Wednesday, October 14, 2009

Eleições à parte...

Depois destes momentos em que fomos bombardeados por palavras simpáticas de promessas de melhorar o nosso país, de nos fazerem acreditar que há obras feitas, que acima de tudo temos de seguir em frente e nos deixarmos levar por este ou por aquele, resta-nos agora reparar no resultado final.
Em ambas as eleições foi notável uma vitória do P.S., se bem que para a assembleia a maioria já não se verifica. Os seus maiores rivais foram derrotados e nas segundas eleições os resultados mantiveram-se. A minha opinião é que o P.S. perdeu um pouco da sua força com a escolha de Manuela Ferreira Leite, o tipo de postura que teve e as afirmações que disse, revelaram que o país não estava para seguir uma pessoa que apenas vê a família como forma de reprodução da humanidade, o que é contraponto aos seus rivais que afirmam o casamento entre homossexuais e a educação sexual. Acho que estas campanhas políticas foram das que mais se falaram nesses campos...
Se o mundo muda, as vontades também mudam, assim como os desejos, e se antes um grupo de pessoas que gostava de ter experiências com pessoas do mesmo sexo não via nisso uma forma de amor, mas mais de euforia sexual, hoje os gays querem casar-se. O choque não existe apenas para a população mais conservadora, mas se estivermos a analisar a postura que existia há uns anos veremos que a população mais velha tinha desejos muito diferentes. Antes queriam "foder, foder, foder" - desculpem o calão, mas achei o mais acertado - e muitas cidades viviam de agitações às escondidas, em lugares ocultos, escuros, privados, hoje as coisas mudaram e podemos andar um pouco mais à-vontade na rua, resta é agarrarmos a nossa coragem para o fazer. Assim sendo, os gays começaram a procurar pessoas semelhantes, não apenas para encontros pontuais, mas começou-se a ver um lado emocional e a dar-se mais importância a ele.
Um outro ponto que será bom referir é o facto de que a sida veio criar uma revolução neste meio. O receio de ficarmos doentes com a lista cada vez maior de pessoas que encontramos e temos experiências do foro sexual, aumentam os riscos - essas mesmas pessoas deverão ter estado com mais uma montanha de gente... - temos de nos agarrar em alguém em quem confiemos.
Os namoros começaram a tomar maior importância e hoje em dia é mais que vulgar muitos gays terem relações amorosas umas mais outras menos duradoiras, a ideia de gafanhoto sexual foi-se perdendo...
A confiança que o casal deposita um no outro reforça a ligação mútua que ambos têm. Desta maneira, terão menos receio em se mostrar em público e exibir a sua relação igual à dos javalis (heteros em linguagem codificada).
Em último resta o deixar descendência e as soluções vistas vão sendo muitas e todas com muitos riscos... esperemos que de futuro hajam menos.
Ora, se as coisas nesta comunidade mudaram, outras não mudaram e em Portugal ainda se tem visto muitas vezes um conservadorismo em ambientes gays que deveríam ser os mais abertos às novidades. A preocupação que muitas pessoas têm em se mostrar como iguais às outras faz com que muitas vezes nos castremos. O que acontece no mundo gay e na política é de certa forma muito semelhante, o ser-se conservador é a lei máxima e as novidades só serão aceites quando já se encontram testadas em todos os outros lugares e para não ficarmos atrás temos de nos apressar...
Dá-me vontade de rir ir vendo certas posições antiquadas dos dois lados e em certos momentos querer-se ser novo, inovador... é uma questão do momento em que isso se faz. A coragem de nos lançarmos no desconhecido não faz parte da nossa marca...

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