Thursday, July 01, 2010
Obscuro amor - Poema sobre um amor proibido
Ainda ontem me partiste
triste consolação
entre os mochos e corujas
vampiros e aranhas
me colocaste um pouco a sonhar
as flexíveis vergas do chorão
em materno amor
a mim se enlaçam num berço
embalado por Bóreas
onde pude outrora amar
ainda foi apenas ontem
meu infame adeus
que nas largas mãos da irmã
da grã Miséria
teu cadáver belo fui depositar
o manto velho e a foice
levam tua alma
teu corpo gelo eu ao eterno
que minha lembrança
tão curta é e me não vou matar
a isso tu bastas, é certo
e lírio bálsamo
e enfeito a meu pagão modo
de flores assassinas
feitas de minhas mãos o teu altar
pois que te amo ao eterno
tempo durar
e em minhas mãos escorre
o grito impróprio
que meus dedos tiveram de calar
sempre te amei adonis mio
idolatro-te
mais de ti gosto, mesmo agora
tudo consentes
que quem chora pôde enfim matar.
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