Monday, October 04, 2010

Pink Washing - vamos lavar a roupa suja


Pode parecer que me vou dispor a falar de algum produto para lavagem de roupa. Até poderia falar, mas o assunto não é para pensar rosa e esquecer as nódoas; ou melhor, até pode ser mas não no contexto de roupa. Assim sendo vou iniciar a minha explanação falando mesmo de detergentes.
Todos somos diariamente confrontados com anúncios violentos de marcas de detergentes em que um faz aquilo, outro faz isto, outro é mais barato e tão bom como os outros,... a escolha num supermercado é sempre complicada e os anúncios televisivos massacram os nossos olhos. Detergentes e mais detergentes. Restos de uma civilização que serão depositados nos rios, nos lagos, nos mares. Mas não é sobre ambiente que vou falar.
Em Abril deste ano aconteceu que em São Francisco no âmbito do Jewish Film Festival, foi apresentada uma série de filmes israelitas para o Mês do Orgulho Judeu (afinal não são só os gays que têm Prides...) e que a maior parte dos mesmos se centrava na temática homossexual em Israel. A verdade é que a maior parte destes filmes terem sido apoiados pelo governo israelita.
Um caso idêntico se passou no Festival Queer de Lisboa, onde o grande patrocinador do evento foi a Embaixada de Israel. Durante o evento houve quem se manifestasse, mas toda a manifestação foi como que "branqueada" e não publicadas opiniões sobre o assunto.
O termo "pink washing" aparece então associado a estes dois eventos. Israel, como a única "democracia" do Médio Oriente, são ideologicamente gay-friendly, defensores dos direitos das mulheres, assim como não são fundamentalistas islâmicos. O que acontece é que, além de o estado de Israel pertencer ao Médio Oriente com uma cultura não igual aos estereótipo ocidentais, se entra numa espécie de armadilha. Israel promove a aceitação das diferenças e promove a aceitação de pessoas perseguidas, mas de modo hipócrita.
Cada um de nós em Portugal, nos dias em que se comemora a implantação da república, somos aceites enquanto gays por todo o país e não teremos (falo a nível geral) cidades onde não nos aceitam por sermos quem somos. Se formos Palestinianos, teremos de sair de uma cidade para outra de modo a sermos mais aceites, pois na cidade onde estamos não podemos viver as nossas vidas de forma digna.
No Festival Queer, a propósito dos financiamentos pela embaixada, vários realizadores retiraram os seus filmes do festival como forma de mostrar o seu desacordo por um festival que deve ter em conta os Direitos Humanos ter aceite o magnífico Bolo de Chocolate oferecido por esta entidade.
E qual o fim desta lavagem? Muito simples. Lavar nódoas, camuflar o que está mal e mostrar que são "defensores" dos Direitos Humanos. Numa opinião de um membro de organização israelita, "Israel está abençoado com uma extremamente vibrante comunidade LGBT".
Tenhamos em atenção que neste país decorre uma guerra que opõe duas raças e que no caso da forma de actuação da fracção israelita, as coisas não têm seguido muito as "normas éticas" de tratamento de um país democrático. Fica a chamada de atenção.

Os maiores cumprimentos GayChoice

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