Tuesday, June 19, 2007

ofícios em retrospectiva

vejo que nada sinto, vazio
que minhas pobres mãos
tão vazias, abandonadas
rezam para terem vida
viajam pelo couro solar
de um cavalo feito eu
pesquisa de coisa nenhuma
cavalo de bronze em brasa
um solstício em declínio
uma morada ausente das cartas
e ainda assim tenho mãos
sejam elas cortadas de mim
mais que tudo quero vida
em esta morte desesperante
que profundo seca corações
faça-se em mim esse solo
essa luz que brilha no alto
e ilumine o meu caminho
oculto em copos de brandi
mãos que tão mortas viajas
pelas brumas de um ser
que habitas a calma de viver
sem que vida saibas ter
abres a janela e regas o vaso
tomas banho e secas o corpo
mãos que não sabem fazer trabalho
trabalho que de homens sendo
de homens não sabe fazer-se
e escolhem esconder-se
mãos que não sabem falar
como a língua sabe dar
escondem as palavras que esquece
essa boca tão veloz, fugidia
entrega-se ao calor ao frio
e nem nisso tem valor
minhas mãos não valem nada
mais valia que mas cortassem

não escreveria eu isto...

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