Wednesday, September 20, 2006

06-Set-06

Depois de a fúria e a ira terem passado, eis que uma vontade de fugir me assalta. Sinto-me ser perseguido neste lugar por pessoas que me não querem. O meu corpo mexe-se, agita-se dentro de uma carapaça apertada da qual não consigo sair. Assalta-me uma vontade de gritar, mas não sei que palavras dizer. Subo escadas e desço-as; volto a subi-las e outra vez a descer procurando acalmar a inquietação que me revolve as entranhas. Esqueço-me de que estou vivo sonhando ser um fantasma na mansão dos Canterville onde choro a minha rejeição. Pinto-me de vermelho para lembrar que tenho sangue uma vez que nem água nem fel escorrem de mim; refugio-me nos lençóis da minha masmorra esperando que de mim ninguém se lembre.
É manhã. O meu corpo transpira já o meu destino e a minha boca anseia por um pouco de água. Eu poderia abrir o chuveiro e aproveitar a minha nudez banhada de sol para me refrescar. De nada vale; as correntes que pesadamente arrastam o meu destino forçam-me a fazer o mesmo de sempre na minha mansão. A minha alma deseja rejeitar este lugar e fugir para um jardim…
Sentado espero a meia-noite. O cu dói-me de tanto tempo passar nesta posição e a minha garganta sufoca a aspereza do quente ar. Pego nos meus olhos e limpo-lhes a pupila; talvez consiga deste modo ver uma saída onde ainda tenho andado cego… todos os momentos me fogem das mãos e eu carrego tristemente o meu destino
Se ao menos o sol me despertasse no horizonte…

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