Friday, September 23, 2005

deixando a casa onde estou percorro as ruas amarguradas pelo sexo citadino. homens passam por mim exibindo a sua potência enquanto a minha fragilidade se preocupa em sobreviver. não tenho o olhar do amanhã, mas cada dia que passa sinto o âmago na minha boca das pichas que chupei, dos cus que lambi, dos homens que visitei. não procuro encontrar resposta à minha decadência, não procuro achar nada por aqui. o meu sexo morre languido entre as pernas que não são mais minhas.
entram pelo meu quarto adentro gajos de todas as cores, fodemos todos na potente noite que nos abriga. santos partem, anjos caminham pelas ruas incendiadas da minha preguiça. pego nas chaves do carro e saio para uma casa de banho. espero lá cerca de uma meia hora e nada, parece que as ruas estão todas vazias de gente. vou até umas casas de banho esperando engatar alguém mas polícias rondam perto e todos se amedrontam. pelos cantos do wc só se ouve o correr da água, o descarregar das piças. os encontros inesperados esperam a ausência de brigadas.
sou levado pela minha corrente até à ponte. as luzes dos candeeiros soam a pirilampos incomodativos que nada têm de belo nesta minha noite.
tanto a minha cabeça como o meu coração estão longe. tanto as minhas ideias como os meus sonhos estão nesse gajo que vem de carro ter comigo todas as noites, que rasga a minha pele e esconde os meus medos. nesse gajo que me visita todas as noites e que faz escorrer de nós a intimidade do esperma batido, a intimidade...
a luz do candeeiro apaga-se. a lâmpada não haverá de ser mudada antes das próximas eleições, é o tempo ideal para nós esperarmos o aproximar desse carro negro que nos leva para um lugar mais reservado onde possamos foder.
este passar das horas...
estas noites de insónias...
esta vida de gay com ar de puta...