Wednesday, January 10, 2007

O louco

Vivo num mundo cruel sem que a ele me consiga adaptar completamente. Sou um estranho que habita neste mundo esperando que as pessoas me consigam olhar e consigam ver. Sempre o mesmo; parece que tenhgo sobre mim uma máscara que impede todos de me verem, de me escutarem, de me compreenderem.

Nesta imagem que faço de mim espanto-me. Olho para mim como um príncepe olha para o espelho ansiando o dia em que será feito rei. Vislumbro um espelho de enganos dessa terra que prometo e garanto a mim mesmo que existe; sei lá se existe... nem mesmo às vezes me conheço o suficiente para saber se é verdadeira se mentira esta energia que sinto eclodir dentro de mim.

Por vezes sinto nas minhas mãos toda a materialização da ira que tenho acumulado neste mundo sem que dela me consiga libertar, sem que dela abra mão para esse mundo que não conheço nem sei se existe.
Todos os dias brinco com as minhas mãos colocando nelas um poder imaginado capaz de mover paredes, de erguer bolas de forgo e de concentrar toda a energia que flui na alma desse alguém.

Sou um auto-engano, um reflexo irreal de mim mesmo que não consegue vislubrar a distinção entre o real e o imaginário. o poder de uma borboleta que segue sem rumo no mais ofuscante dos meios.

Ele tem garras que me arranham por dentro e me prendem a um estado de ilusão que por vezes rui como um baralho de cartas; por vezes surge como uma súbita onda que me cerca para encontrar em mim alguma coisa de bom no que me rodeia. Eu sou essa eterna criança que teima em crescer; que vê o mundo e espera mais dele do que o mundo lhe pode dar; que anseia por castelos feitos de papel e de nuvens... Que encontra nos seus inimigos seres que consegue derrotar pelo poder da sua vontade, que lhes consegue rotular com uma praga de mau destino, de infelicidades...

Eu sou um monstro encarcerado nessas grades que construo com alegria e boa disposição; eu sou essa besta medonha feita carniceira que anseia sugar de todo o mundo todo o tutano da sua beleza para o concentrar em si mesmo. Sim, sou essas garras, essas lágrimas, esses arranhoes que me destroem...
Eu sou essa pilha de energias que não consegue mais conter mas que vai inchando até à sua destruição total e de todos os que a rodeiam. Não sou feliz sozinho; não consigo ser feliz... Até para morrer tenho de me autodestruir levando comigo almas para serem vítimas dos demónios que me deveriam açoitar...

Não sei...
Parece que no fim de tudo não sou nem esse lado bom nem esse lado mau...
Sou uma ilusão de algo grande...
Sou mais um... apenas isso...
Consolo.

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