Sunday, June 11, 2006

chego a casa no fim de um dia de trabalho e nada mais tenho a fazer que o jantar e arranjar um filme para ver. à porta de entrada reparo na figura em que estou, os meus braços carregando sacos de compras de um hipermercado. comprei apenas as coisas que precisava e mais algumas que podem vir sempre a dar jeito.
pouso o monte de sacos em cima da mesa da cozinha e arrumo as coisas. tralhas de coisas que se vão gastar em três tempos. bem que poderiamos morrer na nossa gula...
ponho uma panela com água e sal no fogão e encosto-me à janela da cozinha e olho para o horizonte. sem que me aperceba um carro pára em frente ao prédio onde moro. não olho para o carro senão quando saem dele uma rapariga bastante bonita e dois gajos lindos em tronco nu. só agora me lembro do calor que faz e de como ficaram as minhas mãos de ter vindo do hipermercado a pé. sinto o cansaço a apoderar-se de mim e ao mesmo tempo uma enorme excitação pela visão daqueles dois pães lá fora. invejo aquela rapariga; eu é que deveria lá estar e não ela...
por fim resolvo-me a fechar a janela com toda a raiva que tenho e seguir a minha vida normalmente como estava antes de começar a olhar pela janela.

fecho a janela do meu quarto. há dois dias que não dizes nada. ligaste-me do aeroporto mas mais nada. cai-me uma lágrima que rebola até ao chão. o meu desespero atinge o limiar enquanto o telefone não toca. bem sei que tens muito que fazer, mas... imagino-te a seres perseguido por uma tentação e... bem sabes que sou mto desconfiado e ciumento, nunca to escondi.
desde que começámos esta relação que tenho ficado completamente psicótico. a minha obseção para que não arranjes um amante ou ainda pior uma amante... sempre que vamos a uma discoteca tenho de virar os olhos porque parece que conheces toda a gente e toda aquela gente é bonita...
deito-me na cama pensando nos meus tempos em que não namorava e não me perdia a pensar na pessoa que me ia trair. arranco do meu corpo os boxeres que tenho vestidos e atiro-os para a porta do quarto. sinto a escuridão do quarto insuflar pelos meus poros e encher-me de vigor másculo. masturbo-me à força toda e venho-me com um gemido de sofrimento. no momento seguintes estou a chorar na almofada... porque estás ausente...

todas as noites que saio de casa tenho sempre o mesmo pensamento. vai ser hoje que vou sair daquele restaurante; estou farto dos meus patrões. estou farto de todas as coisas que me dizem e da forma como me tratam abaixo de cão. sempre tentei fazer o meu melhor mas parece que isso não é suficiente e bem sim bem não tenho algumas discussões acesas com as pessoas que me dão o ordenado ao fim do mês.
farto-me de trabalhar e noto todos os meses a diminuir-me as horas que fiz no mês anterior. todas as noites que saio de casa penso que este mês vai ser o último e não consigo. estou tão habituado a viver assim que não quero mudar.
porque é que nunca estamos bem???
sempre que saio do trabalho pergunto-me porque não me despedi. todas as noites sinto a mesma frustração. sempre assim, sempre na mesma, com vontade de mudar mas sem forças para isso...

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