Saturday, April 16, 2011

Carta a Alfred Douglas II


Janeiro de 1893?

Babacome Cliff

Meu rapaz,
O teu soneto é muito lindo e é uma maravilha que os teus lábios vermelhos de pétalas de rosa tenham sido feitos não menos para a loucura da música e do canto do que para a loucura do beijo. A tua fina alma dourada caminha entre a paixão e a poesia. Eu sei que Jacinto, aquele que Apolo amava loucamente, eras tu nos tempos gregos.

Por que estás sozinho em Londres, e quando vais para Salisbury? Vai até para esfriares as mãos no crepúsculo cinzento das coisas góticas, e vem aqui sempre que quiseres. É um lugar lindo e faltas apenas tu, mas vai a Salisbury primeiro.


Sempre, com amor eterno,
Atenciosamente,

Oscar

1 comment:

GayChoice said...

Esta carta foi possivelmente roubada a Alfred Douglas por algum dos seus colegas. A carta foi utilizada como prova no processo de Oscar Wilde de 1895. Oscar alegou tratar-se de uma obra de arte e que um amigo sei a havia convertido num soneto em francês. De facto, na revista "Oxford Spirit Lamp" no número de Maio de 1893, existe um soneto em francês anónimo, baseado numa carta e que Wilde disse ser de um amigo seu Pierre Louÿs, um escritor francês heterossexual que apreciava circular nos ambientes homossexuais da altura.

O soneto de Douglas referido, possivelmente será (como a carta data de 1893) de "In Praise of Shame" ("O Elogio da Vergonha") que se inicia com: "Unto my bed last night, methought there came / Our lady of strange dreams..."

Lady Queensberry, a mãe de Douglas, tinha uma casa em Salisbury e é a ela que se refere Wilde na carta.