Friday, December 16, 2011

GayChoice - Mais um N.A.T.A.L.

Começo o GayChoice de hoje com uma coisa: estou farto de Indonésios! A mandar mensagens por aqui e por ali de isto e daquilo. Não que responda, que prefiro outro tipo de gajos, mas porque tenho de ter trabalho a apagar. Já não bastavam as publicidades de sites de viagras e vibradores! As revoltas e indignações são uma constante no nosso país pelas medidas de austeridade, mas sobre isso não vou falar muito que servem os analistas e comentadores políticos. Prefiro antes falar e comentar relacionamentos. Acho mais divertido meter-me na vida das pessoas.
Para isso vou falar, como vai sendo costume no meu blog por esta altura, comentar o N.A.T.A.L. – Nada a Acrescentar de Taxas de Luxúria. A verdade é que esta época do ano é festiva demais para podermos seguir com calma a nossa vidinha. Depois da euforia do verão, falo claro do hemisfério norte, que no sul o Natal é no verão, como dizia, depois da euforia do verão vemo-nos quase de seguida no meio de árvores verdinhas cheias de luzes e bolas coloridas e tudo isto é lindo, tudo isto é Natal. E uma figura que vemos em todos os centros comerciais é o Pai Natal. Este ano como as medidas de austeridade vai ter mais trabalho. Que o digam os Pai Natal da Roménia que têm as suas crianças a escrever as maiores cartas ao dito senhor. O senhor das barbas brancas deve estar com saudades dos tempos em que a escrita era fortemente controlada. Agora que virou para o capitalismo, tem que se haver com estas coisas… Tempos Modernos.
E neste N.A.T.A.L. o que não vamos ainda pagando a mais é pouca coisa. Transportes vão ser mais caros, ordenados reduzidos, mais despesas a dar ao estado. Será que o Pai Natal também tem este tipo de problemas, vejamos: não utiliza combustíveis fósseis e não tem problemas com a gasolina, a não ser que tenha-se modernizado o seu trenó. E que dizer dos ganhos em cada casa que visita com os doces e leite que as pessoas deixam para ele beber. Será que vai ver de dar ao estado um terço do que come? Se assim for, este ano o Pai Natal não vai mais ser o gordo homem vestido de vermelho, mas vai ficar magrérrimo. Além disso temos também os aumentos nas luzes. O que vai dificultar a tarefa do Pai Natal que não vai mais ter orientadores a descobrir casas onde pousar o seu trenó e vai andar às apalpadelas. Por isso se acordarem a meio da noite com um apalpão no cu não se admirem. Se tivesse posto mais luzes de Natal em casa nada disso acontecia. Por isso avenham-se com as desventuras do velhote.
E que prendas vai haver? Andei a vasculhar pela net alguns exemplos de coisas que podem ser oferecidas como best sellers. Apresento por ordem de vendas: 1. Um Pai Natal a peidar-se – uma figura que manda sons de… gases intestinais. Já o P.N. não pode ter um pouco de privacidade! 2. Pendurico de Mãe Natal sexy – para colocar na árvore de natal uma senhora muito sexy, será que posso encomendar um P.N. sexy para a minha, que seja bem definido, estilo australiano?
3. Pai Natal que se aperta – ao apertar-se o P.N. ri-se e roda e abana todo como se lhe estivessem a fazer outras coisas. Pleasssssssssseeeeeeeeee! 4. Bolo de gengibre para pendurar - tem a figura do homem gengibre a ir à mulher gengibre. Eu aguardo a versão gay da coisa. Depois como o biscoito e digo que estive num menage a troi com dois homens gengibres. 5. Ornamento Bacon para pendurar - mas que raio?! Querem fazer uma árvore de natal barbecue? 6. Mãe Natal em cima do P.N. para pendurar – tenham um pouco mais de decoro! Coisas dessas nesta altura do ano! Já não há respeito! 7. Ti-shirt “I’m not Santa” – Uma coisa decente. Pelo menos mais discreta, porque diz: Não sou o Pai Natal mas podes sentar-se ao meu colo. Ao menos mais decoro e apenas propostas indecentes. 8. Ti-shirt fato de pai natal – uma alternativa mais leve aos fatos pesados e quentes para quem anda vestido de P.N. nos centros comerciais. 9. Ti-shirt “Merry Christmas Asshole – ideal para oferecer a quem pouco se gosta. De preferência afastem-se antes de abrir o presente. 10. Mãe Natal em cima de um pénis erecto – repito as minhas palavras atrás: aguardo versão gay. E depois há as músicas e as peças de Natal. Falando nisso, de avisar que se virem o George Clooney a fazer de Gay não se admirem. O actor decidiu fazer uma peça neste natal relacionada com a forma de tratamento distinta entre gays e heteros. Será que os anúncios da nexpresso não ter também essa versão gay? Hummm!
Versões homo de coisas natalícias como festas natalícias e todo o tipo de delícias de formas mais ou menos ousadas que coloco uma de lado para me confortar ao lado da fogueira. Para que o próximo ano seja mais feliz e mais Christmas Carrolling que este, porque vai sendo tempo para isso. Vos deixo com umas figurinhas natalícias…
Um Merry Xmust! It’s a GayChoice de hoje!

Wednesday, August 31, 2011

As Mãos do Homem Água

Umas mãos cheias de água saem
do mar. Trazem consigo um corpo
de homem que visita os sonhos mais
incautos de outros homens na noite
que menos esperam.

As mãos vêm cheias dos mais perversos
vícios. Aqueles que qualquer cristão
homem enterraria num confessionário
mais perto de si. Tal nem sempre
acontece e ele espera.

As mãos do homem que sai das águas
do mar vêm cheias de sonhos
sexuais de homens dados ao vício
de se perderem longe de si mesmos
sem nada a esperar.

E das mãos desses homens sai
o mar que traz consigo as ondas
de sonhos que visitam o homem
das mãos que saem das águas
e bem te esperam.

Das suas mãos que do mar saem
cheias vem de presente um corpo
de sonhos e vícios que os homens
incautos não podem ter perto
enquanto esperam.

Que suas mãos tocam o homem
de mar com o corpo de sonho-vício
a que todo o homem se entrega
quando nada se tem a perder
antes da espera.

Que as suas mãos, do homem saído
da água trazem vícios sexuais
que os homens incautos queriam
enterrados no confessionário mas
antes as esperam.

Sunday, August 28, 2011

Uma GayChoice - Uma lista para ouvir no feminino

1 - Around The World


2 - All the Lovers


3 - Express Yourself


4 - Evacuate the Dance Floor


5 - Get The Party Stared


6 - Wet


7 - Dance Dreams


8 - Haunt me


9 - Fireworks


10 - Nite Time


11 - When Love Take Over


12 - Believe


13 - Rocket


14 - Sober


15 - Poison


16 - Sleeping In My Car


17 - Teenage Crime


18 - Miss

Sunday, July 24, 2011

Uma GayChoice - Uma lista para ouvir

Ficam umas sugestões musicais. Podem agradar a uns mais que a outros mas não posso agradar a gregos e troianos. Como estamos no Verão, mesmo não se notando, fica uma sugestão mais dançável.
Lista:
1. Shine on me - Taito Tikaro & Ferran
2. Pulpo negro - Pedro Marin
3. Reach for the Stars - Antoine Clamaran
4. In and Out - Armin Van Buuren
5. San Francisco - Cascada (San Frandisko Remix)
6. Total Eclipse Of The Heart 2011 - Nicki French (Total Bromance Club Mix)
7. Alexandro - Lady Gaga (Dave Aude Radio Mix)
8. Cooler than Me - Mike Posner (Gigamesh Final Version)
9. Happiness - Alexis Jordan (Deadmau5 Extended Mix)
10. Taio Cruz - Dynamite




















Uma GayChoice - Um livro a ler

Como estamos no verão e sabe bem a praia fica uma sugestão de leitura de um livro que tem vai dando que falar pela sua beleza e ao mesmo tempo pela sua rebeldia. Falo do livro: Os Anjos Maus de Eric Jourdan editado em 2009 pela Bico de Pena.
O texto conta a história de dois rapazes muito novos que partilham um conjunto de experiências que vão do erótico ao violento.
A primeira vez que li o livro  fiquei inundado por um texto impressionante que rasa o erótico com uma tal pureza de juventude que chega-se a esquecer de toda a relação. O livro desde a sua publicação que foi considerado "impróprio" devido ao seu conteúdo.

Os Anjos Maus é sobretudo uma «história de amor sobre aquilo que nos dá uma protecção eterna contra a velhice: o sangue e a pele da juventude.» Pierre e Gérard são primos, estão dispostos a tudo, e vão pagar caro a paixão que os une. Como diz o narrador, «o homem harmonizava-se com a sua necessidade.»
«Matei por amor. Recordo toda a noite. Pierre estava preso a uma trave baixa; eu tinha atado os seus punhos com uma corda. [...] O chicote era o meu braço [...] Eu deixara de ser um rapaz, era a violência com rosto de rapaz.» Gérard viola e mata Pierre por ciúmes. É uma cena brutal: «Vi que havia feito amor no sangue.» O suicídio é o corolário.
A história é contada a dois compassos: primeiro a narrativa de Pierre, nimbada de lirismo e melancolia; depois a de Gérard, sem poupar no grafismo, em particular nos episódios envolvendo terceiros. Com Philippe, por exemplo: «O seu perfil abriu-me as nádegas. [...] Agarrei-lhe a nuca por baixo e esmaguei-lhe mais a cara. A sua língua violou-me [...] eu sentia-me mais viril, pois a minha força inspirava essa homenagem e o homem que em mim havia gostava de se dar ao luxo de um prazer passivo.» Não admira que o puritanismo do pós-guerra se tenha sentido ameaçado. O silêncio dos intelectuais continua a ser um mistério.

Com elementos de Pierre & Gérard, in Ípsilon, 30-1-2009, p. 35. Quatro estrelas.

Uma GayChoice - Um filme a ver

Um filme que num destes dias à noite estive a ver e que recomendo. Não se trata de mais um filme gay a criticar fortemente a Igreja Católica ou mais um filme sobre pedofilia e abusos por padres. Trata-se de um filme que consegcom ue um concílio entre duas coisas: uma profissão que exige a castidade e os problemas do mundo sexualizado em que vivemos.
O Padre Greg Pilkington (Linus Roache) é colocado entre as suas chamadas como padre católico conservativo e a sua vida secreta como homossexual com um amante gay. Depois de ouvir a confissão de uma jovem dos abusos incestuosos do pai dela, Greg entra numa imensa luta espiritual e emocional intensa na decisão entre escolher as coisas morais acima da religião e de uma vida sobre a outra.
O filme em si é simples, sem grandes efeitos, mas com desenvolvimentos interiores fortes. Podemos entrar dentro das personagens por teres uma construção forte.
Assim sendo, peguem nas pipocas, sentem-se no sofá sozinhos ou acompanhados e desfrutem  - que é para isso mesmo que estamos nesta terra...

Realizador: Antonia Bird
Argumento: Jimmy McGovern
Actores principais: Linus Roache, Tom Wilkinson and Robert Carlyle
País: UK
Língua Original: English
Data de estreia: 19 Janeiro 1996 (Portugal)




Quadro com um anjo


Em sonhos em vejo um anjo. Um anjo a cair do cimo de um edifício. E reparo nos olhos fechados, aguaradam o fim. A queda é longa e a vejo lenta.
No meu sonho os seus cabelos são vermelhos. Estão ardentes de paixão. A paixão que recusei. O seu corpo veste-se de feridas ainda não saradas, veste-se de sangue e suor. Suas asas não mais funcionam. Como um gato diante de Alice elas vão desaparecendo. Ficam cada vez mais ténues. Por fim ficam invisíveis.
Todo ele se abandona à queda. Ele sabem que vai morrer, e quere-o. O vento acaricia-o, aconchega-o. As asas do vento beijam-lhe o rosto. A boca romã vermelha mantém-se inexpressiva, pura. Como aguardando um beijo. O meu beijo
O corpo se abandona na vertigem. Desce. Aceita a gravidade. Por cada instante foi empalidecendo. Ele afunda-se até ao abismo da morte. Como o corpo arrefece! Esse desprendimento é largado à maior das decepções. O corpo na queda vai abrandando o seu ritmo. Esquece de ter de dar alento.
Eu o vejo cair em meu sonho.
Ele cai pela força que o puxa. Cai com a tentação de Lucifer a descer ao lugar dos condenados.
O coração esquece. A alma abandona. O corpo arrefece. O sangue gela nas veias. Torna-se pedra. Esquece de correr.
Num curto instante. Tudo num instante.
Vejo-o cair.
O chão aproxima-se.
Qual copo de cristal, chega lento ao chão. Parte. Estilhaça. A dispersão do seu corpo leva-o ao Hades. Torna-o uma nebulosa de estrelas.
Um clarão.
Tudo se apaga. Ele se abandonou até ao último golo de vida pelo viver do seu amor. E eu, eu o recusei.
Eu o vi cair. Nada pude.

Quadro com um anjo


O ser demoníaco que era anjo precipita-se do topo da catedral. A sua vontade primeira é suicidar-se. O seu primeiro desejo é o da morte. A sedutora morte.
Com a sua queda do céu ele ficou cheio de energia. Eu sem ela. Enquanto ele se levanta, eu me deito e encolho cheio de dores. Eu lhe dei a vida mortal. Eu lhe fui sua mãe, o progenitor de um demoníaco anjo que nasceu numa noite gelada.
Ele olha do alto da catedral para o longe chão. Sente uma vertigem. O seu corpo estremece. Não mais se lembra do anjo que era. Esqueceu tudo. Agora lhe ficou apenas uma maldade carnal.
O desejo da morte volta-lhe. Ele sente o seu chamamento. Talvez fosse a sua porta de saída. A lua descoberta e despida, as estrelas distantes são um chuveiro que lhe limpam a clara pele do anjo caído dos restos de sangue. Cobrem-no da prata da noite. Abençoam os actos que venha a fazer. Naquele instante, apenas um desejo de acção o envolve. E é apenas um.
A morte.
Os seus olhos claros abraçam a queda. São puxados por fios invisíveis como se fosse uma marioneta. o crânio inclina-se para baixo. Curva-se o pescoço. O peito também se inclina. Todo o pensamento está dirigido para baixo. Cai. Vai caíndo lentamente. As mãos afastam-se do corpo, colhem o invisível ar onde antes tanto ele lia. As pernas dobram-se ligeiramente.
Eu vejo-o cair. A imagem me perturba de tal modo que as minhas entranhas doem mais fortemente. Mais fraco estou. A cada minuto mais fraco. O seu suicídio é também a minha morte. Sinto vontade em gritar mas o som fica preso na minha garganta. as cordas vocais enchem-se de líquido. Tusso. Tusso sangue.
É a morte.
Os seus pés cor de prata esticam-se até às pontas. Eles lança, todo o corpo como uma mola.
É a morte. É o vazio.
Vácuo.
Sufoco.
Ouço o pulsar do resto do meu sangue na aorta. Não consigo gritar. Tudo se fecha. Tudo.
Mal consigo respirar.
Que é feito dele? Morreu?
Todo eu agonizo. Imagino-o cair em cada fracção de segundos. Vejo o corpo abandonar-se. Vejo o sangue no chão. Vejo-lhe a sua morte. E deixo de ver...

Sunday, June 19, 2011

O Arco-Íris está na Rua - Rainbow is on the Street

Manifesto da Marcha do Orgulho LGBT 2011 de Lisboa

As Marchas do Orgulho LGBT - Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero - acontecem para lembrar o dia 28 de Junho de 1969, data em que, na cidade de Nova Iorque (EUA), no bar Stonewall Inn, homossexuais e transsexuais resistiram colectiva e expressivamente às habituais rusgas policiais, à discriminação e à violência. As mudanças não acontecem “por si”, somos nós que as fazemos e o mês de Junho comemora em todo o mundo as mudanças que vamos tornando possíveis em prol dos direitos das pessoas LGBT, em prol dos direitos humanos, em prol de todas e todos nós.

Vivemos tempos difíceis em que conquistas sociais são hoje colocadas em causa e sabemos que entre as mais afectadas estão também pessoas LGBT, com dificuldades acrescidas na relação com o mercado de trabalho, no direito à habitação, à educação ou a uma saúde condigna. A crise toca-nos a todas e a todos mas poderá também constituir uma oportunidade para um novo tempo em que a Liberdade, a Igualdade e a Solidariedade sejam fundadoras de todas as medidas e a economia seja posta ao serviço do bem-estar das populações.

Liberdade – Liberdade para pensar, agir, amar e sair à rua em comemoração do orgulho pela diferença, das conquistas alcançadas, do ideal de um espaço público que reflicta toda a nossa diversidade.

Liberdade para que possamos construir e afirmar as nossas identidades, viver os nossos amores, a nossa sexualidade, sem papéis e regras definidos e impostos por outrem.

Sabemos hoje que o processo de construção de identidades é variável, que a orientação sexual nem sempre é constante, e que estão longe de corresponder à simplicidade dos binómios homem/mulher, heterossexual/homossexual. E por isso faremos da rua palco de celebração da diversidade dos nossos amores.

Estaremos na rua sempre que for preciso e enquanto for preciso para lembrar que pessoas LGBT vêem as suas vidas destruídas pelo ódio, pela discriminação, pelo desconhecimento, muitas vezes num silêncio imposto pelo medo, pela solidão ou pela vergonha.

As escolas, a par de outros agentes com responsabilidades na educação e formação, são locais fundamentais para aprender a respeitarmo-nos mutuamente, a viver e construir em conjunto, a termos como princípios basilares da nossa acção os direitos humanos, a igualdade de género, a diversidade de modelos familiares e de relações interpessoais. São-no também para a vivência responsável e informada da sexualidade, para uma saúde sexual e reprodutiva plena. Dizemos não à discriminação, ao preconceito e ao bullying homo/bi/transfóbico, que trazem graves repercussões para o bem-estar físico e psicológico, bem como para o aproveitamento escolar, da população jovem, em especial das e dos jovens LGBT.

Igualdade – Igualdade sem ambiguidades, nem hierarquia de prioridades: apenas a igualdade plena na lei salvaguarda os mesmos direitos e deveres de cidadania, e contribui para o fim dos estereótipos, das discriminações, da violência. Igualdade na lei e nas práticas, nos direitos e nas oportunidades para todas as pessoas, em todos os momentos da sua vida.

Igualdade na lei das famílias de pessoas LGBT, com uma legislação que reconheça e proteja as crianças que existem nessas relações. O direito das crianças serem adoptadas por pessoas capazes de lhes proporcionarem condições para uma vida digna não se coaduna com a actual discriminação na lei que impede casais de pessoas do mesmo sexo de se candidatarem à adopção. Ou ainda a impossibilidade de um casal de lésbicas ou de uma mulher sozinha, independentemente da sua orientação sexual, recorrerem a técnicas de procriação medicamente assistida. Estas famílias já existem e as leis têm de mudar no sentido da igualdade.

Sabemos também que as pessoas seniores, independentemente da sua orientação sexual, mas em particular as pessoas LGBT, são discriminadas devido à sua idade, aspecto e capacidades físicas, na sociedade, no trabalho, nas famílias e entre os seus pares.

A lei de identidade de género hoje em vigor em Portugal constituiu um passo muito importante no reconhecimento das pessoas transexuais e das suas identidades. Mas muito mais há a fazer: desde logo, a inclusão da categoria “identidade de género” em todas as provisões legais anti-discriminação, da Constituição ao Código Penal, passando pelo Código de Trabalho. E a absoluta igualdade das pessoas LGBT precisa ainda de muito trabalho de formação em áreas fundamentais como a saúde, a segurança, a justiça ou a área social. Também aqui queremos afirmar a absoluta igualdade das pessoas transexuais, transgénero e intersexuais e a sua capacidade para decidirem sobre as suas vidas e os seus corpos, e condenamos as tentativas de limitação da sua autonomia.

As pessoas LGBT não têm tido respostas adequadas às suas especificidades no que toca ao VIH/SIDA e a outras infecções sexualmente transmissíveis. Reconhecemos a necessidade e a capacidade das pessoas e das associações LGBT de, a partir da sua própria experiência e conhecimento da realidade, ajudar a encontrar soluções e formas de ter melhor sexo com menor risco.

Solidariedade – Solidariedade pois sabemos que as nossas lutas não existem só aqui, à nossa volta, e que a sociedade patriarcal que nos discrimina e agride está espalhada pelo mundo. Sabemos que as guerras, a fome, a miséria, o perigo de catástrofe ambiental, a desigualdade de género, a xenofobia, o racismo, a discriminação de pessoas com deficiência são realidades do mundo em que vivemos e que queremos mudar. Sabemos ainda que os direitos das pessoas LGBT ou das mulheres são por vezes utilizados como factor de superioridade de uma cultura sobre as outras, de uma suposta guerra de civilizações que só podemos recusar. Os direitos humanos não escolhem latitudes, governos, culturas ou línguas. Os direitos das pessoas LGBT não existem independentemente do seu direito à livre expressão, a uma educação de qualidade, a uma vida em paz.

Liberdade, Igualdade e Solidariedade porque são princípios dos mais elementares da espécie humana, onde todas e todos nos reconhecemos e porque são essas as cores da bandeira arco-íris que hoje levantamos.

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Manifesto of the LGBT Pride March 2011 Lisbon

The Pride LGBT - Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender - happen to remember the day June 28, 1969, when the city of New York (USA), the Stonewall Inn, gay and transgender legal and withstood significantly the regular police raids, discrimination and violence. Change does not happen "by itself", that is we do and the month of June celebrates the world changes that will make possible for the rights of LGBT people in human rights, in favor of any and all of us .

We live in troubled times in which social achievements are now under challenge and we know that among the most LGBT people are also affected, with increased difficulties in relation to the labor market, the right to housing, education or a decent health. The crisis affects us all and all, but can also be an opportunity for a new era in which freedom, equality and solidarity are the founders of all the measures and the economy is put at the service of well-being of populations.

Freedom - Freedom to think, act, love and go out in celebration of pride in the difference of the achievements, the ideal of a public space that reflects all our diversity.

Freedom for us to build and affirm our identities, to live our love, our sexuality without roles and rules defined and enforced by others.

We now know that the process of identity construction is variable, that sexual orientation is not always constant, and that falls far short of the simplicity of the binomial man / woman, heterosexual / homosexual. And why do the street scene of celebration of the diversity of our love.

We will be in the street when needed and as long as it takes to remember that LGBT people see their lives destroyed by hatred, discrimination, through ignorance, often in silence imposed by fear, loneliness or shame.

Schools, along with other staff with responsibilities in education and training, are key sites for learning to respeitarmo one another, to live and build together, the terms and basic principles of our action human rights, gender equality, diversity of families and relationships. They are also responsible for the experience of sexuality and informed for a full sexual and reproductive health. Say no to discrimination, prejudice and bullying homo / bi / transphobic, bringing serious consequences for the physical well-being and psychological as well as academic outcomes, youth population, especially young people and LGBT.

Equality - Equality unambiguous, no hierarchy of priorities: only full equality in the law safeguarding the rights and duties of citizenship, and contributes to the end of stereotypes, discrimination, violence. Equality in law and practice, the rights and opportunities for all people, at all times of your life.

Equality in the law of the families of LGBT people, with a legislation that recognizes and protects children who are in these relationships. The right of children to be adopted by people who can provide them conditions for a dignified life is not consistent with the current law that prevents discrimination in pairs of same-sex couples to apply for adoption. Or the impossibility of a lesbian couple or a single woman, regardless of their sexual orientation, using techniques of medically assisted procreation. These families already exist and the laws must change towards equality.

We also know that seniors, regardless of their sexual orientation, but in particular LGBT people are discriminated against because of their age, appearance and physical abilities, in society, at work, in families and among their peers.

The law of gender identity now in force in Portugal was a very important step in the recognition of transsexuals and their identities. But much more can be done: firstly, adding the category "gender identity" in all anti-discrimination legal provisions of the Constitution of the Penal Code, through the Labour Code. And the absolute equality of LGBT people still need a lot of work training in key areas such as health, security, fairness or social area. Here too, we affirm the absolute equality of transgender people, transgender and intersex and their ability to decide about their lives and their bodies, and we condemn the attempts to limit their autonomy.

LGBT people have not had adequate responses to their specific with regard to HIV / AIDS and other sexually transmitted infections. We recognize the need and ability of individuals and associations LGBT, from their own experience and knowledge of reality, to help find solutions and ways to have better sex with less risk.

Solidarity - Solidarity for we know that our struggles are not only here, around us, and that the patriarchal society that discriminates against us and attacks throughout the world is. We know that wars, famine, poverty, the danger of environmental catastrophe, gender inequality, xenophobia, racism, discrimination against persons with disabilities are realities of the world we live in and we want to change. We know also that the rights of LGBT people and women are sometimes used as a factor of superiority of one culture upon another, of a supposed war of civilizations that we can only refuse. Human rights are not choose latitudes, governments, cultures or languages. The rights of LGBT people do not exist independently of their right to free expression, quality education, a life in peace.

Liberty, Equality and Solidarity because they are the most basic principles of the human species, where all and we all recognize, and because these are the colors of the rainbow flag that now stand.

Wednesday, June 15, 2011

Carta a Alfred Douglas III


Babbacombe Cliff
[Fevereiro de 1893?]

Meu muito querido Bosie,
Escrevi ao teu criado e não recebi ainda uma resposta sua, o que resulta no mais fastidioso, já que as coisas têm errado as suas cores sem claridade que as ilumine. Estás a estudar? Assim o espero. Procura um bom explicador.
Eu sou bastante infeliz quando não posso escrever - não sei poquê. Tudo está errado. Tens estado a escrever sonetos deliciosos? Nunca recebi o The Spirit Lamp nem jamais um cheque. O meu custo pelo soneto é de 300£. Mas que é que será neste planeta o editor? Deve estar tarifado. Ouvi dizer que está escondido em Salisbury.
Com o maior amor, sempre teu.

Oscar

Sunday, June 05, 2011

Já Fui Pecado


já fui puro e não gostei
gastei o tempo a tentar
aguentar tudo o que diziam
ser-me pecado

já fui de alguém e fugi
que me não quero prender
e viver antes quero
no pecado

já fui buscador de ser
mais limpo que a cal
antes de me questionar
acerca do pecado

já fui mil vidas de santos
e em nenhuma me achei
parecendo ver-me apenas
com pecados

já fui isto e aquilo
muito busquei sem valor
e noutras coisas senti nadar
em pecado

até me questionar deste tempo
de sombras afundado
num oceano de absurdos
que bem vistas as coisas
me não quero santo nem ateu
antes viver do que é meu
e ao ver que do pecado
pouco se tem de consensual
e pelos séculos tanto muda
mais dele não posso crer.

Separado de ti


separado de ti eu me revejo a cair
de um precipício sem gosto
à fuga quando em ti sinto um olhar
tão distante...

separam-me de ti com a tristeza
de todo o gotejar de sal em mim
e mais não sinto senão um rosto
bem distante...

separado de ti por esses conceitos
de bíblias cruzadas por enganos
do que verdadeiramente importa vem
tão distante...

separam-me de ti sem pejo algum
com uma força tão tamanha
nessa cruzada a teu beijo ser
bem distante...


separado, a cair, a gotejar
tão distante estou de ti
que será uma aventura
ter teu beijo só para viver
tudo aquilo
que a distância não cura...

Wednesday, June 01, 2011

Quadro com um anjo


A tua pele não mais se ressente das mágoas que te causei. Se antes gostava de te ter comigo, a verdade é que desde que desceste e te tornaste um conquistado, não vejo outra utilidade para o teu corpo. Antes tinhas penas nas asas. Antes tinhas as tuas mãos tatuadas com os teus nomes sagrados nas letras que apenas os imortais podem ler. Antes tinhas o rosto angelical, impossível de causar qualquer ferida. Antes eras um imortal e agora um completo mortal todo invadido de carnalidade.
Divindade no teu corpo se desvaneceu. Tudo o que havia em ti de divino descende para a pior parte de um humano com o registo de um nascimento doloroso. e como todo o nascimento tem o seu choro, assim também os teus olhos - as únicas partes divinas em ti - começaram a chorar o meu abandono. Sei não me perceberes. Para ti o amor que tinha para contigo deveria durar eternamente. Para mim o amor dura o tempo necessário a fazer de alguém a minha presa capturada. Agora eu leio em ti todas as mágoas que ninguém consegue ler nos textos mais proibidos e sagrados. Leio todos os sinais do teu corpo criados por essa tua queda do mais alto dos céus onde habitavas. As letras são-me incógnitas mas vejo que nelas existia a luz que entretanto foste perdendo nesta noite escura.
As engrenagens do relógio troam o passar do tempo. Não vejo mais a hora de me abandonar deste local onde me encontro. A hora eterna de me ver deitado sobre a cama de um outro anjo ou de conviver com um perverso demónio. As vinte e duas letras que tinhas dispostas nas tuas costas vão desaparecendo ante a minha vista. A primeira queria dizer coroa. A que resta antes de ela mesma desaparecer se traduz por mundo. A tua vinda foi do mais alto coroado para o mais baixo e vil mundo. E qual o objectivo?
Por que te sacrificaste?
Foi por mim? Ou foi por ti? Por nós?
Não há em nós futuro que valha a pena escrever num Evangelho. Nem mesmo a tua vera queda ao mundo mais tentador da tua divindade. Nem mesmo eu te vou restar.

Sunday, May 29, 2011

Lady Gaga

Lançado este mês, envolvido em muita polémica, o novo álbum de Lady Gaga surge com dois singles: Born This Way e Judas para nos acolher neste verão. Born this Way, a música que dá o nome ao álbum pode vir mesmo a constituir um novo hino gay.
Para não variar insere-se nos dois vídeos com o seu other side style a nível de caracterização que muito a tem marcado e feito com que muita gente a admire nesse aspecto, mesmo que em desinteresse às músicas que faz, sendo que tem sido inclusive considerada uma das pessoas mais influentes no mundo actualmente vindas directamente da música como o foi no seu tempo Michael Jackson ou os Beatles.
O vídeo Judas andou a circular desde a Páscoa passada, altura em que já há muito se anunciava este álbum e dois meses depois do lançamento do single Born this Way, a 23 de Maio é lançado o cd Born this Way. Escusado será dizer que em qualquer dos casos a artista faz um trabalho de caracterização elaborado, como vem sendo sua imagem de marca, em figuras como Maria Madalena, Vénus de Boticelli no caso de Judas ou influência de Madonna, Michael Jackson, do filme Metropolis ou o Juízo Final de Michelangelo. Neste último vídeo aparece também um triângulo rosa, símbolo nazi de pessoas que eram levadas para os campos de concentração e colocado no braço como marca de perversidade. Sobre os vídeos não vou falar muito hoje, no próximo mês falo algo mais.

Aqui ficam as duas músicas para ouvir e ver.

Judas

Escrito e produzido por Lady Gaga. Vídeo co-produzido por Lady Gaga e Laurie Ann Gibson. Coreografia por Laurie Ann Gibson.

Born this Way

escrito por Lady Gaga. Produtor executivo: Vicent Herbert. Dirigido por Nick Knight. Coreografia por Laurie Ann Gibson.

Saturday, May 28, 2011

Uma GayChoice - Vídeo da semana



Vídeo passado no metro de Nova Iorque. Vamos procurar fazer algo em Lisboa???

Três Casamentos e Um Funeral no GayChoice

Começamos este GayChoice de hoje com música. Não um tema de um filme de Mike Newell (de nome Quatro Casamentos e um Funeral) mas com um momento da ópera "Sonho de uma Noite de Verão", a Marcha nupcial de Mendelssohn. As cordas arpejam as notas da música presente na parte dos casamentos vistos ainda no dia de hoje.



Um casamento trata-se de uma união, uma aliança entre duas pessoas que se amam - ler isto acompanhado de Mendelssohn é quase extásico - é uma união para o resto da vida. Feito com lindos vestidos, com alianças e muito amor. Ou pelo menos era suposto (imaginem agora que o disco da ópera tem aqui um risco).
Alguns casamentos viram divórcios. Muitos se são por conveniências, outros por outros motivos mais ou menos obscuros.

Falemos das conveniências.
O Inimigo Publico - suplemento do diário português do qual sou grande fã - publicou no facebook uma notícia que, de certo modo se pode dizer ter acontecido. Afirmava o repórter que e Portugal se iria utilizar a esbelta mulher desnudada de nome República, patrona da Assembleia de São Bento para seduzir o FMI com a finalidade de não ser tão exigente para com o nosso
país. Ora, por causa das voltas do amor, tal como acontece na ópera do Mendelssohn, as tentativas de sedução dão em falhadas e República volta para casa toda furiosa com a frigidez do FMI. Assim, pensa em servir-se de uma poção, como a usada em "Sonho de uma Noite de Verão" para a lançar sobre o senhor FMI.
Resultado: Strauss-Kahn alegadamente terá violado uma rapariga de hotel em N.Y. O Sr. FMI esqueceu-se que não estava na França mas do outro lado do Atlântico onde as senhoras não são tão, chamemos, atiradiças. Os vícios do amor são sempre complicados de tratar!...

Um casamento desfeito.

O Senhor Portugal, um dos poucos países masculinos da família Europa, tem-se tentado fazer de mulherengo com vários outros países com a finalidade de pedir ajuda à crise, tal como uma espécie de Valmont de "Ligações Perigosas". Um dos países é a Alemanha. País a que tem recorrido por diversas vezes e em diversos momentos. A lembrar que na Alemanha de Hitler, Portugal era um fornecedor quase exclusivo de metais para o fabrico de armamento para a Segunda Guerra Mundial, a troco de comboios de ouro. Metal em troca de ouro. Nada de extraordinário. Tal como um homem que precisa de uma mulher bonita para mostrar poder e a mulher precisa de dinheiro e de uma vida fácil para as suas coisas. Portanto, com a ajuda internacional Salazar conseguiu meter dinheiro nos cofres do estado.
A Alemanha aceitou ajudar o nosso país, mas, cito a chanceler alemã, "só ajuda se os outros se esforçarem. É preciso que o demonstrem." Vai ser difícil. Os tempos mudam e não são iguais aos tempos das ditaduras europeias de início de século XX. É um facto. No entanto existe uma certa circularidade na história do nosso país.

E estamos em fim de Maio. Um mês de primavera por excelência. Um mês em que o alado jovem das setas amorosas busca os corações mais aflitos por amores. Não foi neste mês, mas no mês passado - o mês associados a coelhos e lebres, o que lembra a playboy - que se deu um casamento conto de fadas. Isto dizem uns. Outros dizem ter sido um completo casamento planejado há muito tempo entre um principe e uma princesa.
Enquanto umas pessoas se emocionavam com a boda, existirão sempre essas pessoas, outras pessoas faziam apostas e jogavam a dinheiro o tempo de duração da relação entre estas pessoas da casa real britânica. Desde os tempos da indecente princesa do povo que essa família tem mergulhado num conjunto de poucas vergonhas de sexo, drogas e escândalos que uma velha
senhora de idade tenta manter afastado da opinião pública. Um casamento real é para toda a vida. Há quem afirme que por Diana não ter cumprido esta norma, a perseguiram e planejaram a fatídica viagem, aquela que a conduziu à sua tumba!
Esta família tem passado por uma série de peripécias que davam uma série de grande extensão a passar num qualquer canal da televisão digital: risco de bancarrota, atentados, filhos desordeiros, divórcios... coisas que acontecem a todo o comum mortal.
A rainha terá um longo trabalho a fazer - talvez o deixe ao seu descendente - num processo de apaziguar a Irlanda. A Irlanda e o Reino Unido têm vivido uma relação de ódio sem fim à vista. Talvez seja preciso um Romeu e uma Julieta morrerem.
Casamento precário - 2.

E pego no Shakespear. Depois dos casamentos de "Sonho de uma Noite de Verão" um romance além da morte em Romeu e Julieta", salto para o funeral. Depois do serviço fúnebre do pai, um jovem mantém o seu luto. a sua capa negra o leva a viajar por questões existênciais sobre o escândalo a que a sua família é alvo e a sua procura de reconquista da honra real. O escândalo deve-se ao facto de a sua mãe ter casado com o tio (aquele que terá assassinado o pai) e que as carnes do serviço fúnebre serviram para o banquete das novas bodas. A luta pela honra do jovem Hamlet o leva a cometer actos quase dignos de o tornarem um verdadeiro terrorista à estabilidade do estado da Dinamarca.
Esta divagação para lembrar ter-se morto um homem de nome Bin, visto por uns como um terrorista, por outros como um mártir. Morreu a defender os seus ideais, o que é sempre complicado. E será que ele está mesmo morto? Será que ele foi mesmo morto na data divulgada pelo presidente dos estates?
As dúvidas se mantêm.
As dúvidas alimentam os seguidores deste mártir a terem a sua vingança.
Vejamos o que o futuro aguarda.
Casamentos - 2.
Funerais - 1.
Falta um casamento para cumprir o que prometi.

E neste momento me sinto indeciso. Ou escolho um casamento que tem a ver com o nosso país - mais um assunto sobre Portugal. Ou escolho um casamento que não vai acontecer.
A escolha é complicada. De qualquer modo tenho de manter a minha promessa, por isso o terceiro casamento tem mesmo de acontecer.

Depois de ter falhado de um casamento falhado, um outro precário, o melhor mesmo é falar de um casamento que contra todas as inconveniências terá mesmo de acontecer. Isto recorda-me certo "Gato Preto Gato Branco" de um certo Kusturika.
Este futuro casamento que terá de acontecer, já gerou promessas muito pouco claras, já gerou risos, já gerou lágrimas, já gerou faltas de educação e gerou acima de tudo queratina.
Falo, como é óbvio do casamento dos portugueses com o resultado eleitoral no início do próximo mês que, a menos que ocorram alterações significativas de opinião, terá de ocorrer com o PSD ou o PS.
Não sou adepto em seguir a política portuguesa, mas a verdade é que esta campanha eleitoral ainda nem havia começado e estava já com contornos de uma verdadeira novela mexicana, "com níveis de testosterona próprios de adolescentes" (opinião de Camilo Lourenço).
Na terra dos meus pais se diz que em casa onde falte pão, todos ralham e ninguém tem razão.
A campanha a decorrer tem sido uma verdadeira troca de insultos sobre "passo a expressão, pintelhos" (expressão tirada de uma frase de Catroga). Quer-me parecer que, pelo andar da carruagem, ao fim desta campanha, se tem os políticos completamente depilados da ponta dos pés à ponta da cabeça.

Com estes casamentos que fazer? Assistir.
E não resisto. Vou mesmo falar do casamento que não vai acontecer. E acerca disto me penetro nos casamentos do Toninho de Lisboa a serem celebrados em toda a pompa e circunstância. Acerca disto obtive um comentário da parte da câmara de Lisboa a afirmar não existir nenhum casal gay que se tenha inserido no programa de casamentos de Santo António. Penso que não
perceberam o porquê e, assim sendo, dou uma resposta muito pessoal.
Apesar de há cerca de um ano ter sido aprovada a permissão de casamento homossexual, a verdade é que a maioria das pessoas que o aprovaram, sejam elas pessoas interessadas em casar, sejam elas simpatizantes da comunidade lgbt, aprovaram o casamento com a ideia de se poder optar pela decisão a assumir este compromisso ou não. Creio que isto ainda não foi bem percebido.
Além do mais, geralmente os homossexuais e a igreja católica, à qual pertence o Toninho Lisboa, não se dão bem. além de eu desconfiar desses homens que vestem saias e estão muito enclausurados nos conventos!

A terminar lanço então o bouquet. Alguém que o apanhe e comece uma nova saga de casamentos e funerais. despeço-me com um tango bem sensual que é por causa das coisas e para fazer juz a este calor.

It's a GayChoice de hoje...

Sunday, May 08, 2011

de um deus desconhecido

acorda.
acorda repentinamente.
não sei que tens no corpo ou que tens em mente
mas te ofereço o meu dom.

acorda
que não sei o que posso mais desejar
senão uma eterna presença neste mundo que criei
e o maior amor que tenho
é poder entregar-te a vida que te desenho.

acorda das profundezas da terra.
abre os teus olhos ao que nunca se soube ver.
ao pecado do amor
e solta o que da terra há em ti
liberta a dor que vi de ti
espera o amor por ti
acorda do sonho em ti.

acorda.
abre tuas orbes ao meu rosto
concebe-me como o deus que te quer
concebe-me como o terror que te fere
escreve de mim o que se der
pois nada mais tenho a fazer da melancolia

acorda, simplesmente
Adão meu.

Saturday, April 16, 2011

Carta a Alfred Douglas II


Janeiro de 1893?

Babacome Cliff

Meu rapaz,
O teu soneto é muito lindo e é uma maravilha que os teus lábios vermelhos de pétalas de rosa tenham sido feitos não menos para a loucura da música e do canto do que para a loucura do beijo. A tua fina alma dourada caminha entre a paixão e a poesia. Eu sei que Jacinto, aquele que Apolo amava loucamente, eras tu nos tempos gregos.

Por que estás sozinho em Londres, e quando vais para Salisbury? Vai até para esfriares as mãos no crepúsculo cinzento das coisas góticas, e vem aqui sempre que quiseres. É um lugar lindo e faltas apenas tu, mas vai a Salisbury primeiro.


Sempre, com amor eterno,
Atenciosamente,

Oscar

Carta a Alfred Douglas I

Saudações para Encombe

AC

Queridíssimo Bosie,

Fico muito contente que estejas melhor e que tenhas gostado da pequena caixa para cartas de jogar.
Oxford é bem desconfortável no inverno. Vou para Paris na próxima semana ou nos próximos 10 dias ou algo parecido.
Vais mesmo para as Ilhas Scilly?
Eu gostaria tremendamente de ir a sítio algum contigo, onde haja calor e seja colorido. Eu estou terrivelmente ocupado na cidade.
Tree apressa-se a ver-me em todas as ocasiões. Também personalidades estranhas e problemáticas andam em falsos aparatos.
Acerca do poema eu escrevo amanhã.

Sempre teu
Oscar

Saturday, April 09, 2011

GayChoice - sobre o insólito

Falemos um pouco sobre a nossa língua. Vou analisar a palavra insólito.
Atípico
Estranho
Extraordinário
Inabitual
Inesperado
Inusitado
Tudo isto é insólito. Tudo isto é estranho, tudo isto é fado - mas que raio vem para aqui o fado fazer...
Quero falar sobre o insólito e o que é mais extraordinário é não ter nada a dizer. Que o mundo é inesperado, todos bem o sabemos. A minha contribuição para este blog pode ser em mostrar que o nosso papa (Só se for teu porque nunca teve comigo na cama). Teve no natal passado um encontro de quarto grau, que eram quatro, com contorcionistas que se exibiram lascivamente diante de sua santidade. Este muito santo, olhou embasbacado. Basta reparar no vídeo.

(QUE POUCA VERGONHA... O PAPA É UM DEVASSO)
Não sei que se passa hoje, mas parece que estou a ter uma interferência na escrita deste artigo (DEVE SER DEVE. MAS CONTINUA LÁ).
O que torna este vídeo inesperado é o facto de todas as freiras estarem a acenar como se fosse a cerinónia do adeus.
(O QUE ELAS ESTÃO A FAZER É A CHAMÁ-LOS, QUE NÃO ENGANAM A NINGUÉM.)
Uma coisa que também não deixa de ser insólita é a utilização do facebook como se fosse o registo diário das acções de algumas pessoas. (CHEGAM MESMO A DIZER COM QUEM FORAM PARA A CAMA ONTEM)
Veja-se o caso de no facebook aparecerem frases como: xpto iniciou uma relação há um minuto!? desculpem mas a precisão do facebook é espantosa.
Quando andei a vasculhar no youtube por peculiaridades e fotos escabrosas dos chamados upss a verdade é que tinham sido removidos.
(OS FACHISTAS!)
Alegando sempre motivos de violação de direitos.
Mas vasculhando na minha imaginação achei uma coisa deveras insólita para uma senhora Tyra Banks:

(PLEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEASE)
e para terminar algo deveras Kitsch, algo completamente... insólito, atípico, será?


Um GayChoice inspirado em...

Começo o GayChoice de hoje com Pet Shop Boys (tão previsível para um blog gay!). É verdade. Hoje decido iniciar com um grupo que muito já tem dado que falar e que caminha sempre ao lado do mundo gay. Mas não vou falar muito do grupo. Vou simplesmente pegar numa das suas músicas como mote para este artigo.

Vai para o trabalho e atende as tuas chamadas como muita gente faz num dos mais vulgares trabalhos neste país: operador de call center. É falando de trabalho que quero começar ao som de uma carta do dia vermelho.
Durante todo o dia Pendura os frutos do teu trabalho nas paredes como se isso fosse a coisa mais importante que haja a fazer, com uma Tal precisão e cuidado que O que importa é não
haver ninguém para compartilhar. Este é o drama do trabalhador que nestes dias habita neste país. Nem mesmo os que vendem o seu corpo ficam isentos que os clientes vão escasseando cada vez mais. Todos dizem que é da crise. Mas que MERDA já ando farto desta crise. Solicito que seja criada uma comissão de impedimento do espírito de crise tão generalizado.
Eu ainda tenho as minhas Flores no jardim ou na garrafeira o meu Blue Wine a ver uma apresentação muito pouco profissional de teatro do "À Espera do Godot" e tudo isto deve ser visto á luz de um tempo moderno. Moderno porque nos queremos modernos. Porque é moda estar moderno e tanto tempo moderno?
Tudo que eu quero é o que queiras estar sempre à espera de um dia memorável. E a espera continua… valem-nos as festas e as noitadas de copos que passamos. Se assim não fosse passávamos o tempo com o rosto das noivas que aguardam serem casadas no vídeo da dita música que serve de referência. Como as coisas modernas são tão, tão…, são tão modernas! O ser-se moderno é estar na vanguarda de alguma coisa que nunca ninguém ainda percebeu muito bem. É estarmos dentro de um filme do Tati ou de um livro do Kafka num tão embrulhado processo demasiado burocrático para percebermos os seus passos.
O que nos vale é que o aperfeiçoamento dos anos numa postura de medida legal nos fada a existência num conjunto extravagante de preceitos e normas e dependências novas que acabam por ser para algumas pessoas mais velhas fados de insignificâncias. O que vale é que começamos a entender tudo o que nos rodeia e começamos a deitar fora o que achamos que não nos serve. O que achamos… será que largamos tudo o que nos é essencial? Será que largamos os nossos velhos hábitos? Eu não quero ser demasiado “padre” a pregar num púlpito porque no momento em que se começa a entender tudo o que na terra é o lucro de um homem, começa a procurar cultivar-se a ignorância. Assim, por exemplo, as pessoas são bombardeadas com notícias insignificantes. São envolvidas em filmes que nada trazem senão devolver-nos ao estado de homens das cavernas.
Tudo que eu quero
é o que quiseres
Estou sempre à espera
de um dia memorável e enquanto isso continuamos na fila interminável de pessoas que se mantêm à espera de serem iguais aos seus ídolos. Todos queremos ser uns Elvis, uns Hulks, uns Apolos, todos queremos ser iguais a este e àquele, todos queremos ser garanhões e andar a foder com este e aquele (que me perdoem a linguagem, mas achei a mais acertiva), ou de termos um casamento com um príncipe ideal que manterá a sua fidelidade para todo o sempre e para todo o sempre seremos felizes. Tal como uma história interminável. A dado momento o cantor sai da filinha indiana. Será que queremos sair da linha? Tornarmo-nos independentes?
Se calhar não quero. Se calhar não quero mesmo deixar de andar a dar as minhas voltinhas com quem queira e assentar num clima de castidade (esse seria verdadeiramente um grande trauma, pior que as abelhas assassinas, o filme). Pois é… ao contrário do cantor, que diz que para algo especial
algo novo
alguém a dizer 'eu amo-te'
Querido, eu estou à espera
para o dia vermelho – eu responderia… que espere sentado. E não é que ele adivinhou a minha resposta e responde:
“Podes gozar ou desaparecer por trás de um verniz de auto-controle…” a verdade é que gozamos um com o outro porque quando tentamos ser o mais “normais” (iak) procuramos seguir um conjunto de regras de encontro aos nossos ídolos de pessoas bem sucedidas na vida.
Mas para todos aqueles que não se encaixam que seguem seus instintos e são informados de que pecam esta é uma oração para uma forma diferente. Será que o quero? Esta é sempre a questão. Nunca se quer mudar e todos queremos superar os nossos ídolos e ser mais ídolos que eles.

Tudo que eu quero
é o que quiseres
Estou sempre à espera
para um dia memorável

O resto da música fica para a vossa imaginação que eu tenho ali um rapaz a piscar-me o olho e devemos ir para algum quartinho alugado enterrar-nos num momento quente sem qualquer significado. Para quê esperar mais do mundo.