Thursday, August 23, 2007

Balada do Candeeiro via Mosquito (13 de Setembro de 2006)


zzzzzzzzzzt!!!!
mais um mosquito nas grelhas eléctricas ferventes
neste pôr do sol vermelho a sangrar nuvens de leite.
um mosquito a mais no grelhador infernal
uma espera debaixo de um candeeiro...
a lâmpada na escura noite soa como um fantasma
não tem mulher nem tem filhos,
não tem família presente
resta-lhe os bêbados nocturnos
que rastejam as suas carcaças
ou então os que metem na veia
- You mother fucker!!!
o candeeiro brilha como um diamante
brilho eterno da electricidade inteligente.
caca de cão estagnada afigura-se na calçada
que a pálida luz ilumina
o que parece um rosto de mulher aproxima-se levemente
é pálida como a neve
segura nas mãos um lobo.
fala e enamora-se do candeeiro solitário
num romance à distância
sempre que se faz noite escura.
valseiam uma dança
cómica dois bêbados que apareceram
acompanhados pelo suave aroma da primavera
nesta balada do candeeiro.

um mosquito eclode de um charco verde,
não mostra ser diferente dos outros
é apenas mais um mosquito.
diz-lhe a lua para que vá falar com o candeeiro, seu amor
- Fala com ele e diz-lhe que o amo.
e assim o mosquito voou e voou
não encontrando o dito candeeiro,
reparou antes numa criança caída a dormir numa cama.

ela dormia com castelos sonhando
com lutas e com espadas
e o mosquito ao sentir-lhe o doce aroma do sangue
lhe roubou umas gotitas
para que enchessem o seu estômado
e na madrugada que se seguiu
já do candeeiro não se lembrou
aninhou-se e esperou a noite cair.

hoje a lua chora
e no seu choro uma praga lançou
ao mosquito que de água nasceu
e lhe matou o calor.

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