Monday, September 18, 2006

28-08-06

Estou no bar do costume à espera dele. Nada é que habituado não esteja. Sento-me, olho as horas e penso no tempo que posso dedicar à sua espera. Os minutos passam e isso parece não acontecer. Passa um pouco o tempo e viro mais uma folha do livro que leio, nesse capítulo que está prestes a acabar. Ele não vem. Uma espera interminável, um desespero constante. À leitura retoma o meu pensamento. Esqueço o motivo pelo qual ali estou à espera. A certo momento sinto que não estou a fazer mais nada ali. As minhas engrenagens de miosina deslizam para que possa ir pagar e sair.
Dou uma passagem pelos lavabos. Ele também ali está. Parece-me que entrou agora. Quando vou aos lavatórios ele também lá está.
- Onde tens estado?
- Por aí…
- Não tínhamos combinado qualquer coisa?
- Talvez… Perdi a noção das horas.
Ele olha-se intensivamente e de forma muito comprometedora. A nossa fixação um pelo outro é tamanha que ao entrar alguém na casa de banho a nossa concentração é perturbada e agimos de forma fria, voltando o nosso pensamento para o lavar das mãos.
- Fartei-me de te esperar.
Saio da casa de banho ao mesmo tempo que ele. No entanto, assim que atravesso o vão da porta perco-lhe o rasto.
Horas depois ele vem ter comigo a pedir-me para tomarmos banho juntos. Eu acedo. Enquanto encho a banheira de água e espuma apercebo-me que “se eu me afogar nesta água, ele afoga-se também”.

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