Tuesday, May 15, 2007

há lugares onde ninguém deveria ir sozinho
onde as nossas barreiras se quebram e vaga
o espaço numa leve melancolia a arder

uma dor alucinante cheia de impiedade
algo tão silencioso como só um grito sabe ser
e de tanto doer passa e nem notamos afastar-se

como essa dor é tão minha, oh, essa dor
e eu não ser esse tão esbelto apolo que se afigura...
rasgando os céus nesse carro ardente

não quero eu ir para casa
não quero ter mais lágrimas
ou outras dores estampadas
em um rosto doce feito fel
com a mágoa acorrentada
posso jurar nunca ninguém
vi que olhos chorassem tanto
como os meus que tão lavados
secaram, assim é o poeta
que chora por ter de chorar
sonha sem nunca acordar
vindo sempre de um lugar
onde fica a hora é incerta
e o desejo ardente marado
um lugar onde tudo é tão extenso
feito longe, feito mar de incenso

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