Tuesday, January 03, 2006

eis que chega o último dia do ano e eu cá ando, sempre com coisas para fazer.
a minha passagem de ano começou por volta das 14 horas quando decidimos (eu e o meu namorado) irmos para o dolce vita apreciarmos um pouco da paisagem (que é como quem diz, ler um pouco e ver as pessoas que passam.
anda muita gente a passear, normal, não fosse este um dia próprio para isso.
entre as coisas que vou lendo, começo a vibrar - que é como quem diz que o meu telemóvel toca - e tudo porque, como haviamos combinado, hoje, em casa do meu gajo, seríamos quatro à mesa: eu, o jorge, o steve e o andré. lá combinamos as coisas e eles vêm ter connosco pouco depois de nos enchermos com comida plástica destes centro de consumo.
conversamos e abichanamos um pouco e acabamos por ir fazer as compras para o jantar que decidiramos ser esperguette à bolonhesa. meteu-se uma moeda na ranhura do carrinho e deslizamos pelos corredores do jumbo tirando das prateleiras tudo o que precisávamos.
nem no jumbo nos deixámos de portar como cachopos, desde eu a andar com o carrinho como se fosse um skate, até ao ficarmos embasbacados a olhar para dois gajos por serem muito bonitos, uma paródia muito bicha e completamente citadina.
ok
seguimos para casa do jorge, indo eu e ele a pé e o resto do pessoal a pé. entre as últimas limpezas do ano em casa orientadas pelo andré, às piadas do steve, o ambiente foi sempre muito bem disposto. um comentário à parte, foi sempre um jantar muito na moda, ou não fossem os gays muito fashion - para mais informações ver uma revista da sábado há umas semanas.
o meu medo esteve sempre presente apesar da boa disposição; uma discussão com a minha mãe estragou o que poderia ser a minha melhor (e foi-o sem dúvida) passagem de ano. o seu homossexual em famílias muito conservadoras é muito complicado e mesmo perigoso...
depois de jantar seguimos para o VIP's club onde foi a bichice completa da noite.
entrámos e o ambiente de festa já se fazia sentir; eu, como sempre fui cumprimentar as pessoas que conhecia por lá: os transformistas que gosto imenso de os ver e saudar, o alberto com quem dancei bastante e que se atirava descaradamente a mim mesmo à frente do meu namorado...
duas pessoas que eu achei curioso foram dois amigos nossos que já lá estavam quando entrámos vestidos de forma muito feminina, sandálias de salto alto, um deles levava uma camisa com uns grandes folhos e o outro um pano em torno da cintura parecendo um toureiro bicha. ambos estavam embriagados pelo glamour do ambiente. a pista de dança, no momento em que entrámos já se encontrava meio preenchida de pessoas dos mais diversos estilos. uma prova que a homossexualidade atravessa a sociedade transversalmente.
música... dança... champagne... casas-de-banho a meter gente e esvaziar... toques e beijos... uma orgia fenomenal elevada ao expoente máximo da loucura do ano-novo.
um casal amigo nosso chega por fim. entre palavras e saudações, noto que em pouco tempo um deles começa a beijar descaradamente um rapaz do bar mesmo nas costas do namorado que nada se parece importar com a coisa. este casal tem algumas particularidades, como ambos são bastante "carniceiros" em termos sexuais e têm gostos bem diferentes, não se importam com este tipo de cenas, mesmo sendo em frente a toda a gente.
na pista corpos agitam-se e mexem-se constantemente como que inundados pelas águas da música que não vai parando e a comida também não vai faltando, petiscando aqui, cheirando ali, bebendo além, uma pessoa vai-se entretendo... arranjando alguma maneira de esquecer as mágoas que no trespassam o coração.
por fim o espectáculo começa com as actuações das divas residentes, do dono do bar e (uma novidade) uma grande amiga do dono que cantou sem playback de forma adorável. nesta noite houve duas sessões de espectáculos onde numa delas foi incluído um número de simulação erótica.
a música continua.
o coração bate a cada compasso e o corpo não consegue mais ficar parado.
as horas passam e uma ligeira tremura faz-me ir à casa de banho passar o rosto por água. no caminho vários olhares se cruzam no meu.
na casa de banho não reina o silêncio, ecos da música fazem-se ouvir, um gajo está num dos urinóis e outro mesmo atrás de mim admirando o meu traseiro. não paro por lá muito tempo... prefiro dançar.
peço mais uma bebida e como mais qualquer coisa.
mais um pouco de champagne.
mais uma música.
entre as paragens e compassos na pista o andré, gajo de temperamento meio tímido para o engate, começa a fazer-se a um gajo que acha muito interessante. nós o incentivamos e ele, a muito custo lá se faz a ele; o que importa não é o que estamos a fazer, importa mais aproveitarmos o nosso tempo para viver respeitando o espaço dos outros.
a certa altura chega o ex-namorado do jorge, uma pessoa com quem me dou muito berm quando o meu namorado não está presente. os três pela segunda vez naquela discoteca era um pouco... complicado...
a primeira coisa que o eterno ex (como o costumo apelidar) fez foi saudar-me e eu retribui. sabia que a noiter iria correr bem, mesmo estando aquele trio quase amoroso presente no mesmo lugar.
pouco mais há a contar...
a noite prolongou-se até não muito tarde pois teria de ir trabalhar no dia seguinte. valeu a pena, estive com os meus amigos que me apoiaram e não me deixaram ir abaixo, porque se nos queremos manter vivos, precisamos de ter esses ombros que caminham ao nosso lado.

a todos estes meus amigos e aos outros com quem tenho estado, pelos momentos que partilhamos... os meus sinceros agradecimentos mais profundos, a vós devo muito.

1 comment:

Anonymous said...

Parece que blogs gay virou moda na net e eu já faço parte da estatistica!!!Prometo cá voltar brevemente para lêr todos os teus textos!Um abraço e visita-me!