(A Daisy Maison)
Olha, Daisy, quando eu morrer tu hás-de
Dizer aos meus amigos aí de Londres,
Que, embora tu não o sintas, tu escondes
A grande dor da minha morte. Irás de
Londres para York, onde nasceste (dizes -
Que eu nada que ti digas acredito...)
Contar àquele pobre rapazito
Que me deu tantas horas tão felizes
(Embora não o saibas) que morri.
Mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
Nada se importará. Depois vai dar
A notícia a essa estranha Cecily
Que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!...
(A bordo do navio em que embarcou para o Oriente; quatro meses antes do Opiário, portanto)
Fernando Pessoa Poesia de Álvaro de Campos