Saturday, December 26, 2009

conto homo-erótico, a segunda sequela

Depois de uma longa viagem será sempre bom acharmo-nos em uma cidade desconhecia. Descemos do comboio e vemos que tudo em nosso redor é novo e à espera de ser descoberto. Sempre achei que deve­ria fartar-me de viajar, de assegurar que percorreria em dez anos as principais capitais da Europa e que nesse tempo conheceria essas cidades como a palma da minha mão. Sempre achei que isso seria possível e que se me fartasse de andar por estas grandes cidades poderia descobrir alguma pequena localidade. Foi o que fiz.
Durante toda a viagem estive em suores constan­tes, mas agora que saí sinto que devo ter mais que o cansaço como lembrança da viagem: julgo que devo ter apanhado um pouco de febre. Grande mal, pois o tempo está fantástico e eu junto a uma praia adoenta­do. Isso é algo que deveria ser condenado.
Chamo um taxi. O homem leva-me ao lugar onde tinha um quarto à minha espera na rua x. À entrada desse edifício tipicamente dos anos noventa, cor tijo­leira, uma empregada da limpeza mostrava o seu tra­seiro em resultado das escadas que limpava com um pano.
- Boa tarde.
- Boa tarde. Que deseja?
- Procuro o apartamento do senhor Simon
- É no piso quatro. Lamento informar que aqui não existe elevador.
- Não se preocupe com isso. Tenho boas pernas...
- É a porta que fica mais ao fundo.
- Agradeço a informação. Eu julgo que ele estará à minha espera.
- De nada. O meu nome é Elizabeth.
Virei as costas e subi as escadas que ela acabava de limpar. À medida que subia a sensação de uma crescente solidão invadiu-me. Parecia que o escuro era maior. Só no último piso é que a luz do sol tinha alguma função. No piso quatro. Assim que o atingi um corredor se atravessava à minha direita. Assumi que a última porta seria a de Simon. Toquei à campai­nha. Um jovem com quase trinta anos me veio abrir a porta. Tinha um robe de seda vermelho escuro, bem colado ao corpo. Nos olhos trazia o ar de quem se ti­nha levantado à pouco.
- Boa tarde.
- Espero não me ter enganado no apartamento.
- Não, não, eu é que esperava que viesses um pou­co mais tarde. Ontem deitei-me tarde e só me levantei à pouco estava a comer qualquer coisa.
Não sei se o que dizia era verdade ou não, mas não me importei de contemplar o meu inquilino com roupas um pouco curtas no seu à-vontade em casa. Dava impressão de ter um peito liso, pernas sólidas, rosto amigável, ar de brincalhão mas que me dava a impressão de que ele era mais do que mostrava aos outros. Conheci-o por meio de uma rede de quartos disponíveis a alugar pela internet e resolvi pedir infor­mações para algumas terras que achei interessantes de conhecer, Simon foi o único que me mostrou um quarto com boas condições além de o preço convidar a isso.
Vinha um pouco cansado a mais por causa do pe­queno acesso de febre. Simon perguntou-me se estava bem e disse que não fosse esta febre estaria melhor. De imediato me apresentou o quarto e disse para que me deitasse ou descansasse. Se era para ter férias, que as tivesse nas melhores condições, não que aquilo fosse um hotel de luxo, mas ele gostava de receber atenciosamente.
No quarto achei uma mesinha de cabeceira onde tinha um mapa da terra e algumas informações turísti­cas, no guarda-fatos achei uma toalha que ele me for­neceu de cor vermelha escura. Tinha também no quar­to um enorme espelho numa das portas do roupeiro. Também havia um pequeno frigorífico vazio mas em funcionamento. Dentro de poucos momentos Simon batia à porta para me trazer um chá acabado de fazer e com um comprimido anti-gripal, preferia que eu melhorasse o mais depressa possível. Para minha in­felicidade vinha agora vestido com umas calças de ganga e uma camisa um pouco aberta da cor da sim­plicidade. Nesse momento eu estava com as calças na mão pronto a meter-me na cama sentei-me debaixo dos cobertores com o tabuleiro do chá em cima das pernas e tomei-o enquanto Simon virava as persianas para entrar um pouco menos de claridade no quarto.
- Vou agora sair um pouco. Se precisares de algu­ma coisa é só ligares para este número.
Agradeci e preparei-me para dormir um pouco en­quanto ele me saía do quarto. Durante a minha sesta tive estranhos sonhos e, não sei se teria sido do chá ou dos comprimidos, mas a verdade é que quando acor­dei estava bem melhor. Possivelmente teria sido ape­nas uma indisposição. Assim que me levantei lem­brei-me de Simon. A verdade é que o site de onde tirei este contacto não era gay e eu era um pouco tímido para me fazer a este gajo lindo, não tinha lata sufi­ciente, mas devo admitir que ele me excitava.
Na gaveta da mesa de cabeceira encontrei dois preservativos, presumi que seriam uma oferta tam­bém. Fui até à casa de banho tomar um banho e fazer a barba, não fazendo ideia se Simon andaria ou não por casa. O wc era muito interessante: bastante espa­ço, linhas simples, uma janela com pauzinhos de in­censo, um aroma suave de limpeza mas não de produ­tos, um perfume a... canela, talvez. Repousei um pou­co na banheira que enchi até meio e passei um pouco de um óleo perfumado que me tinham oferecido no Egipto. Notei que havia barulho em casa mas não reparei que deixara a porta da casa de banho apenas encostada. Em breve do outro lado estaria Simon a espiar-me como fiquei a saber assim que olhei para o espelho quando saía da banheira.
Ele ficara espantado por eu o ter descoberto e eu fiquei espantado por ele me estar a ver naquele mo­mento em plena excitação. Devem ter sido apenas breves instantes que ficámos assim, mas pareceram-me uma eternidade... Simon voltou para o seu quarto e eu para o meu com um sorriso nos lábios.
Com uma toalha mais pequena passava o meu ca­belo para o secar diante do espelho que ficava mesmo ao lado da portada para a varanda com as persianas corridas. Simon em breve veio bater-me à porta com o seu sorriso aberto. Os seus olhos, como sempre os veria, tinham um brilho muito especial.
- Peço desculpa pela minha indiscrição de há pou­co.
- Não tens de pedir desculpa. Na verdade eu fiquei um pouco embaraçado, mas não fiquei perturbado com isso.
- Ia a passar para o meu quarto e reparei que o teu corpo era interessante. Não era intenção minha fazer algo disparatado
- Eu há pouco também reparei que o teu corpo é bem interessante...
Ao dizer isto ele aproximou-se suavemente da cama. Percebi que ele também estava perturbado com aquela situação que não deveria ser demasiado fre­quente para ele.
- Em geral as pessoas que aqui vêm não são parti­cularmente interessantes, sabes. Gosto de apreciar ho­mens mais que mulheres. E...
Sem que dissesse mais o que fosse eu colei os meus lábios nos dele e trocámos carícias um com o outro. Tirei-lhe a camisa mostrando um triângulo de pequenos pêlos aparados de cor clara na zona do peito e uns redondos mamilos prontos a serem saboreados. Com o meu avanço ele também não se fez de rogado e continuou o avanço passando-me a língua pelo ou­vido e acariciou-me a nuca e os mamilos.
A boca dele tinha um sabor a menta, possivelmen­te de alguma pastilha que tinha comido ou de algum forte chá que tinha bebido, dava-lhe um aroma fresco, agradável para aquela tarde de verão. Ombros amplos e costas largas foram percorridos pela minha língua aspirando-lhe a canela do aroma do seu gel de banho. Ambos estávamos bem excitados mas ainda não reve­lávamos as nossas armas apesar da nossa vontade mú­tua.
A verdade é que ele tinha um compromisso e den­tro em breve o viriam buscar.
- Porque não vens comigo? Tenho a certeza que nos vamos divertir.
- E onde vais?
- A uma festa privada de uns amigos meus. Como sou de confiança tenho a certeza de que eles não se importam que eu leve companhia; eles mesmos de­vem levar as suas companhias e assim continuávamos o que temos tanta vontade.
- Como posso eu recusar?
- Não podes.
- Assim sendo...
- Vou ao meu quarto buscar algo para levares ves­tido.
Achei estranho que me desse algo para vestir, mas aceitei a sua dádiva. Quando regressou ao meu quarto trouxe um fato de banho bem curtinho de cor azul marinho e uma camisa um pouco pequena do mesmo tom com uns tons mais claros como se tivesse sido la­vada num programa errado. Gostei da ideia, se bem que lhe disse que não iria conter-me com o meu pau muito tempo em baixo.
- E isso que importa?
Ele tirou-me a toalha da cintura mostrando o como estava excitado e colocou-me o fato de banho. Depois pegou no meu perfume e espalhou-o pelo meu tronco inflamado de prazer, aproveitando para dar um beliscão nos mamilos de novo. Vestiu então a camisa que ficava mesmo pela linha da cintura mas que não dava para abotoar. Assim deixaria à mostra o meu pei­to, como verdadeiro turista que era.
Ele foi até ao seu quarto e vestiu umas calças brancas quase transparentes com um fato de banho por baixo que reparei ser azul claro. Por cima não le­vava camisa alguma, apenas a sua tatuagem na parte interior do braço com um poema de Shakespear em caracteres góticos. Óculos de sol para os dois. Calçado e prontos para a festa. Só a sair de casa é que ele me disse:
- Esqueci-me de me dizer, esta festa é só para ra­pazes.

Saturday, December 19, 2009

um desvario não-totalmente-biográfico

tenho sofrido uma crise intelectual, nada me aparece de jeito na cabeça apesar de andar às voltas com mais de mil situações e com problemas que se não resolvem. a minha vida é mesmo assim e apesar disso não vejo motivo para que uma navalha se aproxime mais de mim como se fosse um doce encanto. não vejo motivo para continuar. penso que a minha crise se poderá dever a uma imensa preguiça intelectual. estou em situações que não me apetece andar, não apetece ler, não apetece escrever ou pensar em pensar em escrever. as coisas andam e o tempo não pára em grande vantagem do meu maior mal.
saber que me vão resolvendo as coisas mais imediatas da vida é um perfeito sinal de que me encontro como uma marioneta que apenas segue o fio condutor do tempo até ao limite final ainda por resolver. não coloco nisso qualquer problema, não sinto que seja em verdade um problema e a minha preguiça intelectual força-me a continuar como me encontro... sempre que me pergunto se o suicídio seria uma via interessante, percebo que me encontro demasiado fraco para o levar até ao fim. sou um completo doente a nível intelectual e que se conforma com isso... em todo o lado vejo pessoas iguais a mim, sentadas em frente a um televisor a saborear toda a informação que lhes é transmitida gratuitamente sem juízo de razão, ou vão acompanhando como ovelhas a opinião de um cardume. ouvimos todos o mesmo, sentimos o mesmo pelas mesmas coisas, tal é a mistura de químicos que nesses produtos alimentícios colocam,
vemos todos o mesmo, a todas as horas, se assim não fosse a nossa televisão apresentaria mais variedade de programas.
sem saber como continuo vivo, como se a morte esquecesse que existo, tal como se continuasse presa pela tia miséria do torga, não me apetece morrer nem que me matem, não me apetece viver, nem que me deixem viver... pudesse ao menos existir sem viver...

Sunday, December 13, 2009

grão de pólen


um pequeno momento numa primavera
um esgotar de vida em haver
assim se quer este pequenote
esse filho da flor em pacote
parede dura coração mole
terno à vida que dele emana.
num curto instante explode no ar
abraço em haver, onde?
ainda o não sabe mas avista
na doce primavera vestida
uma outra flor amada pois ele
também tem sangue feito amor
hormonas e sentimentos sofridos.
está ainda tão longe a atingir
será que irá até à amada?
a maioria é no chão derrotada
pois o vero amor até nas flores
é o mais terno dos favores.

Wednesday, December 02, 2009

tesouro


se soubessem que o tesouro que escondo
não pode ser roubado nem está protegido
qualquer ladrão que venha medonho
volta atrás completamente desiludido.

meu tesouro é mais que ouro ou prata
uma enchete de galherdetes ou rubis
violando a vagina de uma ciosa gata
com brandas mãos com maus fins

o meu tesouro é inviolável, pois é
mas algo dele te vou desvendar
para não dizeres neste mesmo café
que sou pessoa de mau andar.

meu tesouro como sou esgoísta
para dar algo a pobre algum
como todo o rico e pobre nenhum -
mas não há alma que lhe resista!...

birth


soubeste outrora que eras tu quem nascia
do ventre materno. e esqueceste o que viste
no interior dessa gruta quente e meio vazia
no momento em que soubeste estar neste triste

mundo. e mesmo assim rebentaste a placenta
furaste buracos e a vagina até nasceres
e tal como cresce a virtude, fica peganhenta
a vida com os pecados destes tristes seres.

e assim se chamam as coisas, sem remorso
tudo o que vem por bem, ou bem é
ou ainda que bonito e invisível fica torto
pois o mundo... essa série do porquê....

és

és o constante refúgio da tua alma
és a vertente maior do teu saber
és a potente vitória do querer
és a correcção toda e calma

esolhes o que é teu merecer
escondes o ruídos das gralhas
as tuas crescentes velhas falhas
que mais te fazem envelhecer

pois que não sabes o caminho
os teus demónios não conheces
nem onde colocar o teu pesinho

e os perigos todos esqueces
talvez, mas te digo de mansinho
que é essa a vida cheia de ésses...

Tuesday, December 01, 2009

O que não deve acontecer num casamento gay parte 1

Miguel era um homem feliz. A sua vida corria bem, tinha uma filha encantadora uma mulher que o amava acima de tudo e com quem dava umas voltinhas na cama que o deixavam maluco. Aconteceu, no entanto que Miguel (não se chamava assim, mas oculto o nome por razões..., enfim, porque me apetece e não quero que ele tenha mais protagonismo que eu como o divulgador da sua história. Chamei-o Miguel, mas não faço nenhuma perseguição a pessoas com esse nome.) Como dizia, a fortuna não dura muito, e ele a certa altura começou a ter umas fantasias com um rapaz com quem mais tarde trocaria umas carícias.

Regra do homem casado número 347: cautela sempre nos ginásios.

Não contei, mas o interesse do Miguel por este rapaz deveu-se a umas idas ao ginásio e mais particularmente a uns olhares mais indiscretos para esse moço que já de natureza se interessava mais por hormonas masculinas que femininas.
A verdade é que trocaram o número de telemóvel...

Regra número 1 do neo-gay: nunca mantenhas o número de nenhum rapaz no telemóvel muito tempo... pelo menos se tiveres trela com uma rapariga!

A verdade é que Miguel não sabia destas regras e de um momento para o outro começou a ter esse rapaz como um verdadeiro amante, não revelando nada à mulher nem ao moço da sua vida dupla.

Regra numero 33334 para casados: tentem não viver vidas duplas... dá muito trabalho.

Enfim... toda a gente erra... e Miguel mais que ninguém, o coitado. (Na minha terra diz-se que coitado é corno.) E é problemático errar no mundo gay... um mundo que muda constantemente de opinião e de modas... um mundo que me arriscaria a dizer que muda completamente a face da terra - ou pelo menos do mundo ocidental, basta ver a quantidade de criadores de moda gays - mas comentários à parte... o nosso amigo, por causa do destino, sempre o mesmo culpado, fez com que os seus encontros fortuitos fossem revelados à sua mulher. Tudo por causa de um pequeno aparelho...

Regra número 2 para pessoas que têm uma vida dupla: que ninguém mexa no seu telemóvel. Há que ter sempre olho nele. Esta regra apenas se aplica, e apenas se aplica a pessoas que ignoraram a regra 33334 para casados. De contrário podem ter coisas à vossa descrição sem que a vida seja dupla. De qualquer maneira o telemóvel é mais que uma arma de arremesso, é uma arma a ser posta em tribunal.

Seguiu-se o divórcio, as discussões, as partilhas de bens e os choros habituais, assim como a festa de divórcio agora tanto em moda.

Regra número 45 para neo-gays: nunca levem um amante para a festa de divórcio.

Pois, o nosso amigo não sabia desta regra, além de que o seu amante não sabia que ele era casado e além de ter ficado divorciado, que fica muito bonito no cartão do cidadão, ficou sem amante... enfim!
Há que ter em conta certas normas de conduta e proponho-me aqui a revelar algumas e a mostrar que o Miguel não é exemplo a ninguém, a menos que se queira ver como ele: morto e enterrado - mas isso é outra história que envolve bonecos de peluche e forcas para bonecas assim como cavalos a mandarem peidos...

Monday, November 30, 2009

Outonal


se sente hoje o frio mais profundo
em cada poro no ainda outono
no tempo ainda razoável
a lembrar-nos a vinda de mais
intolerável situação
hoje se sente ainda mais
as crostas rugosas e incertas
das cascas das árvores
a sua aspereza e o seu dormir
se sentem mais as folhas caídas
apodrecendo nas sarjetas
não mais amarelas ou roxas
mas castanhas quase negro
da morte mecrótica
hoje se sente muito melhor
a neve que começa a cair
e dela nos não lembrámos
e dos seus cristais que ferem
a nossa pele e o nosso coração
e ao tocarmos o tronco da árvore
pelo gelo a ele nos colamos
e mais frio sentimos
sem no inverno nos vermos
hoje sentimos muito melhor
esse aconchego do calor
de uma fogueira que nos aproxima
hoje, tal como ontem é dia
é momento de te ver perto de mim
mais que nunca mesmo com frio
algo ainda não gelou
como o quente chá
hoje sentido mais que ontem
a idade também não gelou
que as mãos se enrugam
quais valas da terra a arar
no outono se sente no campo
um tempo de azáfama em preparo
do frio gelado que aí vem
qual formiga atarefada
até ao dia que se fecha em casa
mas hoje mais que nunca há algo
mais que sempre grande e a crescer
algo que o outonal tempo não muda
algo que para sempre dura...

Thursday, November 26, 2009

Publicidade hummmmmmm

Além das estratégias para conseguir que as pessoas comprem mais no Natal como seja enfeitar as lojas com luzinhas, anúncios com o Pai Natal, ect ect.
o mundo da publicidade é na verdade bem particular. Vejamos o caso de uma campanha publicitária de um site de compra de produtos de marca branca alemão Fleggaard. Músiquinha a rigor para puxar uma lágrima no canto do olho e depois a meter uma 'ladies' a cantar... simplesmente divinal. o skip até nos passa ao lado

Escolha interessante... it's a gaychoice

Monday, November 23, 2009

O Natal está a caminho. a verdade é que já tenho visto as árvores enfeitadas nos centros comerciais e tenho estado completamente enjoado com isso e nem em Dezembro estamos. Para gozo da situação aqui vai uma prendinha para quem se quer rir um pouco com alguns hits que marcaram o ano de 2009 ao nível da pop... é verdade, eu seleccionei as versões mais rápidas, isto do natal é sempre a correr e há muitas prendinhas para dar. Já agora quem quiser que envie também algumas coisas idênticas de outros estilos.
This is a GayChoice

Boom Boom Pow - Black Eye Peas


Poker Face - Lady GaGa


I Gotta Feelin - Black Eye Peas



Ppaparazzi - Lady GaGa


Hot' N' Cold - Kate Perry


Single Ladies (Put a Ring On It) - Beyonce


4 Minutes - Madonna feat. Timbaland, Justin Timberlake


Circus - Britney Spears


Broken Strings - James Morrison ft Nelly Furtado


American Boy - Estelle ft Kanye West


The Fear - Lily Allen

Wednesday, November 18, 2009

Num vídeo... ups

A verdade é que a fama levanta sempre alguns problemas e a exposição via net é apenas um deles. Se existem aqueles que a utilizam para se fazerem conhecidos ou se manterem na berra, no último grito, outras pessoas notam que esse mesmo meio de comunicação é um facto para as deixar mais acabrunhadas...
É o que se passa com Enrique Iglesias que, segundo o Correio da Manhã, viu ser espalhado pela net um videoclip seu que havia sido proibido. Este facto deve-se à sua aparição de modo um tanto ou quanto sensual, diria mesmo ousado. Segundo o jornal há uma classificação de erótico pelo facto de aparecer nu e chegar a ter gestos eróticos com uma actriz porno.
Comentários de parte, a verdade é que este artista ainda jovem com uma música que é um cover de uma música de Bruce Springsteen, conseguiu arrecadar para junto de si mais uns quantos fãs (homens e mulheres) que o apreciaram - eu diria, comeram com os olhos - o seu corpo exibido de forma lânguida e até mesmo luxuriosa.
O vídeo chegou mesmo a ser proibido pela mtv... muito puros e castos eles são... bom, só me resta dizer para que o vejam e façam o vosso comentário. O meu comentário pessoal é de que se em vez de uma actriz fosse um actor, muito mais tinta correria pelas revista e notícias cor-de-rosa; mas eu preferiria lololololol

Tuesday, November 17, 2009

um conto como ha muito não fazia - erótico

Ainda ontem numa viagem de comboio me deparei com um rapaz bem bonito cujo olhar me cativou. Sim, é verdade que ele era bonito, mas não me preocupei com o facto de a minha “mirada” o incomodar, o que me foi revelado pelo constante remexer do corpo no banco. Durante esta viagem não pude deixar de pensar nas incríveis fantasias que todos nós temos e criamos com as pessoas à nossa volta e que dão a volta ao nosso quinto membro. Sim, como as mulheres dizem e muito bem, muitas vezes pensamos mais com a nossa cabeça de baixo que com a de cima. De qualquer maneira não deixam esses pensamentos de ser um tanto ou quanto interessantes.
Este rapaz, cujo porte poderia ter os seus vinte e sete anos, cabelo cortado curtinho com as pontas um pouco clareadas e penteadas em feitio rebelde. Olhava eu para aqueles olhos verdes cor de relva na qual o deitaria, e para a sua profunda timidez. Percebi, no instante em que reparei que estava sentado quase à minha frente, que a viagem de regresso a casa teria o seu ponto de interesse. Vestia ele umas calças de ganga claras com duas manchas gastas pouco acima dos joelhos, espaço mais que suficiente para ver que as pernas se apresentavam sem pêlos e que uma mão poderia caber e fazer uma viagem até um ponto mais acima. Por cima uma sweat justa no peito. Um amigo meu diria que o pó é pó e as cinzas cinzas, mas o que é uma bonita camisa sem um belo peito dentro. Bem justa ela se mostrava a ponto de me aperceber que os mamilos estavam rijos... não sei se seria da minha insistência, ou da minha vontade em o ver desejar-me. A verdade é que aqueles pontinhos bem carnudos elevavam um pouco o fino tecido dando vontade de os apertar, lamber e com eles brincar. Também os peitos tinham o seu ar de interessante: estavam fortalecidos, possivelmente da enorme quantidade de horas no ginásio, ou então de um trabalho muito corporal onde a força é exigida (que bem me saberia um pedreiro ou um militar). De qualquer maneira o rapaz tinha o tronco como que feito com as linhas adequadas. O meu desejo era tirar-lhe a sweat para revelar a bem definida barriga com os abdominais a revelarem-se em chocolatinho. Como a puxaria para trás do pescoço e o faria posar nos bancos desta carruagem para a minha máquina fotográfica. As pernas estariam bem abertas, as mãos a passarem pelo peito, o olhar malandro a fitar-me na câmara. Um montinho se aperceberia junto do botão das calças aberto, como se algo estivesse para sair para fora, algo bem duro e muito provocador. Pelo botão aberto das calças se veria aparecerem umas cuecas de licra, pretas, justas, bem modeladas ao que lá dentro se acharia, neste momento já desperto... lhe daria um momento para que nas calmas tirasse as calças com toda a sensualidade. Baixou os jeans mostrando a curvatura das nádegas. Esses músculos rijinhos, bonitos, a sobressair das cuecas ck escuras. Neste momento já estava bem entesado e não me rogava a fotografar o rapaz com as minhas calças abertas e o tronco nu. Via que toda a carruagem se enchia de cheiros voluptuosos a seda, chocolate, a frutas, canela, folha de tabaco... o revisor, homem dos seus trinta e dois, com o porte de quem nunca deixou de correr pela praia com os músculos do peito a subir e descer com as passadas, mostrou-se e largou pelo fecho das calças o seu pénis possante. O rapaz que fotografava estava neste momento bem teso. Agarrou-se a um dos manípulos que caíam do tecto para que ía a pé e largou o seu corpo à espera que alguém lhe tirasse o resto da sua roupa e revelasse a sua enorme nudez exposta ao expoente máximo da tesão.
Assim tinha eu este deus exemplar na arte da excitação corporal, um ícone único do que pode um conjunto de hormonas provocar. Assim o tinha eu exposto como que num lugar de tortura para o despir contra a sua vontade, agitando o seu corpo com as palmadas do revisor. Não teria ele bilhete e a multa por tal acção era a subjugação. Ele não se fazia rogado... a sua boca se abria para o revisor e para mim. Assim era a sua dedicação.
O revisor fez-me sinal para que continuasse a fotografar tudo. Registei como ele metia o pau na boca do rapaz e lhe dava palmadas no traseiro e passava o dedo pela passagem proibida pelos textos sagrados. A tudo isto o rapaz gemia de prazer e eu continuava em excitação exponencial. Nunca percebi muito de matemática, mas de excitação um bocado e a verdade é que a tinha no limite quase máximo do prazer. O revisor pegou-me nos braços e o rapaz me tirou as calças e a roupa interior. De seguida ele pegou-me nas pernas e enquanto o revisor me sustinha nos fortes bíceps, ele me enfiava o seu pau. Estava em completa suspensão motivada pelo que podem dois másculos corpos fazer a um outro completamente entesados.
Não sei quanto tempo estive nesta posição, senão apenas que me achei em delírio e passei para cima do revisor que entretanto já se encontrava sentado num dos bancos. Eu nada via, tudo sentia, os meus olhos se fechavam para sentir bem profundamente o que me faziam, a boca se abria para o pau do rapaz e para o seu cu, a minha língua deslizava como os carris deste comboio entre o ânus dele e a sua verga que bem erecta se achava, as minhas mãos apertavam mamilos dos dois. O revisor saiu de dentro de mim para entrar no rapaz que não arranjara bilhete. Este, não contente com a sua entrega a este homem metia a sua boca na minha cabeça de baixo. Sim, é verdade, apenas estava a pensar com esta cabeça, perdoem-me este pecado, mas com dois homens assim quem resistiria...
Bem fundo ele enfiava, e bem ardente o outro mamava. E os cus se abriam à mais pura luxúria para deleite da nossa excitação. Como diria o N. caralhos me fodam que deles bem preciso... ah! Como tudo aquilo me despertava os mais profundos sentidos. Uma boa hora estivemos naqueles provocantes jogos de entra e sai, de mama e deixa-me mamar, de foder e ser fodido... como me sabia a doce laranja a escorrer na pele o suor do revisor e a morangos o suor do rapaz. Uma mistura ácida e doce, provocante e excitante, picante e suave... Como me sabia bem sentir aquela pressão enorme a querer sair, ali, junto à base do pénis, aquela zona que aperta e atinge a máxima da excitação. Como quero eu sentir o pau destes dois a incharem muito na provocante quase chegada do pico do prazer.
Um fauno com um corno de delícias derramaria um suave leite sobre o meu peito, leite de homem feito, leite de vida a escoar, leite sinal puro de luxúria. Algo que apenas é percebido pelos membros masculinos, esculpidos nas entranhas das memórias do pecado... Derramam eles o leite da abundância, o leite do que pode ser feito entre nós três e dos nossos tesos demónios que assaltam os nossos tomates. Como gosto eu de tudo isto... Por fim acaba-se por dar um beijo de despedida no momento em que tenho de sair na próxima paragem...

t.A.T.u.



Pois é... já muito se disse sobre esta dupla de meninas russas. Que eram lésbicas, que não eram e que as suas demonstrações eram apenas golpes de marqueting, que eram e uma delas andava numa de andar com rapazes... enfim... um role de histórias que não me demorarei a explicar ou a colocar a minha opinião sobre o assunto. de qualquer maneira devo informar os visitantes deste blog que estas meninas têm um novo álbum cujo single é o que vos apresento e que não deixo de referir que não deixa de ter a sua polémica pelas histórias que já se fizeram delas.
Apreciem os momentos, se gostarem...

Sunday, November 01, 2009

Neste cabaré - um manifesto?!

Declaro aberto o life cabaré...

O mestre de cerimónias abres o conjunto de números e por nós desfilam figuras mais ou menos vestidas, mais ou menos sensuais. Desfila um conjunto de desejos e de poucas vergonhas que assumimos gostar naquele espaço mas que cá fora é um recanto escondido de nós mesmos. Que escondemos nós dos outros? Que monstros temos nós presos numa jaula prontos a serem largados quando temos as condições adequadas para o fazer.
O sapato de salto alto é calçado no pé da menina ou do homem que se veste de mulher; as lantejolas são o prato principal à mistura com os sete pecados mortais: gula, avareza, preguiça, soberba, ira, luxúria e inveja, tudo bem recheado das maiores delícias que nos percorre a fantasia. O holofote aponta o palco, a mulher de lábios sensuais tange a sua língua, o corpo da mulher mortífera se apega ao chicote e à arma de tortura, o preto é o seu vestir. A cortina vermelha agita-se. Os homens na sala conversam, alguns são marinheiros de passagem, um deles vai-se casar no dia a seguir, um outro gosta de homens mas esconde-se atrás do pudor, um outro é bem rico mas completamente sovina e não se dá ao prazer de largar uma nota para uma das meninas, um outro olha para as pontas perdidas da sua alma e pensa que se calhar o inferno é bem mais divertido que o céu. Se calhar todos nós temos um pouco de cada uma destas figurinhas, se calhar somos todos como estranhas criaturas de um mundo muito imperfeito tentando arranjar meios para nos sentirmos melhores.
Esta descrição deveu-se a uma ida ao teatro ontem a um número de Cabaré, que além do teor sexual muito explícito, tinha a sua ponta de divertido em alguns números. Tudo maquilhado com a mais fina purpurina e enfeitado com os batons mais sensuais que despertam em nós as fantasias que nunca imaginamos. Depois, na rua, após vários copos será visível a bebedeira de uns, a ressaca de outros, ou mesmo a partilha de um abraço em busca de um quarto próximo. Hoje, como sempre, os nossos instintos deixam-nos isso mesmo atrás: quando não os conseguimos suster rebentam com todas as portas até que chegam ao seu espásmico destino e ficam-se como uma felicidade já passada que se retém como a água nas palmas das mãos. Quando os agarramos eles transformam-se, em vez de nos deixar vazios proporcionam-nos a forma de nos deliciarmos com o mundo mais fortemente, de sobrevivermos e de explorarmos o nosso ego. Parece que tudo isto é uma lição de moral, talvez seja, não sei... mas uma lição de moral que é um pouco invulgar, uma vez que não sustento que nos abstenhamos destas delícias ou mesmo dos pecados que nos confundem a alma, mas simplesmente que vivamos com eles e não por eles. Defendo que vivamos, se possível em todas as delícias, com todas as riquezas, com toda a luxúria, sexo, diversão, jóias, mas que acima de tudo, todas essas coisas nos sirvam para fazer felizes e não para nos dar uma ilusão de felicidade, façamos da vida um cabaré permanente com toda a agitação e ar quente no ar, alguma coisa forte, sexual, potente onde a energia da noite nunca se esgota... faço votos disso!

Wednesday, October 14, 2009

Eleições à parte...

Depois destes momentos em que fomos bombardeados por palavras simpáticas de promessas de melhorar o nosso país, de nos fazerem acreditar que há obras feitas, que acima de tudo temos de seguir em frente e nos deixarmos levar por este ou por aquele, resta-nos agora reparar no resultado final.
Em ambas as eleições foi notável uma vitória do P.S., se bem que para a assembleia a maioria já não se verifica. Os seus maiores rivais foram derrotados e nas segundas eleições os resultados mantiveram-se. A minha opinião é que o P.S. perdeu um pouco da sua força com a escolha de Manuela Ferreira Leite, o tipo de postura que teve e as afirmações que disse, revelaram que o país não estava para seguir uma pessoa que apenas vê a família como forma de reprodução da humanidade, o que é contraponto aos seus rivais que afirmam o casamento entre homossexuais e a educação sexual. Acho que estas campanhas políticas foram das que mais se falaram nesses campos...
Se o mundo muda, as vontades também mudam, assim como os desejos, e se antes um grupo de pessoas que gostava de ter experiências com pessoas do mesmo sexo não via nisso uma forma de amor, mas mais de euforia sexual, hoje os gays querem casar-se. O choque não existe apenas para a população mais conservadora, mas se estivermos a analisar a postura que existia há uns anos veremos que a população mais velha tinha desejos muito diferentes. Antes queriam "foder, foder, foder" - desculpem o calão, mas achei o mais acertado - e muitas cidades viviam de agitações às escondidas, em lugares ocultos, escuros, privados, hoje as coisas mudaram e podemos andar um pouco mais à-vontade na rua, resta é agarrarmos a nossa coragem para o fazer. Assim sendo, os gays começaram a procurar pessoas semelhantes, não apenas para encontros pontuais, mas começou-se a ver um lado emocional e a dar-se mais importância a ele.
Um outro ponto que será bom referir é o facto de que a sida veio criar uma revolução neste meio. O receio de ficarmos doentes com a lista cada vez maior de pessoas que encontramos e temos experiências do foro sexual, aumentam os riscos - essas mesmas pessoas deverão ter estado com mais uma montanha de gente... - temos de nos agarrar em alguém em quem confiemos.
Os namoros começaram a tomar maior importância e hoje em dia é mais que vulgar muitos gays terem relações amorosas umas mais outras menos duradoiras, a ideia de gafanhoto sexual foi-se perdendo...
A confiança que o casal deposita um no outro reforça a ligação mútua que ambos têm. Desta maneira, terão menos receio em se mostrar em público e exibir a sua relação igual à dos javalis (heteros em linguagem codificada).
Em último resta o deixar descendência e as soluções vistas vão sendo muitas e todas com muitos riscos... esperemos que de futuro hajam menos.
Ora, se as coisas nesta comunidade mudaram, outras não mudaram e em Portugal ainda se tem visto muitas vezes um conservadorismo em ambientes gays que deveríam ser os mais abertos às novidades. A preocupação que muitas pessoas têm em se mostrar como iguais às outras faz com que muitas vezes nos castremos. O que acontece no mundo gay e na política é de certa forma muito semelhante, o ser-se conservador é a lei máxima e as novidades só serão aceites quando já se encontram testadas em todos os outros lugares e para não ficarmos atrás temos de nos apressar...
Dá-me vontade de rir ir vendo certas posições antiquadas dos dois lados e em certos momentos querer-se ser novo, inovador... é uma questão do momento em que isso se faz. A coragem de nos lançarmos no desconhecido não faz parte da nossa marca...

Tristezas...

Tenho em minha casa uma rapariga que se mudou há coisa me mês e meio. Não sei grande coisa sobre a vida dela pois os nossos horários são um pouco incompatíveis. De olhos esverdeados com um sorriso encantador, ela se tem mostrado solícita quando lhe falo por sms em relação aos pagamentos e contas da casa. Raras são as vezes que nos cruzamos – penso que o facto de termos idades bem diferentes facilita o nosso recíproco afastamento um do outro.
Do pouco que sei da vida dela é que trabalha à noite num bar cinco noites por semana. Ganha para os seus gastos. É responsável a nível de contas. Não me tem dado chatices com namorados e coisas parecidas. Em resumo, poderia ser a rapariga ideal com quem me poderia casar.
O que vou contar é acerca desta mesma rapariga. Parte desta história tem a ver com coisas que notava em casa, a maior parte é invenção. Resta a vossas excelências imaginar o que é o quê.
Ontem regressava a casa e estava ela a chorar com a foto de um rapaz na mão. Os seus olhos pareciam cataratas e convertiam o coração mais endurecido. Eu, que raramente a via àquela hora, perguntei-lhe que se passava.
- Ontem o meu primo morreu.
- Os meus sentimentos. Eras muito ligada a ele?
- Sim.
Percebi que não queria falar muito. Uns dias mais tarde tentei perceber junto de uma amiga dela que também eu conhecia se ela percebera o que havia acontecido.
Ele não era só primo mas namorado. Os dois desde sempre andaram muito ligados e com os tempos a relação entre eles foi mudando de forma e assim que Raquel percebera que estava apaixonada outra coisa começava a acontecer: a puberdade. O crescimento dos seios e o escorrimento de sangue mensal começaram a afligi-la de tal forma deixou de querer continuar a ser uma rapariga. Cortou o cabelo contra a vontade dos pais, chorava por todos os cantos, gritava quando lhe queriam por a vestir saias ou a brincar com bonecas. Além de já não ser criança não era mais uma mulher. Não seria mais.
Lia, a minha colega de apartamento também começou a sentir algo por aquela rapariga e ao saber que ela não gostava de ser como era apoiou-a.
As duas fizeram promessas de eterno amor, acontecesse o que acontecesse. Os beijos que trocaram foram intensos demais para serem vistos pelos seus pais. Um mês depois Raquel começava os tratamentos para mudar de visual, mudar de voz, mudar tudo... as idas e vindas aos hospitais e as constantes marcações de exames e aconselhamentos psicológicos acabaram por degradar um pouco a relação já em si mesma tão perigosa. Lia começou a perceber que não conseguia de Raquel o tempo que ela queria.
Seguiram-se as discussões e as ameaças e as fragilidades de cada uma revelaram-se. Lia deixou de estudar e resolveu mudar de terra. Raquel há muito que tinha abandonado os livros pensava agora apenas em terminar a sua transformação para caminhar para a vida como um homem novo.
Foi nessa altura que Lia procurou casa e a achou comigo. Lembro-me que quando a vi achei que não estava emocionalmente muito bem e tentei falar com ela acerca disso. O problema era ela ser um pouco reservada e a minha curiosidade ficou-se por aqui.
Eu penso que Lia nunca conseguiu lidar muito bem com o seu afastamento da prima, desculpem, primo. A foto dele que arranjou foi dada por uma amiga de ambos que dera a Lia dizendo que o Sérgio (ex-Raquel) sentia a falta dela. O coração de Lia ainda estava a sarar as várias feridas que as passadas discussões haviam aberto e não respondeu, mas resolveu aceitar a fotografia.
Vários dias se passaram, meses... junto a uma ponte por onde Lia passava para ir para o trabalho cruza-se com um rapaz que a olha fixamente e ela olha-o de forma intensiva. Sem que soubessem, ambos os primos tinham-se cruzado. O tempo modelara neles caras que os tornou irreconhecíveis um para o outro. Era como se fosse um estranho encantamento.
Para infelicidade de Lia, não haveriam de cruzar os seus caminhos naquela ponte outra vez.
Ela foi vivendo a sua vida de forma a que ninguém a perturbasse ou a fizesse cair e lembrar o passado. A verdade é que por vezes procuramos tão afincadamente fugir do nosso passado e ele espera e aguarda pacientemente pelo seu momento. Se Lia não havia curado as suas feridas a verdade é que as de Sérgio também não e no caso dele o seu efeito doi muito mais. Em certo dia ele entra em coma no hospital com um derrame. Passa vários dias acamado sem perceber onde está por viajar no seu sonho quase na fronteira com a morte. Ele apenas acorda para escrever as suas últimas palavras:
“Eu não sei mais o que procuro neste mundo. Parece que tudo o que começo a fazer se desfaz nas minhas mãos como a água que nelas não pára. O único amor que comecei e que será para sempre único começou e acabou e os meus dias que vão chegando ao fim impedem o recuperar. As lágrimas que chorámos os dois – pois sei que o fizeste – mudaram o nosso rosto, as nossas vidas.
A dor que sinto no peito é já antiga, é uma dor que estou habituado a tê-la e comigo a levar para a minha eternidade. As desculpas últimas não servem para corrigir os nossos erros. Que sirvam ao menos para ajudar a sarar...”
Dois dias depois morreria e alguém entregaria aquelas mesmas palavras a Lia. Nesse mesmo dia chegaria ela a casa banhada em lágrimas com o coração nas mãos e a culpa de ter ela morto o seu primo, se bem a conheço. Eu achei estranho ela aparecer em casa naquele dia e por isso lho perguntei; não imaginava que a resposta magoasse tanto como a ferida de um punhal. Um punhal que tinha trespassado a pele e feito uma ferida bem funda que ficou a remoer como um cancro que aniquila o nosso interior.
Somos por vezes estranhos vizinhos de uma dor que não pecebemos, que não sabemos falar mas que nos apetecia reconfortar... a nossa incapacidade de agir torna-se então soberana. Não sei se agi bem ou não. Apeteceu-me chorar mas não consegui. Apeteceu-me dizer-lhe algo mas não saía som da minha boca.

Monday, September 14, 2009

Salomé de Carlos Saura


Não sou pessoa de criticar muito um filme. Faço comentários consoante me agradem ou me desagradem.
Um dos últimos filmes que vi e que me prendeu foi Salomé de Carlos Saura, o mesmo que realizou Fado e Tango. Em termos técnicos o filme começa com 28 minutos em jeito de documentário onde o realizador faz uma apresentação do espectáculo apresentando os actores principais assim como dá pequenos apontamentos referente à escolha de figurinos, criação da coreografia, elementos cénicos, preparação dos actores,...
Do casting fazem parte Aída Gómez como Salomé, Pere Arquillué como director, Paco Mora como Herodes, Javier Toca como João Baptista e Carmen Villena como Herodias.
Duração 85 minutos, em inglês e espanhol.
Depois desta primeira parte começa o espectáculo propriamente dito onde nos aparece Herodes acompanhado de Heródias e que numa cena cortesã assedia Salomé. Esta ouve João Baptista a falar e deseja vê-lo. Assim que lhe é trazido ela apaixona-se por ele. João apesar de se sentir bastante tentado vai recusando as propostas de Salomé e por fim afasta-se. Salomé, qual filha mimada, não aceita esta recusa e por causa de uma paixão tão grande faz uma dança a Herodes a troco da cabeça de João numa bandeja de prata.

A nível coreográfico é interessante notar as influências do flamengo, de danças orientais, dança contemporânea assim como da dança dos derviches. De notar também o aproveitamento da luz para criar um cenário bastante simplista mas que provoca impacto. Para além de tudo isto importa referir que ao longo de todo o espectáculo aparece-nos uma linguagem que não é falada e se notam as várias falas de cada uma das personagens. Para quem tenha lido a peça Salomé de Oscar Wilde será uma surpresa ver que neste espectáculo varias imagens que ilustram a edição original da peça foram reproduzidas em palco com uma certa mestria. Dou a toda a equipa os meus parabéns.

नस्सिमेंतो इन्फमे


Certo de que naquela noite nada mais se veriam que vultos a circularem pela penumbra da noite, três mulheres saem de casa. Não as acompanham os maridos que havia muito que tinham ido para a taberna beber. Aquelas mulheres caminhavam como se fossem cometer algum crime. Os seus passos eram silenciosos e várias vezes paravam a escutar o ar em busca de algo que as pudesse denunciar.
Encaminhavam-se para o rochedo da praia. Haviam quatro dias que receberam a comunicação de que esta mesma noite seria a ideal para o evento que queriam levar avante. Pelo areal uma delas espalha cinco velas toscas feitas com as suas mãos. Outra pega num pau e desenha no chão algo que haviam antes estabelecido para o ritual que fariam. A outra tira as suas roupas e vai-se lavar no mar.
A que colocara e acendera as velas nos sítios certos chamava-se Ana. Era ela quem estava já a proferir as palavras rituais. A que desenhara os símbolos no chão e que conhecia essa estranha linguagem tinha o nome de Sara e a outra mulher era chamada Inês. As três haviam acordado que naquela noite fariam um ritual de fertilidade para com uma delas – seria a Inês. Há muito que ela queria ser mãe mas apesar das várias tentativas nunca conseguira. Aquela força feminina gritou em uníssono uma invocação de um espírito masculino. Pediram que viesse ter com elas. Pediram que tomasse um corpo material de homem para o ritual que pretendiam continuar.
Naquela mesma praia apareceu então um homem cujos seus olhos eram de um branco imaculado. O seu corpo era pálido como o marfim e os seus cabelos loiros como o mel das abelhas. Ele caminhava com um passo, mal tocando o chão e aproximou-se das três mulheres.
- Chamaram-me?
Uma delas falou pelas outras dizendo que o tinham chamado para que ele engravidasse Inês. O homem tirou as suas roupas e pediu que cada uma delas continuassem as palavras que haviam dito antes da invocação.
- Aceitarei com uma condição. Quando o vosso filho nascer não será tocado por nenhum objecto sagrado dos cristãos. Não o baptizarão nem farão dele filho de Deus. Ele não será um deles, será um filho meu. Quando ele crescer com ele começarei um reino neste mesmo lugar numa noite como esta e as vossas vidas esgotar-se-ão nesse mesmo dia. Com o vosso sangue, este meu filho levantará uma foice e com ela se sentará no trono.
Estendeu as mão para que elas lhe tocassem em sinal de consentimento. Ana e Sara pegaram uma na mão esquerda e a outra na mão direita. A outra mulher deitou-se despida aguardando que o companheiro se aproximasse e a possuísse.
O vento fazia sentir-se naquela praia agora ocupada apenas por três mulheres e o corpo de um homem morto com sangue a correr-lhe dos olhos e das narinas. As três ainda dormiam. Uma onda avançou um pouco mais que as anteriores e tocou levemente numa delas fazendo-a acordar do seu transe. A noite ainda estava muito escura. Ela acordou as outra mulheres e todas elas voltaram para suas casas.
O dia seguinte amanheceu com a notícia de um homem achado numa praia por causa de um ritual satânico. Muito se falou sobre quem teriam sido as pessoas que tinham morto aquela pessoa que não era daqueles lados e muito se falou do que ela faria naquela praia naquela mesma noite. A polícia foi chamada e andou-se a perguntar e perguntar muitas coisas. Nada foi descoberto.
Os dias foram-se passando e a dado momento Inês é vista como aparecendo grávida. Felicitam o marido por após tantas tentativas terem finalmente conseguido o que queriam. Ana e Sara mantinham o segredo entre elas. Depois de o jovem ter nascido o marido de Inês quis que ela fosse baptizada mas ela opôs-se. Fez de tudo. Como não conseguira, e vendo o juramento que fizeram àquele demónio ela saiu de casa e exilou-se numa cidade não demasiado distante. Encontrava-se com as suas amigas na praia onde fizeram o ritual nas noites de Lua Nova onde renovavam os votos com o espírito que as assistira. O filho finalmente nasceu naquela mesma praia. Apesar da alegria tamanha que todas elas sentiram, sabiam bem que as vidas delas começariam a minguar, como a lua depois de cheia. Em breve se veriam com um andar mais pesado, como se a velhice as atacasse mais cedo. Nos seus olhos não brilhava a chama da juventude. As três sabiam que em breve uma nova era começaria naquele país e esses tempos teriam começado por elas. Se eram para bem ou para mal não sabiam, mas julgavam que para mal.
Maurício era um jovem com caracóis loiros nos cabelos, tal como o seu pai, olhos de azul marinho. Tinha agora cinco anos e ao passear na praia deparou-se com um estranho velho que estava junto de um rochedo. O velho olhava o horizonte com grande determinação. O jovem quis saber porque olhava ele o mar.
- Olho o mar porque ele me dirá o que te devo ensinar.
Desse dia em diante ele começou a ensinar o jovem todo o tipo de artes e conhecimentos. Além disso promoveu-lhe uma dura disciplina com o fim de tornar aquele jovem atlético, determinado e corajoso. O olhar da mãe de Maurício era agravado por uma mágoa que queria ela agora ver-se livre. Sabia que dentro de poucos anos os seus dias terminariam e o seu filho seria legado ao demónio.
A noite de Lua Nova surgiu em todo o seu esplendor e breu. Do mar uma voz chamava as três mulheres, haviam vários dias levados a chorar. As três obedientes foram até à praia onde encontraram o filho de Inês deitado no chão como se estivesse morto. A mãe começou a chorar rogando pragas ao demónio que as tinha socorrido, ele não cumprira a promessa. Um vento levanta-se do chão e percorre as pernas das mulheres tremendo de medo e largando-se à ventura de gritar os demónios. Dos céus aparece uma ave enorme com garras afiadas que rasga as roupas das três mulheres e aparecem vários homens com os olhos brancos e os corpos meio desfeitos. Eram os restos de cadáveres de homens que morreram no mar. os seus cadáveres insuflados de um pouco de vida pelos demónios cujas suas forças os animavam. Os homens prenderam as três mulheres e cavaram três buracos bem fundos no chão onde as colocaram deixando as cabeças de fora. Elas iriam ver tudo o que iria acontecer. Os homens voltaram para o mar largando um som profundo semelhante ao das baleias, como uma melodia estranha. As feridas que tinham no corpo não saravam e parecia que a areia ficava vermelha do seu sangue. Elas gritavam. O vento não tinha parado de soprar e junto do cadáver de Maurício estava um homem encapuçado. Notavam-se as mãos pálidas e magras.
- O vosso filho morreu para ser eterno. Os vossos corpos lhe darão alimento.
Nesse instante ele chamou por Maurício e ele levantou-se como se nunca houvesse morrido. Nos seus olhos brilhava uma fúria tal que o fez largar um grito que se confundia com o barulho do vento na praia. O outro homem entretanto desaparecera.
Assim que Maurício despertou do seu sono a primeira coisa que teve foi fome, uma fome descomunal. Aquelas três mulheres enterradas na praia seriam um petisco mais que ideal. Apesar de elas gritarem, bem sabiam que aquele era o seu destino. Haviam criado um monstro.
Os dentes de Maurício cravaram-se na pele da sua própria mãe. Ela tremia e pedia para que o filho se lembrasse dela. O seu desespero era tal que assim que morreu a sua cara manteve a sua expressão de apavorada. As outras duas mulheres foram a seguir. Quando terminou o jovem correu muitos quilómetros até cair cansado e sem forças.

Friday, March 13, 2009


resta-me um segundo da tua breve existência
do amor que me entregas em líguas de fogo
vomitando todas as línguas e saberes.

nesse segundo procuro tudo o que me entregas
um olhar um beijo uma carícia um toque
um pouco mais de ti ao luar nessa vasta praia

e entre o arvoredo te busco de espada empunhada
fazendo frente aos desafios e inimigos

assim é minha vontade em aproveitar
a tua forma e todo esse ser
que diante de mim vejo desvanecer.

oração

em ultimo recurso
aos céus peço a tua vida
lhes rogo que voltes
e faças em mim terna vida

bem-vindo sejas que vindo
te entregues ao que nos fez
o nosso elo, um dueto-mundo
e me tragas de novo à vida


já se sabe do tempo passado
das amarguras choradas pelas nuvens
sobre a tua vida - vida tão curta!
soubesse eu o caminho traçado
pelo deus de tudo sabedor
e melhor te poderia arrancar
ao Hades onde esquecer me queres.

pudesse eu seguir as tuas passadas
até à casa onde sonhámos
onde amantes pudemos ser
e nossas lágrimas saíam a correr
anseavamos a nossa vida largar
as tristezas, as dolorosas horas
fazendo mel e astro solar.

tempo

já sem tempo algum
espero a passagem das horas mortas
e de todas as horas vagas

vive-se dolentemente
uma vida insana presente
num contemporâneo

ouve-se o tic-tac
os seus compassos marcados
que soltamos no ar

tomam-se cafés
bebe-se o tempo restante
nesta morte adiada