Monday, November 18, 2013

palavras de um anjo

o som dos teus passos corre-me nas veias
caí... por  ti eu cai. fiquei sem asas. fiquei sem destino.
o beijo que te dei foi o princípio da minha escuridão
foi o momento que os meus olhos se fecharam para começar a ver o teu mundo. para começar a ter em mim as tuas palavras e as tuas carícias.
o momento que derramaste o sangue sobre mim no ritual
não fez mais que me trazer para ti
e não sinto mais qualquer carícia
qualquer  vontade de te acariciar
qualquer vontade de beijar
cai no mundo
cai na catedral
não voltámos a ver-nos. não voltaremos a reencontrar os nossos olhares
tu procuras-me onde eu já passei e eu vou onde tu nunca foste
não nos vemos
hoje estou junto ao um mar
amanhã estarei nas ilhas perdidas
já perdi todas as ilhas paraísicas
só me restam as outras
ao meu destino tu me condenaste e eu deixei
eu condeno agora
o teu corpo a uma imortalidade
a uma perseguição pelo meu corpo que nunca mais terás
abandono a tua presença
escolho um caminho ignóbil
para fugir à luz que me tiraste. para fugir de ti
sei que te condeno como me condenaste
sei que nada tenho a dizer-te
mas ainda assim insisto em ser-te um monstro e deixar-te esta nota escrita onde sei que tu virás e a encontrarás e eu prolongarei o teu sofrimento
insisto em ser um monstro
insisto em abandonar-te
insisto em largar-te e continuar a desejar que me sigas
que peques por minha causa
quanto mais eu peco mais erros acumulas
é essa a tua sina
a minha é nunca mais voltar para a luz
que os seres que abandonam os exércitos celestes
nunca mais a eles voltam
e os que deles se apaixonaram
geraram monstros.