Monday, September 18, 2006

01-Set-06

Mira-se o fim com um copo de aspirina na mão, uma dúzia de varizes e uma constipação para ajudar. Há três dias que não ouço o som da tua voz e isso deixa-me enfermo. Não como, não durmo, trabalho até a cabeça estourar, fico noites inteiras numa constante insónia, adormeço ao som de panfletos cartazes e anúncios, perco peso.
Os McDonalds’ e as Coca Colas revolvem o meu estômago, reparo em recortes de jornal mostrando tatuagens, acidentes de viação, pessoas assassinadas e recordo a minha morte envolvida em paninhos de alquimia. Rasgo uma revista de moda porque nem Versace nem Dior, Cavalli, Chanel ou Hugo Boss me caem bem, destoando no meu tom de pele.
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Há três dias que não te vejo e sinto que essa onda a embater contra mim me atira para o infinito como em The Perfect Storm. Penso que não mais me queres ver e por isso a necessidade urgente em fugir. Fugir de ti, fugir de mim, dos outros, desta coisa a que chamamos vida, mas em mim a vida escoa-se a tons quase invisíveis como o cair da areia no relógio de Alexandre.
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O tempo da espera mata-me enquanto a esporra das entranhas me extasia numa fantasma sensação de prazer. Procuro esse prazer que me davas e que vejo agora tão distante. Entro numa disco para dançar um pouco. Procuro divertir-me, quem sabe conhecer pessoal, mas a minha impaciência em breve toma conta de mim e sem conseguir controlo atiro o dinheiro à empregada e saio.
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Entro no parque. Noite alta. Alguns carros parados fazem vigia nocturna às pessoas que passam. Procuro mijar o que trago na bexiga e um gajo olha-me constantemente. Não é bonito, mas isso não me incomoda, nada quero com ele. Dou corda aos sapatos e noto que me segue constantemente. Perco a noção das horas e do sítio onde estou. Sinto-me como um louco.
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Volto à discoteca
Volto a sair
Desço a rua
Sento-me num banco
Farto-me de esperar
Vou para casa
Tiro a roupa e enfio-me na cama
Não durmo. Bato uma punheta
Venho-me e ainda estou sem vontade de dormir
Acordo às seis da manhã
Emborco o pequeno-almoço num trago
Faço as malas a correr
Corro para o autocarro
Vou a 100km/h para o meu destino
Apanho um táxi
Entro em tua casa
Apanho-te com outro
Saio a correr para lado nenhum
Recuso as tuas chamadas insistentes
Entro num bar
Engulo uma vodka
Bebo outra
Apanho uma bebedeira
Levam-me à tua cama
Durmo…
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