. Desfaz-te em sangue, mata, assalta, morde, mas vem! Encosta a tua face á esfera rapada da minha cabeça.

Nem tudo estava dito sobre o nosso amor. Nem estavam fumados os nossos gitanes. Como pode condenar-se em tribunal tão belo assassino, capaz de empalidecer o dia?

Vem à minha boca, amor! Abre as tuas portas, amor! Corredores fora desce, corre, mais ágil do que um pastor voa a escada, mais sustido pelo ar do que um voo de folhas secas.

Transpõe paredes; se for preciso anda à beira de telhados, dos oceanos; cobre-te de luz, ameaça, recorre à súplica mas vem, minha fragata, uma hora antes de eu morrer.

Os assassinos da parede rodeiam-nos de aurora na minha cela aberta a este canto de pinheiros altos que a embala, presa por cordames finos, amarrada por marujos que a manhã clara dourou.

Quem fez no estuque aquela Roda-dos-Ventos? Quem sonhou com a minha casa do fundo da sua Hungria? Que criança preguiçou na minha palha podre ao toque da alvorada e a lembrar-se de amigos?

Divaga, minha Loucura, concebe para minha alegria um consolador inferno cheio de soldados belos com torso nu, e às calças cor-de-rosa extrai aquelas flores pesadas com um cheiro que me deixa fulminado.

Arranca sei lá de onde os gestos mais loucos. Rouba crianças, inventa torturas, mutila a Beleza, trabalha as faces, e oferece a Guiana à malta como lugar de encontro.

Ó meu velho Maroni! Ó suave Caiena! Vejo quinze ou vinte ratoneiros de corpo inclinado para o miúdo loiro a fumar beatas que os guardas cuspiram sobre flores e musgo.


Uma prisca molhada chega para nos deslocar a todos solitariamente erguido acima de talos duros, o mais novo senta-se em leves ancas, imóvel e à espera de uma sagração de esposo.

E em aperto para cumprir o rito, agachados na noite os velhos assassinos extraem de um pau escuro a centelha de fogo que rouba, activo, aquele rapazinho puro e mavioso, mais mavioso do que a maviosa verga.

O bandido mais duro, de músculos polidos, todo se curva de respeito ao franzino miúdo. A Lua sobe ao céu. Acalma-se uma querela. Mexem-se as dobras negras de mistério na bandeira negra.

Como és envolto, tão fino, pelos teus gestos de renda! De ombro encostado à palmeira ao rubro, fumas. Desce-te o fumo na garganta enquanto os forçados, em dança solene,

graves, em silêncio e um de cada vez, vão extrair-te à boca, meu menino, a gota perfumada; uma só gota e não duas do fumo redondo que a tua língua oferece. Ó triunfante camarada,

terrível, invisível e maldosa divindade! Continuas impávido e cortante, de claro metal, só a ti próprio atento, fatal distribuidor arrebatado nas malhas da rede suspensa que está a cantar.

Tens a delicada alma para além dos montes, a acompanhar na fuga mágica um evadido do cárcere que morreu com uma bala nos pulmões no fundo de um vale, sem pensar em ti.

Sobe, meu lindo, pelo ar da lua. Pinga-me na boca, meu Amor, um pouco desse esperma grosso que escorres da garganta e me chega aos dentes para nos fecundar adoráveis núpcias.

Cola o maravilhado corpo contra o meu, morto que ele anda por enrabar o mais suave e meigo dos patifes. E enquanto apalpo, seduzido, os teus loiros colhões, o mármore preto desta verga vai chegar-te ao coração.

Vê como ela se levanta do ocaso em fogo que vai consumir-me! Já não tenho muito tempo; se és corajoso vem, sai dos teus pântanos, dos teus mangues, da lama onde fazes rebentaras tuas bolhas.

Almas de quem me foi assassinado! Matai-me! Queimai-me! Como um extenuado Miguel Ângelo esculpi a vida; mas a beleza, Senhor, sempre a servi com o ventre, os joelhos, as mãoss rosadas de alarme.

Os galos da capoeira, a gaivota gaulesa, as latas do leiteiro, um sino no ar, um passo no cascalho, a janela branca e luminosa, são o luzente alegre da prisão de ardósia.

Senhores, não tenho medo! Caísse-me a cabeça na serradura do cesto onde estivesse, meu querido, o teu rosto branco, e para mais sorte na tua graciosa anca ou, para maior beleza, no teu pescoço…

Cuidado, rei de tragédia com a boca entreaberta! Que eu vou chegar aos teus ermos jardins onde estás muito direito, entesoado e só, dois dedos erguido, cabeça coberta por um fino véu de algodão azul.

Por um delírio idiota vejo o mais perfeito dos teus duplos! Amor! Canção! Minha rainha! Um espectro-macho será o que vislumbro fora deste jogo, na pupila clara com que me examinas do estuque da parede.

Deixa esse rigor, deixa a tua alma cigana entoar matinas; concede-me um beijo, que seja… Meu Deus, ainda me vou desta sem poder apertar-te, uma vez na vida, de encontro ao coração e à piça!

Meu Deus perdoa-me, porque pequei! As lágrimas da voz, a febre, o sofrimento, a dor que é voar das belas Terras de França não bastam, Senhor meu, para me deitar trôpego de esperança

nos teus braços perfumados, nos teus castelos de neve! Senhor dos sítios escuros, ainda sei rezar. Fui eu, meu pai, que gritou um dia: Glória no mais alto ao deus que me protege, Hermes de macio pé!

À morte peço a paz, os prolongados sonos, o canto dos serafins com perfumes e grinaldas, anjinhos de lã com samarras quentes, e espero noites sem luas nem sóis, em campos imóveis.

Não será esta manhã que me guilhotinam. Posso dormir tranquilo. No andar de cima, o meu querido preguiçoso, a minha pérola, o meu Jesus, acorda. Vai bater-me com a botina dura na cabeça rapada.

Parece que ao lado vive um epiléptico. De susto, a prisão não prega olho na treva de um canto fúnebre, se marinheiros no mar vêem avançar os portos. Os meus dormidores vão fugir para outra América.

Friday, November 26, 2010

Manifesto contra o estado de tristeza geral (um excerto)

A propósito da greve geral de 24 de Novembro recolhi um manifesto do pessoal da cultura (atenção, não chamo pessoal num mau sentido mas de forma próxima) junto ao Teatro D. Maria II que estavam a distribuir uns folhetos referentes à sua insatisfação pelos cortes orçamentais elevados que a cultura tem sofrido. Ao contrário do que muitas vezes me acontece, deste vez peguei no folheto e li. O início agradou-me e aqui o deixo para vocês.

"Imagine-se um dia sem arte nem cultura. Imagine-se que durante um dia inteiro o país fica sem teatro, sem cinema, sem livros, sem música, sem rádio, sem concertos, sem exposições, sem televisão. Imagine-se um dia um país emudecido para não gastar palavras, parado para não gastar ideias e emoções. Que género de vida defendem os que acham que a cultura é «desnecessária»?

[...]

Apertam-nos o pescoço. Tiram-nos o ar. Falam-nos de austeridade, de contenção, apelam ao nosso sentido de sacrifício, ao culto da Tristeza Geral. Insistem na ideia de que «é preciso sofrer para atingir uma recompensa futura», mesmo quando não se saiba que recompensa é essa e para quando."

O texto apresenta mais outras informações, como o corte em 25%, estou a falar de um quarto, dos subsídios. Este blog é pouco dado a questões políticas, mas ao mesmo tempo nele algo pega na cultura. Além disso sou uma pessoa que gosta de assistir a espectáculos, filmes, ouvir música. O facto de muita gente não poder exercer esta actividade condiciona em muito o que se pode vir a fazer. Desta forma não será de estranhar que ao irmos ver um espectáculo daqui a pouco tenhamos de pagar um valor exorbitante.
De qualquer maneira lembremo-nos que mesmo assim a cultura irá sobreviver porque sempre foi feita de rebeldes que lutam contra os que a querem sufocar. Não é de hoje, já vem de há vários séculos. Muitas foram as perseguições feitas a pessoas que escreviam, representavam, cantavam, lembremo-nos que inclusive tivemos uma música que foi o mote de uma revolução...
Lembremo-nos que estamos em situação grave a nível económico. Que as coisas estão a ser mais difíceis, mas, uma palavra de esperança, não é por isso que vamos parar de escrever, de publicar, de falar em público ou de cantar. Talvez tenhamos de repensar como o fazemos. Assim como os governantes têm de pensar o como lidar com a cultura. É a isso que apelo, uma reflexão e diálogo de parte a parte.
Sei ser difícil para os actores pararem a sua carreira, a sua arte, o seu trabalho. Não é isso que eu coloco em questão, mas o pensar em como o fazer. Faço deste meu manifesto um manifesto contra a Tristeza Geral no sentido de todos lutarmos, sejam ou não actores ou pessoal ligado à cultura, contra uma tristeza. Lutemos contra a nossa cada vez maior depressão e olhemos para o céu que pode estar mais encoberto por cinzentas nuvens e pensemos: "Eu estou para além destas nuvens, acima de toda a chuva, eu não me molho, EU POSSO, EU QUERO."

It's a GayChoice de hoje.

Thursday, November 25, 2010

10 Livros, Um Autor: Pedro Chagas Freitas

No próximo sábado dia 27 de Novembro de 2010 a partir das 18h no Fiéis ao BAR do Rio (Cais Sodré, Lisboa)vai decorrer o lançamento de dez livros de Pedro Chagas Freitas. Os livros serão apresentadoos por Alberta Marques Fernandes, Paula Castelar, Maya e Carlos Alberto Moniz. A entrada é livre.

Divulgo este lançamento por ser de um escritor que tenho lido o blog e tenho gostado do que tenho lido. Umas vezes mais que outras (não podemos agradar sempre e o mal de quem escreve é este) e como me fizeram o convite para comparecer assim o farei.

Muitos parabéns a ti, Pedro. Até sábado!!!

Tuesday, November 23, 2010

Obscuro amor - Poema sobre um amor proibido


De ti amo perdidamente os olhos
fontes de luz corujas meias com a deusa
e têm tamanha sabedoria e engenho
de roer de inveja Pala Atenas de Aquiles
protectora.
Tuas pálpebras adormecem no carinho
de uma pupila de Ágata sentida
dos deuses presente.

De ti amo loucamente o nariz
sua curvatura um qualquer São José
aplainou e passou a fina lixa
a roubar-lhe todas as suas texturas
e imperfeições.
E Miguel Ângelo de cinzel e maço
das mãos esculpiu na pedra teu grão
primor.

De ti amo amargamente os lábios
carnais músculos de Afrodite
protegidos com o fogo da paixão
do Ares vermelho e como é larga
a sua traição.
Apolo os temperou da música
que nas esferas tem divino lugar
com prazer.

De ti amo isto, de ti aquilo
De ti outro isto mais
E quantas mais pessoas vejo
Mais tiras do corpo amo e quero
E para as cozer tenho linha
E o desejo em fazê-lo é um mar
E minhas mãos são escravo
A vós todos amo perfidamente.

Saturday, November 20, 2010

Balada a um Marinheiro


A ti que nunca me viste senão por detrás de umas grades cheias do musgo do tempo e que me visitas pelas noites de insónias a convidar-me para uma partilha de emoções que nunca soube escutar,

A ti que diante dos templos de pedra onde vou em peregrinação e que aguardo pela vinda de um anjo sagrado pelas asas da noite a mostrar-me o meu verdadeiro corpo que não consigo ver senão através do seu beijo tão misto de sensações,

Chamo por não conseguir mais saber que dizer diante das imagens de espectros que me cercam dia e noite a aguardar que a minha vida seja deitada para baixo com todos os seus aromas de jasmim.

Um triste marinheiro compõe a sua boina junto do cais e eu o observo, sinto a minha vida a sofrer o grande revés com os sentimentos em luta por um momento a se revelar no mais íntimo de mim mesmo e que eu tento anular.

Ao aproximares-te de mim a tua mão de anjo pousa no meu coração como uma farpa tremente que remói tudo o que encontra à sua passagem e camufla as minhas entranhas numa pasta de morte.

A faca com que me dilaceras é mais que dor, é mais que paixão, é um sentido sem sentido que ignoramos e largamos no chão. A tua faca é mais que um ardor e que um desejo, mais que tudo

A tua faca é um instrumento de assassino que caminha sem saber por onde e pousa a sua mão numa coisa que acha dele. A tua faca é uma faca ardente por ardente vida a consumir e que guardará para si.

O marinheiro-anjo aproxima-se das minhas sombras para lhe dar um pouco de sal que trás do mar. A camisa que trás sabe a algas e o aroma que se liberta da pele tem o cheiro de marisco e ostras mais finas,

Os seus cabelos, como caracóis alourados, trazem as lembranças do passado que vivemos lá bem para trás e das voltas que demos nos imensos parques cheios de mato e ervas para rebolarmos.

A sua camisa vem engomada pela mulher que lhe trata da roupa e que outros serviços te presta. Foi ela que me apresentou a ti e disse que era para de ti tratar bem, mas bem se esqueceu de te dizer para me tratares bem.

Desde o momento que te conheci as minhas unhas cresceram e os meus olhos incharam, as minhas veias e artérias se insuflaram com todo o sangue que posso arcar no meu corpo e tudo o mais que consigo produzir.

Desde que te conheci que o meu corpo está a ponto de explodir com os músculos a incharem de modo perturbante e os meus olhos vêm apenas fúria na sua frente e tremem a cada passo e gritam pela presença de Beatriz.

Essoutro teve mais sorte que eu por ela o encaminhar para fora do inferno nas mãos de um poeta, eu não o posso fazer sequer nas mãos de um proxeneta porque me isolei na minha transformação num casulo feito de teias de aranha.

Caminho como um condenado que anseia por mais amor e lho recusaste por teres de ir para longe. Sempre para mais longe... Parece que não há ilhas mais distantes que as ilhas do mais puro amor e é para essas que eu quero seguir viagem contigo!

Parece que como a outra mulher terei de exigir a tua presença nem que seja morto numa bandeja para libertar-me do meu pecado com a minha morte mais verdadeira senão morro de desejo.

Parece que tenho de seguir nalgum porão como um rato ou uma barata de Kafka para te ter mais perto porque as cartas que mando não chegam ao destino e eu sofro por uma resposta.

Parece que mais nada tenho que me impor diante de ti sem roupas e forçar o teu pénis a levantar-se do Hades para se lembrar da voz de lira que sopra do meu corpo e não mais se quer calar nem indo ao inferno te buscar.


Parece que me esqueceste como tudo o que fazes e apenas ao encostares a este cais vens ter comigo para que te diga que estou aqui e podes sempre contar com o meu amor eterno.

Parece que vou sempre morrer eternamente por amor como uma tortura de Prometeu sem que nenhum Hércules me venha libertar por pena dos próprios deuses pois eu a nenhum humano ensinei o fogo mas o descobri dentro de alguns.

Friday, November 19, 2010

Um GayChoice sobre a Cimeira da NATO

Como anda a pacata cidade de Lisboa nestes dias. São atentados, ameaças de bomba, polícia por todo o lado... ai os polícias!...Tanto homem vestido de azul escuro com algemas, com bastões e outras coisas mais que nos lembram as fantasias sexuais de certas almas penadas. Decorre por estes dias a grande, a escandalosa, a manifestamente grande Cimeira da NATO. Todos os portugueses se ficam a nato com todas as situações decorridas das alterações de trânsito, com as paradas e marchas policiais, todos se fartam dos carros normalmente escuros feitos por medida para os chefes de estado, para os secretários e para todas as comitivas. Como todo o rei que se preze, sempre se fez questão de se ter um rol algo grande de entidades a apaparicar-nos as unhas. Como seria eu se fosse um rei? Também exigiria uma comitiva de pequenos moços a fazerem todos os tipos de fretes e acções, completamente empiriquitados, com trajes bem desenhados para me servirem de proveito ao olhar. Mesmo as moças que teria à minha disposição para todos os serviços seriam bem escolhidos para que outros chefes olhassem para mim com inveja.
A inveja é uma coisa muito feia... Mas não invejo os Chefes de Estado, pelo menos neste momento. Basta ver que as SCUTs, por exemplo, não estão a dar os rendimentos que seriam previstos pelo governo, por exemplo, no Norte, o valor dos primeiros 15 dias é de 3.5 milhões de euros o que dificulta o atingir os 20 milhões pretendidos no final do ano. Como se pode observar, a criação das taxas nas SCUTs era a pensar com o dinheirinho no mealheiro... pois... se calhar esta não foi a melhor escolha. Um pouco como a escolha do Rei Midas que escolheu ter as mão que transformavam tudo em ouro. O mais certo era que ele morresse a tentar comer o que quer que fosse.
Cheio de enorme aparato policial, esta manhã chegou o Cavaco Silva dos Estados Unidos. Um homem visto por muitos como um "salvador", por muitos como uma marioneta de um sistema político que as figuras dominantes são as que travam verdadeiras lutas nos bastidores da ribalta. Este senhor chegou a Portugal e aterrou pouco faltava para as 10:00H. Não entro em discussões sobre a minha opinião sobre o presidente dos "Estates". Apenas informo que ele sempre veio. Os terroristas escusam de se apressar pois há uma notícia que supostamente não vai acontecer - e esperemos bem que não, pela saúde pública. Eu tive acesso a uma informação por parte de um vidente lá do meu bairro que me indicou que Obama vai passar por uns minutos complicados durante a cimeira por uma pequena falha no sistema de segurança montado. No jantar a decorrer no dia de hoje, um dos membros da segurança pessoal de Obama terá então provado e comido com gosto uma bela Feijoada à Transmontana. Como é sabido, este prato português é bem nutrido na capacidade de produzir substâncias de carácter gasoso que se escapam pelas partes traseiras do indivíduo. Para quem não esteja informado, estes gases são altamente inflamáveis e podem mesmo desencadear reações explosivas no caso de haver uma chama por perto. Neste sentido se percebe que o membro de segurança de Obama tenha seja colocado numa câmara de quarentena. Este país é, por muitos dito como um país de paranóicos. E então em questão de termos de segurança isso chega mesmo ao ponto da doença. Esperemos que o próprio Barack não venha a provar este prato tipicamente português...
Falando em gastronomia... de referir que o presidente tão falado vai provar uma das nossas iguarias da qual nos orgulhamos de ter uma autêntica fábrica de doçaria, digna de figurar junto à Fábrica de Chocolates de Willy Wonka, só que esta não trabalha com chocolate, mas com massa folhada e com uma receita secreta para um bolinho designado pastel de Belém. Vamos a ver se será aprovado pelo "plresidente dos estates unitas". Esperemos que o aperto de não dado ao rival da Fábrica dos pastéis de nata, de nome Luis Filipe Borges, mais conhecido pelo Bóinas, não venha a ter efeitos semelhantes ao efeito borboleta e que a guerra do Iraque não sofra com esse aperto de mão...
Para além da Feijoada à Transmontana, esperemos também que as visitas oficiais a este país não tenham uma dieta de cogumelos como os tailandeses que neste país plantado à beira-mar tiveram e que os mesmos tinham substâncias que os meteram no hospital. Cá por mim deram-lhes cogumelos alucinogénicos mas eles deram em ser gulosos e o resultado foi o de precisarem de um transplante, alguns deles...
Não há dúvidas que é mesmo muito mau sair de Lisboa nestes dias... Tanta coisa a passar-se...
É o GayChoice de hoje

Mais um capítulo da epopeia erótica

Depois de todo aquele contacto resolvemos regressar para a festa onde as várias pessoas andavam aos beijos umas com as outras. Não poderia descrever tudo o que via pois é algo que supera a minha capacidade de expressão.
A minha atenção virou-se para dois rapazes, um de vinte anos e outro da minha idade, ambos loirinhos, cabelo à escovinha, o mais velho com músculos bem trabalhados e uma serpente tatuada a subir-lhe na perna em cores preta e vermelha. Beijavam-se de um modo bem intenso, como se não vissem à uma quantidade de tempo e estivessem com receios que morressem no momento seguinte. Como se os corpos se juntassem naquele abraço e os braços se misturassem sem que voltassem a distinguir-se. Os dois rapazes eram uma massa quase sem forma humana e mexiam-se como pequenos girinos no interior do ovo, ou melhor deslizavam um no outro saboreando cada ponto do outro e procuravam dar-lhe prazer. Como a maioria das pessoas naquela festa, estavam sem roupas, não só porque a paixão a isso convidava, mas o próprio tempo também. O calor era intenso e a descontracção motivada pela bebida favorecia o desnudar daqueles corpos bem trabalhados, tatuados ou não, alguns com piercings, alguns cheios de dias de bronze de praia, outros tinham-se deixado levar pela tesão do instante, alguns massajavam outros, alguns bebiam, alguns conversavam, alguns passavam as mãos pelos pénis seus ou de outros, outros passavam as mãos por nádegas.
Os dois espojavam-se na borda da piscina com esse intenso abraço. A mão direita de um passava pelas ancas curvas e deslizava um pouco pelas pernas logo abaixo, com trabalho solar nítido. A mão esquerda do outro agarrava a nuca do outro e acariciava a parte de trás da cabeça, forçando-a ao contínuo beijo. As pernas do tatuado estavam enroladas nas pernas do outro rapaz e as suas nádegas se abriam a um perfeito show de exibição sensual para quem os visse. Não sabia dizer se eles estavam tesos ou não, mas eu achava que sim e isso provocou-me uma reacção inesperada de tusa imediata. Nunca me tinha visto numa situação de voyeur, por isso senti que era uma oportunidade interessante de admirar e apenas me sentar em algum sítio a apreciar enquanto me masturbava.
Estavam deitados de lado com uma esteira por baixo de cor verde. Estava salpicada de gotas de água, assim como eles, com vestígios de já se terem beijado no interior da piscina. O rapaz da serpente subiu uma das pernas quase até ao ombro do outro, mostrou-me que os dois estavam bem tesos e que o pau deles era bonito, sendo a forma de cada um diferente. O mais novo tinha um pénis curvo circuncidado e o pénis do outro não era circuncidado direito, mas um pouco maior. Quase se enlaçavam como jibóia em torno do tronco de uma árvore, pareciam que se completavam. O buraco do rapaz da serpente dava quase vontade de me juntar a eles e o penetrar com toda a força. O seu interior se abria de forma provocante e fechava, quase como se estivesse a dizer “vem comer-me”. Quase parecia falar. O mais novo desceu a sua mão para este olho e deslizou o dedo do meio para o interior e logo vi o outro a soltar um pequeno gemido profundo quando lhe entrou alguma coisa por trás.
O rapaz das tatuagens virou-se para cima do outro para o deixar de barriga para cima e de joelhos foi um pouco mais para cima para que o seu rabo ficasse junto da língua do outro. Podiam eles estar a mostrar-se bem provocadores, exibindo a tesão que os dois tinham em posse. Exibiam os dois paus apontados para cima com as suas veias cheias de sanguínea paixão elevada ao expoente do sexo entre dois machos. Os dois deslizavam no prazer um do outro como refúgio último da sua paixão no momento. O rapaz de joelhos deu uma volta e pôs-se a mamar o objecto do seu desejo e que ali se achava também ele desejoso de possuir algo cujo dono era ele mesmo. O rapaz deitado de costas deslizava a sua língua entre o cú e o pau do outro. O seu dedo, bem irrequieto também fazia das dele entrando e saindo do sítio que mais tarde haveria de ser seu e a sua mão inteira se fechava para acolher o pénis do seu adversário.
Tudo o que via me parecia quase uma dança cheia de sensualidade e desejo. Os pequenos passos e deslizar de carnes e os encontros e desencontros entre as duas peles diferentes marcavam os compassos de um ritmo feito de sentimento carnal. As fibras dos músculos cansados agitavam-se euforicamente para reforçar a tesão. Os olhos dos dois por vezes se abriam, mas sempre se achavam alheios ao sítio onde estavam, àqueles que os olhavam, apenas se viam e ao seu par para voltarem a fechar com a força do prazer. A boca não tinha descanso e a língua saía da boca e se via a lamber e agitar-se, a dar o que pudesse a uma outra pessoa de estímulos excitantes, a descarregar mais umas hormonas sensuais, a subir a temperatura do beijo, a rebentar os poros com o acumular da fervente paixão, o aumentar da tesão que era bem grande.
A pila do rapaz mais novo sofria mais um ataque pela boca gulosa do gajo da serpente, como acometido por um pecado mais que original, um pecado ímpar. A língua dele como uma patinadora deslizava da base do pénis em corrida lenta e quente até à cabeça. Como a curva do pénis dele fazia-o apontar para o umbigo, quando a língua continuava o seu arrastar, o da tatuagem encurvava também o pescoço e o buraco de trás abria mais com isso. A língua dele agora tocava quase sem se notar na cabeça desnudada do pau e por vezes soprava um pouco. Bem posso imaginar o prazer que dava aquela carícia do vento frio a bater na saliva que tinha ficado naquela ponta avermelhada do mastro masculino, a sensação semelhante a uma massagem. E o buraquinho do pénis ia-se abrindo e fechando largando também ele um pouco de líquido que era logo vertido pelo resto do membro. A atrevida língua agora separava delicadamente os músculos que fechavam aquele buraquinho do pau e com um pequeno juntar dos dentes descarregava mais um pouco daquela sensação de dor-prazer tão particular.
Aquele rapaz parecia que estava quase a sofrer um ataque ou a entrar em transe, tal era a intensidade com que mamava o traseiro do seu parceiro. O ar quase lhe faltava no respirar, a cor das faces avermelhara-se, o sangue corria-lhe nas veias a uma velocidade vertiginosa, intensamente, como a força de uma cascata depois das chuvadas de inverno. A força do seu corpo era colossal ao suportar não só o peso do outro, mas a tesão que tinha gerado no interior, pronta a funcional como uma bomba atómica. A testosterona era descarregada em doses excessivas e as palmadas no coiro das nádegas do rapaz da tatuagem-serpente eram disso uma mostra. À semelhança da face do mais novo, o traseiro do mais velho avermelhava-se dos choques com a mão do opositor. Uma junção entre dois homens é uma dança violenta entre dois senhores em luta por uma posse… uma dança sensual, mas sempre com uma violência muito particular. As dores misturavam-se com os prazeres, os demónios de ambos que nos afectam o cérebro devem ser os mesmos e por vezes se achem baralhados e misturem os canais dos dois e sintamos dor com prazer ou um prazer com dor.
No pau do rapaz mais novo havia uma garganta a chupá-lo como um gelado naquele quente verão tão apetecido. O sabor da baunilha feita testosterona mal era sentido perante a avassaladora enchente de paixão. As vértebras do pescoço se abriam em ângulo como as páginas de um livro ou de uma máquina fabricante de escravos da masculina tesão. Os lábios subiam e desciam como uma melodia cujo ritmo vais subindo e descendo segundo uma partitura muito particular cujo maestro não se acha definido, mas que no quadro completo daqueles dois se vê estar em harmonia entre eles. Ora sobe, ora desce, como uma valsa num ritmo muito regular e arrastado, ou como uma salsa, mais rápido e quase maquinal, ou como um tango cujo ritmo é incerto mas profundo e cheio de abruptos altos e baixos violentos ou mais suaves, com compassos de silêncio e outros profundamente sonoros dos gemidos dos dois numa ópera em caminho do orgasmo.
Uma enfermeira-mão por vezes ajudava ao fazer certos movimentos, ou a agitar o pau para os lados enquanto a boca estava aberta um pouco mais larga que o pau servia de sino e o pénis de badalo a tocar uma agitada precursão. Depois o trabalho de túnel da boca se fazia novamente sentir, carregando aquela arma.
Eles se entretinham em movimentos cada vez mais empolgados. As suas peles confundiam-se e os corpos se enrolavam no leito verde da relva da luxúria. As bocas de ambos vagueavam por cada recanto e um deles, o das tatuagens, abriu as pernas para que o mais novo lhe saboreasse tudo o que havia no meio das coxas. Misturava-se saliva com a lambonha que lhe saía do caralho num caldo apaixonado. A cobra mortífera gritava pela sua excisão dos infernos e caminhava em direcção ao centro do prazer do rapaz mais novo. O mais novo lambia-lhe tanto o pau como os tomates, tanto os testículos como mais abaixo. A mim ia-me revelando as inocentes partes frágeis do ânus que se mantinha aberto à mais vil das seduções. O próprio ânus dele também abria e fechava a gritar por auxílio e o tatuado logo se prestou ao trabalho. Os dois se engalfinhavam numa azáfama masculina e ternamente suada.
O tatuado olhou-me e fez que não me viu. Decidiu-se a tornar-se ainda mais provocante e colocar o mais novo de costas para o chão e erguer-lhe uma das pernas até ao seu peito. Chupou-lhe cada dedo do pé e aprontou o seu mastro para a caverna de prazer. O rapaz gemeu. Sentia-se mais que excitado. Os seus olhos choravam algo parecido ao que lhe saía do mangalho pelo roçar do pau do outro nos mais internos cantos da abertura. Ele fez de propósito para que o visse a penetrar com todos os detalhes e chegar mesmo a sentir um pouco da pele a entrar em conjunto com o pau encapuçado dele. Cheio de gemidos, ele puxou o corpo do amigo para ele servindo-se da perna como mola para auxiliar o ritmo. O mel da sua voz era como uma música de Apolo para os meus ouvidos. Os minutos de excitação mútua passavam em compassos cada vez mais apressados com as ancas a baterem e os tomates do activo a baterem nas nádegas do mais novo.
O pau do tatuado entrava e saía para depois voltar a entrar. Tirava-o mesmo todo de fora para o fazer sentir a gemer o passar o mais largo da cabeça do pénis e o voltar a tirar como uma superfície com ondulações. Como ele estava! A cara dele lembrava a de algum santo a entrar em êxtase em alguma catedral celestial a ser penetrado por espadas divinas. A do tatuado era de uma completa violência carnal casada com o sentimento de apego emocional. Os dois transpiravam suores de sentimentos. Os dois se camuflavam num único corpo.
Ele saiu de dentro do mais novo e deixo-o deitado no chão. Colocou as suas pernas de tal maneira que se preparava para deixar entrar dentro de si aquela pequena torre de marfim com duas pérolas das mais finas ostras. Alargou a anca. Com as mãos afastou as nádegas. O rapaz com a mão erguia o mangalho para o céu à espera que aquele anel entrasse no domínio da sua esfera. Deixou-se ficar sossegado. Em poucos segundos era abruptamente perturbado pela avalanche de lamas do cu do tatuado com os fluidos dos minutos passados a serem lambidos e mamados. Também ele queria ser bem fodido. Ele erguia-se para o céu e descia ao inferno e para voltar a subir num ciclo que não tinha fim. Tão sagrado seria esta foda entre os dois se fosse vista como o mais puro dos encantos.
Eu mantinha-me quietinho naquele recanto. Mas minhas mãos deslizavam pela glande e pelos tomates e desciam mais um pouco para manipular os beiços de baixo. Não os tenho como os de uma gaja, mas mexer no olho do cu, deveras me excita. Vou deitando saliva nos dedos e continuo a mexer. De vez em quando aperto um pouco os mamilos numa excitação muito particular. Queria-me vir, mas não sem os outros se virem também. Queria partilhar da minha acção espiatória com eles. Estava com uma tremura tal que me estava a vir, mas com uma certa habilidade pressionei com o dedo o canal junto ao ânus por onde vinha o jacto pronto a sair. Continuei a bater uma para que me viesse segunda vez.
Os outros dois estavam completamente absortos nas suas actividades sob o meu olhar penetrante. Decidi que não me iria meter com eles, além do mais um deles não me tinha convidado apesar de me saber estar a vê-los. Continuava ele a ser penetrado. Rodou como as hélices do helicóptero para ficar com a cara virada para o rapaz. Os dois continuavam a olhar-se com desejo cada vez mais crescente para a explosão apoteótica. Beijaram-se e eu percebi que eles se estavam para vir e também eu me apressei.
O tatuado colocou-se de quatro e continuou a estimular a sua verga enquanto o mais novo se estava a preparar para vir. Em poucos minutos o fluxo do leite espesso se fez sentir no ânus dele a escorrer como visco das árvores e o dedo indicador do mais novo deslizou de seguida em redor do buraco até o seu par se vir para o meio da relva. Eu também me vim com os dois a olharem-me. Ao fim ao cabo, estivemos os três em companhia mesmo que distantes.

Wednesday, November 17, 2010

Obscuro amor - Um quadro com um anjo 3


Antes da luz houve o caos. Depois da luz há a escuridão. Um corpo se contorce na escuridão da noite. Apercebo-me que nunca possuirei aquele anjo seja de dia, seja de noite. Nunca será meu. As esperanças fundadas num sonho não são mais que esparsa bruma. Diante de mim um corpo divino se torna carne humana e espera ser devorado pelos homens. O seu olhar para mim petrifica-me a razão e deixo de poder raciocinar como que possuído por algo semelhante a uma paixão e ao mesmo tempo vil sedução ao pecado. mais não sou que seu escravo. Diante de mim aquele corpo grita fortemente e expira-se da essência do seu deus. Foge ele dos altos para o mundo cruel como eu. Fica mortificado por uns tempos antes de o sei olhar ir de encontro ao meu e me ordenar "Liberta-me!" Obedeço. Ele agarra-se ao meu corpo com um desejo carnal mas eu exclamo: "Eu não te amo!" A sua esquerda mão levanta-se e ameaça apertar-me o pescoço. Solta-me e ele diz de forma maldosamente calma: "Como tu nada vales! O teu pecado é esquecido por Deus e lembrado pelo demónio que sou eu." Diante de mim aquele corpo afastar-se-á para o mundo e para os antros de paixão. Não o conseguirei acompanhar e sinto o remorso de ter-me em dado momento apaixonado por aquele deus de beleza e ao mesmo tempo cheio de uma imortal maldade com a sua queda. Sinto que também eu caí de certo modo. Que eu, como assassino de um anjo, como o causador do seu grito de afastamento ao seu deus, sou também pecador por cometer um crime de paixão mais forte que qualquer lei divina.

Sunday, November 14, 2010

Obscuro amor - Um quadro com um anjo 2


O relógio deu a meia-noite. Ouve-se o cantar de monges. Pode-se sentir o olor do incenso que ditam as palavras sagradas de oferta ao Deus-Menino. O Deus-Menino que não se quis deus-homem, mas homem completo ou talvez um homem-deus que tinha uma semente divina. Ao elevar-se a hóstia ouve-se um grito. Uma voz troante pede clemência. Logo se deixa de ouvir. O que se ouve é o silêncio da morte, prévio ao choro. Todos se entre-olham sem perceber o grito. O grito do anjo.
Em estranho dialecto, entre a língua divina e a língua humana um grito se ouve no ar enquanto na missa o padre procura retomar a calma para que o ofício sagrado continue.
A vela sempre acesa apaga-se. O livro começa a sangrar. No cálice uma boca chama por alguém e sons profundos e infernais ecoam por toda a catedral. Todos se assustam. O padre não sabe como continuar. Ele pede para todos rezarem mais fervorosamente. As vozes confundem-se. Alguém diz no ar que tem frio. Alguém diz que tem fome. Alguém diz que ama alguém. Outra voz diz que quer viver. Outra pessoa grita como uma criança louca. Ninguém sabe onde encontrar a sua calma. As paredes da catedral encerram as portas para que ninguém saia e na rua a chuva cai sem parar acompanhada da melodia das varas de Zeus zangado.
Ele se precipita do céu eterno para a nossa mortalidade.

Friday, November 12, 2010

Obscuro amor - Um quadro com um anjo


O anjo sangra pendurado junto ao relógio da catedral. A noite se avizinha. É a noite de Natal mas ninguém adora o anjo que abandona a luz e se precipita no abismo da mortalidade. O ex-divino ser geme pelo seu corpo ensanguentado e mal tapado por um farrapo. As correntes, presas a dois arcobotantes enrolam o lamento do anjo que cai como a escuridão. Trinam as lamúriase suam as lágrimas dos seus olhos. Os meus olhos presenciam o seu olhar de inocente mergulhado no mundo onde há muito não habita.
Os meus olhos, e apenas os meus presenciam tudo isto sentado como um bandido com os braços tatuados pelos meus pecados escrito no mais satânico dialecto. Nas costas se esboçam caracteres hebraicos de um cabalístico texto e do meu coração jorra sangue para o meu ventre cheio de furor sexual puro sem sentimento. É a marca da ferida eterna da minha mortalidade. Quem presenciou o meu crime foras as estáticas e assustadas gárgulas que pretendiam gritar sob o seu pétreo olhar esbugalhado com os seus corpos a querer sair da pedra e as bocas procuram gritar o assassínio - ou suicídio - e o ritual sanguíneo escrito no mais puro latim em hemácias de um amor não presente, mas quem sabe, talvez, futuro.

Tuesday, November 02, 2010

Gelados e Ginásios no GayChoice de hoje

Sei que tenho andado meio desaparecido... Um pequeno problema de saúde colocou-me uns quantos dias na cama nos momentos que andava fora do trabalho e o regime alimentar que tive de seguir à risca impediu que andasse com ideias para andar a divulgar por este blog fora. Ora bem, cá estou eu de novo, fresco e fofo como o pão que anuncia na televisão... ou mais.
Uma das coisas que fiquei muito desagradado com o ter andado doente foi o facto de não poder deslocar-me ao ginásio para fazer todo aquele conjunto de exercício para explodir a minha carga de testosterona e lembrar que ainda não tenho aquele músculo como quero e aquele outro está a ficar lindo. Pois, os problemas gastro-intestinais dão para isso, uma fraqueza geral, comida quase sem sabor e muito pouco apetite fizeram que em poucos dias perdesse um poucoxinho do meu peso. Um dia com estas coisas desapareço.
De qualquer maneira retomei os meus dias de ginásio esta semana que passou com grande alegria e também com grande alegria vimos nestes dias o orçamento de estado ser aprovado e todos os contribuintes portugueses que lêem este blog virem a pagar mais pelo que cada vez menos vão ganhar... é da crise, dizem uns...
Voltando ao ginásio que é por lá que quero começar. Para muita gente que vejo frequentar aquelas máquinas, o trabalho de esculpir e trabalhar cada miócito (é o nome das células musculares) e tendão, as horas gastas a correr e levantar pesos, é um conjunto de exercícios que se querem para reduzir o peso que se tem a mais. Para muitos outros é o trabalhar para aumentar o peso sob a forma de massa muscular até limites quase sobre-humanos. A verdade é que se cria um espírito de companheirismo no ginásio que de certo modo facilita o "vício do ginásio" que se costuma falar. Para outros as idas ao ginásio é uma forma de passar o tempo a olhar para os corpos que se queria ter.
Em alturas do Renascimento, Miguel Ângelo esculpiu uma estátua enorme num bloco de mármore que outros artistas haviam rejeitado e criou um dos símbolos da estrutura perfeita para muita gente do corpo masculino. Símbolo da escultura do renascimento, David é considerada também o ideal de corpo que muita gente gostaria de ter e o rapazito que queríamos guardar numa prateleira e ter sempre à mão.
Para algumas pessoas, no entanto, estas linhas corporais não chegam e preferem mais um estilo à Hulk ou Conan onde cada músculo é como se fosse um balão que se quer bem cheio. Nestes casos, os adeptos passam por uma viciação não apenas nas idas ao ginásio, como também no consumo de substâncias que aumentam os tecidos musculares... cada um suas preferências. Eu por mim prefiro continuar os meus exercícios malucos para trepar, escalar, torcer-me... muita gente olha admirada para coisas que faço no ginásio, mas que posso eu fazer... É o meu treino!

Uma coisa que todos gostamos, que os ginásios odeiam (falo como se o ginásio fosse uma pessoa que nos advertisse) e as nossas barrigas a crescer também, é dos gelados. Agora que começa o tempo frio, começa para mim a altura do ano que mais me apetece comer gelados... Falando deles e do bom que sabe comer um bem acompanhado junto a uma fogueira e com a televisão a passar um bom filme, refiro que uma marca de gelados considerou que os que produzem são concebidos de forma imaculada, como o Deus-Menino, ainda para mais estamos a aproximar-nos do Natal. Deste modo criou uma campanha publicitária que eu achei interessante e retrata uma freira grávida e dois padres a beijarem-se. As três figuras têm na mão um gelado que saboreiam de modo divinal.


Como será mais que natural, o organismo que gere a publicidade no U.K. considerou que a campanha publicitária incentivava reacções anti-católicas. Eu pergunto-me porquê? Expliquem-me como se fosse muito louro. No seu tempo o David também provocou muita polémica pelo facto de estar nu mas isso não deixou de se tornar um ícone que muita gente adora e muitas máquinas fotográficas capturam. Que os gelados sejam a nossa religião, e sejam concebidos imaculadamente e os ginásios os nossos jenoflexórios onde cumprimos as nossas penas capitais...
Resta-me lembrar que passou o Halloween e com ele estive mais o Jack que todos nós apreciamos.

Com ele me despeço e até ao próximo GayChoice

Wednesday, October 06, 2010

Obscuro amor - Um quadro algo poético


Agarro uma pena que caiu. A pena suave tem o toque da seda e transmite um hiperbólico respeito caloroso. Ontem choveram penas junto a mim. Todas elas eram brancas e sedosas. E todas elas vinham de asas majestosas. Asas de alguém que amei e não escondi e, de tanto desejar, o desejo incerto da outra parte se fez cair na face real do mundo. A goma que unia as penas brancas e sedosas caiu no chão como sangue divino a escoar a imortalidade do ser que amo. Eu prendi com correntes que o sol não há-de ver, os braços daquele que amo e fiz que os rios da essência divina escorressem qual porco pendurado a sangrar. A sua cara tinha o abatimento do sofrimento e a alegria do final no penoso caminho. Hoje vejo bem, mais valia a esse anjo fazer como os navegadores de Ulisses e não ouvir o meu canto para não ter de sofrer as amarguras e a fragilidade de um amor tão curto, tão efémero.

Monday, October 04, 2010

Pink Washing - vamos lavar a roupa suja


Pode parecer que me vou dispor a falar de algum produto para lavagem de roupa. Até poderia falar, mas o assunto não é para pensar rosa e esquecer as nódoas; ou melhor, até pode ser mas não no contexto de roupa. Assim sendo vou iniciar a minha explanação falando mesmo de detergentes.
Todos somos diariamente confrontados com anúncios violentos de marcas de detergentes em que um faz aquilo, outro faz isto, outro é mais barato e tão bom como os outros,... a escolha num supermercado é sempre complicada e os anúncios televisivos massacram os nossos olhos. Detergentes e mais detergentes. Restos de uma civilização que serão depositados nos rios, nos lagos, nos mares. Mas não é sobre ambiente que vou falar.
Em Abril deste ano aconteceu que em São Francisco no âmbito do Jewish Film Festival, foi apresentada uma série de filmes israelitas para o Mês do Orgulho Judeu (afinal não são só os gays que têm Prides...) e que a maior parte dos mesmos se centrava na temática homossexual em Israel. A verdade é que a maior parte destes filmes terem sido apoiados pelo governo israelita.
Um caso idêntico se passou no Festival Queer de Lisboa, onde o grande patrocinador do evento foi a Embaixada de Israel. Durante o evento houve quem se manifestasse, mas toda a manifestação foi como que "branqueada" e não publicadas opiniões sobre o assunto.
O termo "pink washing" aparece então associado a estes dois eventos. Israel, como a única "democracia" do Médio Oriente, são ideologicamente gay-friendly, defensores dos direitos das mulheres, assim como não são fundamentalistas islâmicos. O que acontece é que, além de o estado de Israel pertencer ao Médio Oriente com uma cultura não igual aos estereótipo ocidentais, se entra numa espécie de armadilha. Israel promove a aceitação das diferenças e promove a aceitação de pessoas perseguidas, mas de modo hipócrita.
Cada um de nós em Portugal, nos dias em que se comemora a implantação da república, somos aceites enquanto gays por todo o país e não teremos (falo a nível geral) cidades onde não nos aceitam por sermos quem somos. Se formos Palestinianos, teremos de sair de uma cidade para outra de modo a sermos mais aceites, pois na cidade onde estamos não podemos viver as nossas vidas de forma digna.
No Festival Queer, a propósito dos financiamentos pela embaixada, vários realizadores retiraram os seus filmes do festival como forma de mostrar o seu desacordo por um festival que deve ter em conta os Direitos Humanos ter aceite o magnífico Bolo de Chocolate oferecido por esta entidade.
E qual o fim desta lavagem? Muito simples. Lavar nódoas, camuflar o que está mal e mostrar que são "defensores" dos Direitos Humanos. Numa opinião de um membro de organização israelita, "Israel está abençoado com uma extremamente vibrante comunidade LGBT".
Tenhamos em atenção que neste país decorre uma guerra que opõe duas raças e que no caso da forma de actuação da fracção israelita, as coisas não têm seguido muito as "normas éticas" de tratamento de um país democrático. Fica a chamada de atenção.

Os maiores cumprimentos GayChoice

Saturday, October 02, 2010

Uma escolha musical - Trip Hop

Para quem aprecie este tipo de música fica uma sugestão...

Tricky - Aftermath esta música encontra-se no álbum de estreia de Tricky, álbum que inaugura este género musical.


8MM - Give It Up


Massive Attack - Teardrop lamento mas não posso meter o vídeo original


Bel Canto - Birds of Passage um outro registo que se aproxima de Enya com um ritmo que se aproxima de disco e um tom etéreo


Portished - Numb a minha primeira conversão ao trip hop


Zero 7 - Distractions


UNKLE - In a State por sugestão de amigo


Smoke City - Underwater Love mistura-se com o jazz


DJ Shadow - Six Days


Frou Frou - Let Go não sei se é o vídeo oficial mas gostei...


Fica o GayChoice de hoje.

Friday, October 01, 2010

Obscuro amor - Poema sobre um amor proibido


vem espírito em mim
mostra as minhas mãos fechadas
com o coração do mundo a bater
vem até mim
coberto com mantos de seda negra
e perfume de almíscar selvagem
e ventre liso onde te beijo

vem espírito selvagem
trazer-me toda a fúria e ardor
e inflamar a minha pele do teu chicotear
assim como amo os teus gemidos.
vem até mim espírito
mergulhar as fortes emoções
de um beco escuro
de uma corda ou de um nó
vem até este momento
espírito futuro
saborear o que tenho a dar-te
vem espírito indomável
que calçarei as luvas de cabedal
e trarei a mota potente para que a puxes
com a tua força colossal
vem armado em animal doméstico
e eu te darei uma trela negra
para um alão dos infernos fazer de ti
uivando na noite escura
te despirei de todos os andrajos
os rasgarei a todos em pedaços
amarro-te ao poste
soldar-te-ei à minha vontade suprema
e te deitarei em pêlo
no lombo do veículo.

vem deixar-te controlar pelo meu riso
pelo bater da chibata
e o ranger dos dentes
tu que és um espírito com dono
que mais que tudo és forte
como uma barragem
e eu cruel como Némesis
e mesmo sem amor compreendido
nos vemos em portas feitas e fechadas
à nossa vontade dual comum
tu e eu somos espíritos malignos
que só vêem à luz do dia
quando a morte escura é suprema mansão
e a dor mais pura a mais refinada sensação.

Friday, September 17, 2010

Há coisas que não se percebem em Portugal... Isso não é novidade nenhuma. Se as pessoas no resto da Europa tendem a fazer uma coisa nós, para sermos, digamos, originais, fazemos o contrário. Como gosto de verificar notícias um pouco de tudo hoje chamou-me a atenção uma notícia relacionada com a economia. Se na Europa as vendas de automóveis em Agosto caem 12%, nós. portugueses, cuja dívida nacional aumenta a cada dia, aumentamos as vendas para compensar a redução. Para muita gente a situação de crise está instalada, para outros não se nota muito... Há quem se indigne com isto.

Eu não me admiro muito uma vez que em Portugal há interesse em que o maior número de carros sejam adquiridos pelo vulgar cidadão. E para facilitar as coisas vá que há estacionamentos em plena Lisboa (uns a pagar e outros gratuitos) para grande número, há créditos de automóveis para que até as pessoas que não têm dinheiro para comprar um carro o possam "comprar" ao longo da vida. Depois vêem os seguros, as multas de estacionamento, os preços do gasóleo e gasolina a subirem cada vez mais, a necessidade de imposto ambiental, todo um conjunto de situações que aumentam em muito a despesa de um veículo além da gasolina numa grande cidade.

Estamos na altura do ano em que decorrem os dias sem carros, mas os transportes públicos são tão deficientes e a dificuldade em entrar na cidade de Lisboa não são nenhumas, pelo que se pode ir de carro a nosso belo prazer mesmo nestes dias. Eu como um gay português que se preze, não tenho carro, mas tenho carta, ao contrário de muitos... são opções de vida. Eu, por mim ao adquirir um veículo continuo a preferir comprar uma mota a comprar um carro - prefiro a sensação de velocidade.

Falando de opções e escolhas, falo de uma escolha que desde sempre tem feito milagres como tem feito as maiores obscenidades: falo de religiões. E vou falar, para não variar, da cristã. O papa está em visita histórica a Reino Unido até Domingo e esta visita tem bastante de interessante tanto para o lado positivo, como para o lado negativo.

Sua Santidade indicou que a Igreja não tem estado vigilante em relação aos crimes de abusos sexuais realizados por membros do clero. Eu me questiono se não estarão vigilantes por estarem ocupados em acções escaldantes, ou se não estão vigilantes por ser uma daquelas situações que não se querem ver. As denúncias relativas a abusos sexuais por parte de membros do clero são antigas... bem antigas e apenas há menos de um ano foi reconhecida a pedofilia como um crime contra os direitos da humanidade. Demorou...


Bento XVI afirmou que a crença religiosa é uma "garantia de autêntica liberdade e respeito" esta afirmação pode ter o seu Q de discutível, mas não vou meter mais achas nesta fogueira. Esta figura pública, como vendedor de crença que se preste está numa visita que está a procurar aproximar católicos e protestantes por uma visita histórica à abadia de Westminster pretende com isso arranjar um aliado para uma nova guerra religiosa? Pode-se pensar que isto é algo descabido, mas notemos que os ateus foram correlacionados com os nazis, aspecto que pode muito bem desencadear uma nova des-Cruzada contra os fiéis devotos de Roma. Este papa realmente... começo a pensar que é uma pessoa interessante de seguir o seu percurso tendo em conta a história de vida e a acusação que está a fazer...


Se por um lado o homem vestido de branco se associa à tolerância pelas outras religiões, por outro acha intolerante a ausência de crença em Deus... Um pouco antitésico, não? A verdade é que a visita não está ausente de custos e os mesmos têm de ser comportados. Em Portugal, como de costume, suportámos todas as despesas com fundos do estado para inclusivamente ser feito um altar sem mais préstimo. No Reino Unido decidiram as entidades cobrar bilhetes aos fiéis e outras pessoas que queiram assistir à missa celebrada por esta celebridade. São opções... Houve que comparasse a visita a uma tournée de Lady Gaga. Não que esteja muito distante, convenhamos que em Alexandro a senhora até se veste de freira e tudo, de vermelho é verdade, mas freira de terço nas mãos. Rezemos para que tudo corra bem com a gravidez de Penélope Cruz que continua a trabalhar no Piratas das Caraíbas 4... Esperemos que o seu filho não venha a este mundo para ser mais um maluco...

Ok.. já falei mal demais

It's a GayChoice de hoje

Tuesday, September 14, 2010

GayChoice.anti-deuspatriafamilia.pt

Não pretendo fazer publicidade a nenhum site por mim criado, ou promover mais uma campanha, mas acima de tudo reforçar o meu espírito contra três coisas que incutiram há tantos anos nas nossas cabecinhas e que até agora continuamos a tê-las presentes.
Há uns artigos atrás referi que ainda nos dias de hoje a frase se continua a aplicar pois temos muitas pessoas que continuam a ir a Fátima pelo menos uma vez por ano - a crise não permite mais. Temos a selecção nacional que após o grande impulso do euro 2004 é o símbolo da nossa pátria e temos a família que continua a ser o motivo pelo qual muita gente continua com as suas cabecinhas agarradas a pensamentos impeditivos de progresso da sociedade.
Não vou falar muito de Deus. Da Pátria muito menos. Hoje fico-me pela família, esse símbolo carnal de união permitida pela igreja entre duas pessoas de sexos diferentes para que as mesmas tenham uma descendência que possa alargar os horizontes do povo de Deus. Justamente por causa da família, da constituição da mesma e sua definição muitas associações em Portugal têm feito trabalhos (cuja importância não vou falar) para desmistificar este mito. Há uns bons anos era bonito ver um pai e uma mãe com os seus filhinhos a passear, mãos dadas e para sempre felizes. Esta é a forma visível de felicidade que todos anseavam. O celibato e profissão de padre, era algo que não era tão desejável para a maioria. Esta fotografia, tão bem enquadrada para a época, começou a mudar.

Primeiro as mulheres quiseram começar a ter direitos, pois os tempos estavam difíceis e elas também tinham de trabalhar tanto ou mais que os maridos. Assim sendo o ser feminino começou a deixar de ter tanto tempo disponível para as crianças. As mesmas tiveram de se amanhar. Resultado: para muitos a juventude começou a meter-se em vícios cada vez mais cedo e a tornar-se mais desordeira, mais exigente para os pais. O paizinho e a mãezinha, como não os querem ouvir, dão-lhes tudo o que querem. Depois admiram-se que os miúdos não saibam o valor das coisas e estejam cada vez mais infantis...
Ora bem, com mais filhos a andar pelas ruas, estes tiveram de se juntar e arranjar amizades com o maior número de pessoas e fazer pela sua vida. Assim começaram a arranjar dinheiro pelas formas mais incríveis que se possa imaginar. Alguns deles se prostituíam ou vendiam o corpo por web cams... É o rumo das coisas e não podemos culpar apenas os pais. As próprias crianças não são inocentes... talvez se queiram fazer, mas não o são completamente.
Mais distracções na infância possíveis permitem não só uma maior qualidade de vida, mas permitem também uma maior preguiça. O que daí resulta é o cada vez maior insucesso escolar em disciplinas como a matemática.
Quem é leitor habitual do meu blog se deve questionar porque falo eu deste assunto sem meter gays pelo meio. Já chego a esse ponto, vos prometo. E se isso não acontecer, lembrem-me.
Como disse, foi permitido às crianças fazer de tudo... Começar a fumar aos 12 anos em quantidades enormes - aos 16 anos são poucas as crianças que ainda não fumaram... Começar a sua vida sexual bem cedo. São poucos os miúdos hoje em dia que chegam virgens à universidade (falo inclusive dos que nunca chumbaram). Começamos a chegar ao ponto que desejo.
Com uma entrada tão precoce na sociedade, vemos estas pessoas, que não têm responsabilidade civil, a cometerem os maiores crimes (a lembrar o caso de Gisberta), a fazer coisas que apenas era vulgar acontecer com adultos (vejam o caso da Casa Pia, onde as crianças não eram de todo inocentes e nem sempre foram obrigadas, mas por vezes se vendiam...). A verdade é que o nosso sistema social foi construído para uma sociedade que está na fotografia a preto-e-branco, amarelecida, com cheiro a mofo e a sua estrutura deve ser adequada à nossa sociedade actual.
Quem já leu o livro de Wilde O Retrato de Dorian Gray certamente se lembra que a partir do momento que o jovem entrou para a sociedade, o quadro começou a perder a sua beleza. O mesmo acontece com a juventude: ao entrarem nos vícios cada vez mais cedo da forma massiva que ocorre, mais cedo começam a parecer velhos, a ficar com as linhas do rosto infantis forçadas a tornar-se adultas.
Se a sociedade mudou, e eu acho que no caso da vivência das crianças não foi para melhor, como podemos achar que a definição de família se mantenha a mesma? Hoje em dia muitos dos casais que entram de véu e grinalda na igreja não quer ter um filho quando ele aparece, o filho é então como um acidente de percurso, um descuido. Podem amá-lo mas nunca o desejaram. Nesse sentido eu tive muita sorte, os meus pais desejaram mesmo ter-me... Para mim as pessoas que desejam ter filhos não podem, uns porque estão juntos com uma pessoa do mesmo sexo, mulheres não podem engravidar solteiras...

Em relação à adopção por casais homossexuais devo dizer que é tão prejudicial para o desenvolvimento das crianças como os filhos nascidos em famílias divorciadas. Uns dão-se bem outros mal. Tudo depende do ambiente em casa e do ambiente na escola.
Que as crianças são cruéis, isso sei que são. Ainda hoje vi uma criança a tratar a mãe como uma criada... Agora termos nas escolas pessoas que não sabem como lidar com a questão da homossexualidade e que preferem não falar nisso às crianças para não as influenciar, isso é outra coisa. Este GayChoice de hoje fica então assim com um cunho mais sério por pedido de uma pessoa que falasse um pouco sobre educação de crianças e de uma outra pessoa que não aceita a adopção por gays...
Abram as vossas mentes e deixem de parte o DeusPátriaFamília para os nossos antepassados e apressem-se a procurar soluções para que as novidades não sejam levadas ao extremo do vício...
It's a GayChoice

Saturday, September 04, 2010

Neste GayChoice vou falar novamente de moda

"Moda é a tendência de consumo da actualidade. [...] Acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia. É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e sobretudo de se vestir ou pentear. [...]
A moda nos remete ao mundo esplendoroso e único das celebridades. Vestidos deslumbrantes, costureiros famosos, tecidos e aviamentos de ultima geração. Não nos leva a pensar que desde a pré-história o homem vem criando sua moda, não somente para proteger o corpo das intempéries, mas como forma de se distinguir em vários outros aspectos tais como sociais, religiosos, estéticos, místicos ou simplesmente para se diferenciar individualmente." (Fonte: Wikipédia)
Uns referem que é completamente desnecessário andar constantemente a fazer desfiles e a gastar somas avultadas de dinheiros nessas exibições, outros por seu lado defendem que deve ser definido o que vestir adequadamente em diversas situações, no decorrer do tempo, como forma de estilo, como forma de expressão, como forma até de status. Uma coisa é certa, tão certo como eu ser gay, cada pessoa, mesmo no seu inconsciente, utiliza, de certo modo um movimento estilístico na sua forma de ser. Pode ser o mais comum, ou pode, justamente, ser a negação da moda. Esta negação cria um estilo próprio que adquire adeptos que utilizam eles mesmo uma moda, uma forma de estar, de vestir.
Sempre associado ao mundo da moda estiveram imensos gays, alguns deles importantes marcos na história da forma como vestir. Um destes foi um importante criador de um conceito de roupa interior masculina e feminina, assim como desenhador de uma forma de calças de ganga.
Calvin Klein, também conhecido como C.K. Este senhor conta na sua história da moda com os dois pontos de referência que acabei de falar: o ter feito roupa interior masculina coladinha ao corpo e que mais tarde levou o mesmo conceito para a roupa interior feminina, criando os primeiros "boxeres" femininos, assim como desenhou calças de ganga mais ajustadas ao corpo de forma a realçar as curvas mais sensuais tanto masculinas como femininas. Posteriormente, como todas as grandes empresas, a C.K. deixou de funcionar pelo seu criador original, passando também a outras áreas da moda como a perfumaria e a joalharia que segundo a minha opinião pessoal é mais interessante na vertente masculina que na feminina.

Falando de modas, não me posso esquecer de falar de uma cantora que anda na moda, assim como tem um estilo muito particular.
C.K. como todo o rico gay que se preze, tinha de arranjar alguém com quem partilhar os seus melhores momentos. Ainda para mais numa altura histórica que vai sendo cada vez mais fácil de realizar casamentos entre pessoas do nosso sexo. Há poucos dias foi revelado que C.K. tinha um novo namorado e muito se andou a procurar sobre quem seria o misterioso Nick Gruber, um modelo de 20 anos de idade, um pequeno pitéusinho para uma sobremesa em noitadas de luar.
Acontece, no entanto que o nosso amigo N.G. foi perseguido pelos curiosos e andaram pelo facebook a investigar as suas amizades, contactos, enfim, a realizar um trabalho de pesquisa intenso e muito proveitoso. O fruto deste estudo biográfico resultou em perceber que um dos seus amigos, um conhecido realizador de filmes porno gay, o tinha contratado para fazer alguns shots fotográficos. Algo perfeitamente normal para alguém que, como eu, é adepta da liberdade plena de expressão. Buscas de nomes e o acaso fizeram pensar em que três nomes (Nick Gruber, Nick London e Nick Oo) terão correspondências a uma mesma pessoa que escolhe o nome para as situações como eu escolho uma camisa para o meu trabalho. Isto sim é um verdadeiro status digno de ter figurado num livro de Mário de Sá Carneiro.
Eu, como pouco entendedor das coisas e apenas gosta de se distrair um pouco em coisas desprovidas de teor, espero que a relação seja algo duradora. Este rapaz faz efectivamente o estilo do C.K., como dá para perceber inclusivamente nas suas campanhas fotográficas, no entanto as relações entre as entidades mais célebres da feira de vaidades são de curta duração. Espero, pelo menos, que os dois se divirtam o tempo suficiente para os dois.
No caso de a coisa começar a ficar mais desenvolvida e quererem casar-se, recomendo que a boda seja ministrada por Lady Gaga. Esta senhora, cujo nome em português pode dar azo a múltiplas interpretações, decidiu que quer realizar nos seus concertos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. FINALMENTE UMA COISA QUE O PESSOAL GAY E LÉSBICO PODE ESTAR EM VANTAGEM RELATIVAMENTE AO HETERO, podemos finalmente ter um casamento celebrado por uma celebridade.
L.Gg. tão prontamente se decidiu a este fim que vai entrar num curso para aprender a casar e o poder fazer com todas as condições legais. Podemos imaginar no meio de, vamos supor, Alexandro, a senhora chama ao palco o Paulo e o João e lhes coloca as alianças nos dedos. Penso que este facto iguala a coroação de espinhos de Madonna e a sua "crucificação", pormenor que tanta tinta fez correr, assim como medidas de segurança.
Há uns artigos atrás referi ser contra o casamento no geral, mas reformulo a coisa e digo que me encontro disponível para casar, com a condição que o casamento tem de ser ministrado por alguma celebridade. Parece que os padres vão entrar para o desemprego...
Sem mais comentários, ai ai... fica o GayChoice.blogspot.com de hoje.
Um dia ainda sou internado.