Thursday, August 09, 2007

tanto quanto me consigo lembrar esta cidade tem sido a morte em pessoa. todos os dias passo por cadáveres de pessoas que se arrastam numa azáfama descomunal para conseguirem o seu quinhão de existência. escondo-me entre as mil pessoas, não quero ver ninguém e ninguém me quer ver. a minha existência é tão enormemente triste que tudo poderia chorar. mas não chora, eu não deixo. sou o cúmulo do egoísmo a ponto de não deixar a ninguém as minhas dores e as minhas tristezas. as vidas que passei não voltam mais, os pequenos prazeres que tinha foram todos consumados pela vaca grande no deserto, o meu ouro apodreceu...
nunca soube bem o que era viver. e cada dia que passa sei ainda menos o que é isso; porém, agora, tenho a noção de que não sei viver... que mais resta? que mais se pode ter se queremos dizer a nós mesmos que existimos pura e simplesmente por existir. dá-nos um ar de vazio, um ar de que somos ainda mais pequenos que somos na realidade; ainda assim temos de continuar a arrastar-nos e levantar os nossos lamentos ao céu esperando que de lá chegue alguma resposta.

hoje, tenho a ligeira sensação de que terá sido hoje mesmo, o mundo não mundo não mudou radicalmente, as pessoas que era suposto morrerem morreram, os outros continuam vivos, talvez tenha havido um massacrem em alguma localidade do planeta ou simplesmente isso tenha acontecido na minha cabeça. hoje mesmo o mundo permaneceu igual ao que era, eu permaneci sensivelmente o mesmo.

No comments: