Sunday, July 10, 2005

Um conto homoerótico

às quatro da manhã acordo
não é o teu perfume que me cerca
a tua presença não está junto a mim.
Fumas um cigarro junto à janela. Olhas a lua procurando repousar a tua alma
Vejo que algo te preocupa e não me queres dizer. Julgas que durmo. Enquanto isso levantas-te e procuras um conforto em algo que não sabes bem de onde virá.
Eu bem senti a cama molhada naquele dia em que saíste mais cedo.
Fiquei a olharte longamente naquela noite. Tu não me viste mas eu bem reparei que à janela tiravas toda a tua roupa enquanto choravas. Passavas as mãos pelo corpo ao mesmo tempo que via o teu pénis a aumentar. Sabia que a minha frigidez te atormentava e por isso resignei-me ao silêncio. Sentia-te cada vez mais afastado nos últimos tempos, foi isso que me levou a procurar-te nessas esquinas da tua vida secreta. Procurei saber se saías com outros gajos mas isso parecia não se verificar. Tentei perguntar-te sobre rodeios o que se passava e tentar levar-te a conversar sobre o que te assustava. Tu nunca foste de falar muito. Tu nunca tentaste dizer-me que gostavas de mim. Pegavas no meu corpo e controláva-lo como o querias. Eu nada dizia. Davas-me prazer. Quando tu me possuías em todo o teu fulgor ardia dentro de mim uma chama que não se apagava.
Afastaste-te. Não sabias como resolver o teu problema e enclausuraste-te numa redoma à espera de encontrares saída. Despiste-te como quem despe um morto, despedias-te de algo que ainda não sabia o que era. A tua erecção enchia-se de lubrificante. Sabia que naquele dia aquela tusa não seria minha mas mesmo assim sonhava tê-la. Só o facto de te estar a ver tão distante como há dias te vejo...
Enquanto te passeavas pela sala até pousares o teu corpo na porta envidraçada que dá para a varanda. Vejo o vidro a embaciar-se.
Os músculos da carne das tuas pernas contraiem e distendem-se. A pele lisa estica-se e encolhe enquanto na cama me enteso todo esperando não chamar muito a tua atenção. Para minha surpresa passas a mão pelas tuas redondas e lisas nádegas. os teus deslizam pelo corpo entrando pelo buraco que nunca possuí. Vejo-te fazeres sexo com o vidro e a seres penetrado por ti mesmo. Eu, dali, naquela cama, agito o que em mim se excita. Também eu choro.
A certa altura deixas de te poderes controlar e vens-te mesmo no vidro. Eu também me venho. Levanto-me e vou à casa de banho mostrando não notar a tua presença. Quando volto à cama já lá estás. Pergunto-te onde estiveste e tu dizes que foste fumar um cigarro. Ainda vejo o seu sexo um pouco endurecido, valha-te isso, nunca me deixaste de desiludir com ele. Sinto-o entre as nádegas mas tal como nas noites anteriores nada mais acontece até amanhecer.

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