Recorda-me sempre de mim
Sempre que me olhares
E nos sentidos despertos recordares
Os beijos vindos de mim
Procura achar as tuas asas
Quando chegar o momento
De desespero ao pensamento
Chegar e te partir as asas
Olha bem o estranho quadro
O meu rosto nele estampado
Com algas no couro cabelado
E manchas pretas em todo o quadro
Relê todas as minhas cartas
Escritas com sangue de sereia
Letras fugazes, palavras de areia
Que enchem folhas nessas cartas
Ouve a nossa música
Todos os acordes desse bater
Os corações a pulsar, paixões a ferver
Cheios de cor e música
Mastiga as nossas roupas
Que se fizeram asco, fel
E recorda as belas noites de mel
Em peles nuas, sem roupas
Vejo que nada te fugiu
Que buscas na vida a beleza
Mas nas mãos uma certeza
Um coração que não te fugiu
Levei para te achar anos
Brinquei com fogos amorosos
Comi gajos deliciosos
E passaram-se anos
A estação da nossa vida
É feita de comboios que vão e vêm
Feita de coisas que nada têm
Feita de fumo vazia de vida
Fizemos alegres festas
Cheias de gente conhecida
Depois vinha aquela hora perdida
Em que a tua mão me fazia festas
Soube que era sonhar impossível
Com coisa tão áspera e dolorosa
Com essa vida escondida mentirosa
Com um amor de todo impossível
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