Thursday, August 04, 2005

Percorremos na noite

A noite cai na cidade que tão bem conhecemos.
As portas das casas fecham-se enquanto despertamos para a vida de morcegos,
De vampiros sanguinários.
Percorremos as ruas, as mãos estão unidas
Sempre assim estiveram
1, 2, 3, 4, 5…
Imensos os olhares a cidade manda
Escondemo-nos no canto mais bravio do nosso ninho. Deixamos para trás as bichas e as fufas, os heteros e os bis.
Nada disso nos importa neste palco.
Dizes que me amas
Dizem que somos anormais
Dizes que estarás sempre comigo
Dizem que somos levianos
Dizemos tantas coisas uns aos outros e nos esquecemos que num palco também de age, num palco também se sofre, num palco também se ama.
As águas do rio correm como sempre correram, banham os despojos de mais um dia de loucuras, de sexo-pelo-sexo. Nós passamos ao lado.
A nossa viagem vai terminando com o vir da manhã.
O romper do primeiro sol fere-nos os olhos.
Os bares vão fechando
A vida nocturna vai-se recolhendo
O armário em que cavamos a nossa solidão é reposto.
Ainda assim nos pequenos recantos escuros das casas de banho
Dos teatros
Das avenidas
Dos cafés vivemos as nossas vidas tão iguais às demais.

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