Monday, September 25, 2006

Dominó Negro (07-Set-06)

Visto o meu fato de dominó negro
Com duas pintas por cinco
Fato pobre o meu
Mais pobre que arlequim pois esse virou moda e chega a custar mais.
Baile.
Afundo-me no meio da multidão
Incógnitos no meio de um baralho de dominós negros
Que não têm dinheiro
Ou não querem ser reconhecidos.

Não brilho na dança
Nem espero encontrar par
Procuro ver-me perdido no meio da gente
Que mais não tem que fazer
Apenas piropar.

A roda gangrena na valsa da meia noite
Sem me dar conta empunho uma loura inglesa
Pede-me que dance.
Eu acedo sem me recuperar do susto.
Voltas e voltinhas...
Saltos...
Um...
Dois...
Três...
Próximo andamento...
Ritmo...
Sob o jugo de uma mão ao meu ombro procuro dançar
- Triste destino o meu, só queria ficar só -
Espero ansiosamente que a musica acabe
Dar uma desculpa apressada,
Sair.

Vejo-me em casa.
Dispo o meu triste fato de dominó negro
Deixo-me cair na piscina
Afundar-me.
Ouço uma sinfonia enquanto boio sem destino.

Preto...
Preto...
Funerais...
Abadias, coisas non sense no tom da sinfonia.
Cheiro a naftalina do dominó à espera do próximo baile.

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