Sunday, December 19, 2010

Mais uma GayChoice sobre o Natal


Bem-vindos ao último Gaychoice deste ano. Sim, é verdade. Por muito boas coisas que aconteçam este fim de ano vou manter-me caladinho. Mas tem um motivo que vou explicar. Antes de mais vou voltar a falar da quadra natalícia.
No último GayChoice não apresentei alguns aspectos curiosos que vão fazer figura este Natal. Uma das particularidades é o facto de o Natal este ano ser pouco doce. Pois é, com a crescente procura de açúcar vários supermercados ficaram sem o acrescento doce para as receitas e os cafés da cidade viram os seus clientes a retirar descaradamente pacotinhos de açúcar. Muito comerciantes já se queixaram às autoridades e as mesmas informaram estarem a par da situação e a averiguar os ladrões responsáveis (pois…).
Assim sendo, nas mesas da consoada aparecem bolos como o pão-de-ló de pacotinhos do café chiado ou do café esquina. Por causa do crescente de roubos muitos comerciantes retiraram os pacotinhos à descrição e colocam eles o pacote na chávena.
Se os doces estão em extinção neste Natal, para compensar a nossa necessidade calórica nesta altura, parece que estão novamente na moda os salgadinhos. Os pastéis de bacalhau e os rissóis. Todas aquelas coisas feitas em óleo ou azeite que recomendo como prevenção (do mal o menos) a que sejam bem escorridos e secos, por favor.
Sal no nosso país nunca vai faltar, porque muitas lágrimas deste mar salgado são lágrimas de Portugal e com a crise que vamos vivendo, que tanto cansa já de ouvir falar, vai dando para renovar o sal do mar. Pelo menos isso.
Que mais existe para colocar na mesa? Muita coisa. Desde o caldo verde com a relva apanhada nos jardins das Câmaras Municiais temperadas com um caldo Knorr, um arroz de pato que fugiu para o Brasil ou uma posta de bacalhau bem fininha e cheia de espinhas, que as boas postas por esta altura são mais que caras e há sempre um presunto que ofereceram o ano passado pago com cartão de crédito ou que saiu nas rifas das festas de verão.

O vinho do Porto também não pode faltar, esse vinho que é tão nosso como as províncias ultramarinas, assim como o azeite, de preferência Oliveira da Serra porque têm o maior olival do mundo que ainda se estende por Portugal.
Acima de tudo, mesmo com a crise que espalham e sentimos na carteira, penso, e esta sim é a minha mensagem para todas as pessoas que lêem o meu blog, que devem procurar estar com quem gostamos, de procurar falar. Se não puderem estar presentes, existem telefones, internets, acho que rodearmo-nos das pessoas que amamos é o mais importante. Não criar falsos sorrisos ou estar a ligar aos presentes que nos oferecem. Se não podemos oferecer, não oferecemos, não devemos esperar que nos ofereçam algo por igual. Se tivermos uma pessoa que talvez não nos seja próxima, talvez seja o momento de a vermos e mostrarmos que ela pode falar connosco que estamos prontos a ouvir. Não estamos lá com um sentido de obrigação, mas porque queremos mesmo estar. Se queremos estar sozinhos este ano, que estejamos e aproveitemos esse tempo para pensar no que nos pode tornar felizes, ou que mimos nos podemos dar. Aproveitemos este Natal para saborear a vida. Aproveitemos o Natal para lembrarmos os amigos verdadeiros, que queremos levar para a vida. Aproveitemos para estar com alguns deles. Aproveitemos para saborear aquela música. Desliguemos os televisores ou vejamos um filme que verdadeiramente nos inspire. Peguemos num livro de poesia que nos leve a sonhar ou num romance que nos faça sentir que ainda estamos vivos. Lembrem-se que acima de tudo ainda estamos aqui. Lembrem-se que somos pessoas e o dinheiro não traz felicidade, mesmo no Natal. Lembrem-se haver pessoas em situações piores que a nossa, alguns nem sequer se queixam, mas sabemos as voltas que dão para se manterem à tona. Porque havemos de nos queixar? Que no próximo ano exista mais esperança. Levantemos os olhos. Ouçamos a sinfonia dos astros e sonhemos. O mundo pode ficar pior, e depois? Que mal tem isso? Quem estiver mal que se mude. Eu não me quero mudar, pelo menos para já. A provar isso tenho a companhia destes moços na minha secretária. Ainda há coisas boas no mundo, não é verdade?

Como disse este é o último GayChoice deste ano. Lembro que prometi algo para o próximo ano e está ainda em preparação. Por isso vou encerrar temporariamente para balanço, passando pelo blog para tratar de comentários e para ir metendo alguma poesia ou coisa pequena. Volto ao GayChoice em 2011 e espero que melhor que nunca.
Lembro neste final de ano que houve muita coisa que fiz. Talvez tenha sido dos anos mais produtivos a nível de blog e por isso agradeço a todos os leitores que de uma forma ou de outra contribuíram este ano no presente blog. Me despeço. A todos… Fuck Xmas I Got the Power!
It’s a GayChoice de hoje

Sunday, December 12, 2010

Um GayChoice para a quadra do poema natalício

Ora bem, neste GayChoice de hoje vou falar sobre... Não é que queira. Aliás, detesto mesmo o tema que vou falar e não posso ser demasiado afecto à minha opinião, assim como tenho de fazer o meu retrato do que se vai passando e dar umas pinceladelas de toque gay na coisa. Por muito que não goste da quadra, vou mesmo falar do Natal!
Começo a época, ainda estávamos em Novembro. As luzinhas começaram a brilhar e a conta de electricidade a pagar pelos contribuintes começou a ser elevada ao expoente da loucura. Valha-nos que, esperemos, as despesas de estado já incluam uma parcela de gasto energético na energia desta quadra, não apenas de luz mas também de calorias a ser ingerida por um grande número de pessoas a fazer-se passar pelo Pai Natal.

Tal como as ruas das cidades deste país, começaram também as catedrais do consumo, de nome centros comerciais, a envolver-se nesta época comovente e a fazer brilhar as suas luzinhas tão irritantes e a soar as suas musikinhas de Natal que ao dia 24 já ninguém pode ouvir. Coitados dos que lá trabalham! Falando em consumo e em prendas, todos temos no sapatinho no dia 24 à noite uma enchente de presentes que a maioria dos quais são-nos oferecidos por pessoas que muito conhecem de nós e nos dão com o maior esmero o "presente" ideal. Em geral falham redondamente e segue-se após a época natalícia a época de trocas dos presentes nas lojas onde foram comprados. Por causa destas e de outras a loja virtual stupid.com lançou a lista dos presentes mais estúpidos para este ano. Aqui vai a lista:
Gorro e protector para barba e cabelo em lã;
Calendário de homens bonitos com animais bebés 2011;
Visco branco de viagem;
Mug de café retrete;
Cornos de rena cantantes;
Gravata-almofada;
Sabonete com perfume a morango em forma de caganitas;
Imans de frigorífico com ícones de IPHONE;
Bonecos para cães judeus.
Além destes presentes, esta é sempre uma altura que aparece de tudo o que se possa imaginar para confortar o nosso Natal e o tornar o mais cómodo e familiar. Que se veja o caso dos cheques oferta que uma empresa de advocacia está a oferecer com descontos para divórcios. Segundo um dos membros da empresa, não se trata de incentivar o divórcio mas sim possibilitar uma opção aos seus clientes. Eu coloco as minhas dúvidas, mas isto deve ser do meu ar antiquado. Eu vou mais fundo, se divorciar é um problema, para quê casar?
Além dos presentes e das correrias desenfreadas pelos centros comerciais, existe depois a construção e montagem das árvores de natal. Todos os anos se tenta arranjar a maior árvore de natal do mundo. Todos os anos bate records, pode ser até ao dia que uma venha a baixo e mate algumas quantas pessoas com os seus "pesados ramos enfeitados". Os pingentes são colocados com todo o primor na árvore e as luzinhas postas do modo mais apropriado. Algumas pessoas colocam guloseimas a enfeitar a árvore e outras preferem mais as jóias para acalentar as suas necessidades de luxo. Há árvores para todos os gostos, inclusivamente para todos os cheiros,valha-nos isso. Passado um mês nem metade são vistas em vasos mas antes a rebolarem pelos contentores do lixo. Eu vou usar uma das minhas plantas de casa e ser mais ecológico.
Além das árvores existe o presépio. Este ano existem presépios com roupas confucionistas e de aspecto oriental. Ou seja, até o Natal está a ser invadido pelo oriente! Para além dos presépios mais bizarros, podemos sempre ter em casa o nosso presépio tradicional. Este ano, ao que consta, a venda de presépios diminuiu, me pergunto porquê? Será por este ser um ano de crise ou por andarem a roubar os presépios das igrejas? Não têm vergonha, ao menos no Natal sejam um pouco mais ajuizados. E façam o favor de não usar as figurinhas para algumas das vossas práticas mais escabrosas que a coisa pode não correr bem e ao irem para as urgências alguém se ficar a rir na vossa cara mais vermelha que um pimento dourado à frente da fogueira de Natal.
Tudo isto é Natal!
Mas como diria o Lengendary Tiger Man: Fuck Christmas I got the blues!

It's a GayChoice de hoje.